20/03/2025, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema (I)
La Folie Almayer
de Vittorio Cottafavi
com Giorgio Albertazzi, Rosemary Dexter, Paul Barge
França, Itália, RFA, 1972 - 89 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Primeira adaptação do primeiro romance de Conrad, Almayer’s Folly, que tinha sido também a primeira das suas “histórias malaias” e aquela em que surgira (ainda não em lugar central) o personagem Tom Lingard (V. acima notas sobre OUTCAST OF THE ISLANDS e THE RESCUE). No centro está Kaspar Almayer, comerciante holandês estabelecido na ilha de Borneo na Indonesia colonial, com a sua obsessiva ambição de riqueza, que supostamente lhe permitirá libertar-se um dia daquele mesmo contexto, mas que, no fim, o conduzirá tão somente ao colapso e ao isolamento. Não se trata porém de uma adaptação para cinema, mas sim da primeira de várias adaptações para televisão levadas a cabo por realizadores de cinema que optámos por incluir neste ciclo. E não é um exemplo qualquer: com ele abordamos um dos nomes mais originais do cinema europeu, que, sobretudo a partir de meados da década de 60 e até 1979 (em boa parte na mesma altura em que o fez Rossellini), utilizou com inteligência e subtileza o meio televisivo. Inextricavelmente clássico e moderno, ao mesmo tempo profundo e simples, Cottafavi (ao qual voltaremos na segunda parte do ciclo) veio trazer nova contribuição ao debate sobre os dilemas da adaptação conradiana. “É o seu lado brechtiano que permite a melhor adaptação/distanciação/leitura do texto conradiano” (Federico Rossin). Primeira apresentação na Cinemateca.


A sessão repete no dia 24 às 16h30, na sala M. Félix Ribeiro.

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20/03/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Nos 35 Anos da Apav
Capturing The Friedmans
Os Friedmans
de Andrew Jarecki
Estados Unidos, 2003 - 107 min
legendado em português | M/12
Nomeado para o Oscar de Melhor Documentário, eis um exemplo perfeito para ilustrar a ideia de que não é preciso inventar histórias para se superar a própria ficção: enquanto procurava material para contar a história de pessoas que se mascaravam de palhaços para entreterem crianças em festas de anos ou transeuntes nas ruas, Andrew Jarecki tomou conhecimento do caso dos Friedman, uma família judia de classe média a braços com a justiça por alegado envolvimento numa série de crimes horríveis. A maior descoberta de Jarecki estava noutro lugar: no facto de os Friedman serem obcecados por home movies, tendo produzido um registo completíssimo da sua vida, montando uma espécie de fachada em vídeo onde os sinais da terrível mácula são (quase) invisíveis. Primeira apresentação na Cinemateca.

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20/03/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema (I)
La Ligne D`Ombre
de Georges Franju
França, 1973 - 86 min
legendado eletronicamente em português | M/12
De novo uma produção televisiva dirigida por um trânsfuga do grande ecrã, e de novo um cineasta de profunda originalidade, que, neste caso, sempre estivera associado a um realismo fantástico, atraído pelo surrealismo, e cujos filmes eram eles próprios “assombramentos”. Feita três anos antes do filme de Wajda que optámos por mostrar na abertura do ciclo, esta outra adaptação de The Shadow Line de Conrad por Georges Franju não pode suscitar outro sentimento que não seja uma imensa curiosidade. Na origem, a história de um navio amaldiçoado e de um homem isolado perante os seus fantasmasuma história obrigatoriamentede atmosfera”, concentrada no esvaziamento da ação e na exacerbação de uma tensão interior. Sobre isso, um autor para quem a “história” de um filme era muito menos importante do que a sua dimensão visual, e que tinha já ido muito longe na revelação do horror ou da estranheza no mundo “normal” que habitamos. Primeira exibição na Cinemateca. A exibir em cópia digital.


A sessão repete no dia 31 às 21h30, na sala M. Félix Ribeiro.

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20/03/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
O Mundo Secreto de Serguei Paradjanov

Com a colaboração da Cinema Foundation of Armenia, da Associação de Amizade Portugal-Arménia e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Andriech | Dumka
ANDRIECH
de Serguei Paradjanov, Iakov Bazelian
com Kostia Russu, Nodar Chachik-Ogli, Liudmila Sokolova
URSS (Ucrânia), 1954 – 62 min

DUMKA
de Serguei Paradjanov
URSS (Ucrânia), 1957 – 25 min

duração total da projeção: 87 min | legendados eletronicamente em português | M/12

ANDRIECH, a primeira longa-metragem de Paradjanov, foi realizada na Ucrânia, para onde Paradjanov foi trabalhar depois de concluir os estudos de cinema no VGIK, a conhecida escola russa. Produzida pelo Estúdio Dovjenko, retoma o tema do seu filme de final de curso (“UM CONTO MOLDAVO”), hoje dado como perdido. Rodeado pelo seu rebanho, Andriech, um jovem pastor, conhece Vainovan, o santo padroeiro dos pastores. Este dá-lhe uma flauta mágica, cujo som traz prazer e alegria a todos aqueles que o ouvem, mas que desperta a ira de um feiticeiro maligno. Uma história que revela o gosto do cineasta pela magia e por um “surrealismo folclórico”. Em DUMKA, o seu primeiro documentário, Paradjanov filma o conhecido coro ucraniano, famoso pelo seu canto a cappella. Não obstante as suas limitações, revelou-se uma oportunidade para uma descoberta da paisagem e das tradições ucranianas, através das cenas que ilustram as diferentes canções. Primeiras apresentações na Cinemateca. A exibir em cópias digitais.

A sessão repete no dia 22 às 19h00, na sala M. Félix Ribeiro.

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