09/06/2025, 21h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Segunda parte da saga de João de Deus, a personagem criada por César Monteiro em RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, agora gerente do “Paraíso do Gelado” e inventor da especialidade da casa, o gelado “Paraíso”. RECORDAÇÕES terminava no esgoto, A COMÉDIA DE DEUS começa pelas estrelas. Como o anterior, A COMÉDIA é um filme corrosivo e sacral, entre galáxias e uma coleção de pêlos púbicos femininos guardados num álbum chamado “Livro dos pensamentos”. É, claramente, uma paródia de A DIVINA COMÉDIA, de Manoel de Oliveira, mas extravasa em muito essa dimensão. Além disso, César Monteiro congrega uma série de textos deliciosamente viciosos de Sade, Bataille e… Luís Vaz de Camões. Aliás, o soneto camoniano que o realizador evoca (“Um mover de olhos, brando e piedoso”) já havia sido citado em QUEM ESPERA POR SAPATOS DE DEFUNTO MORRE DESCALÇO. Poema esse que Torcato Sepúlveda chamou, a propósito do filme de César Monteiro, “o mais perverso soneto de Camões”.
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