CICLO
O FILMar com o Dia Mais Curto


A Cinemateca volta a associar-se à organização do dia que internacionalmente celebra o formato da curta-metragem. Pelo nono ano consecutivo, numa colaboração com a Agência da Curta Metragem, no dia mais curto do ano, o do Solstício de inverno, a Cinemateca apresenta uma sessão especial este ano associada ao programa FILMar para celebrar o formato, numa original iniciativa que nasceu em 2011, em França, e que ocorre em simultâneo em dezenas de países em todo o mundo.
Uma das missões do FILMar é a de articular, dentro da história do cinema português, relações que permitam pensar de que modo o mar se constituiu como elemento narrativo, não apenas no plano do espaço físico, mas também na sua análise social. E isso é algo que se estende, ainda, aos formatos e meios através dos quais os realizadores optaram por interpretar uma matéria reveladora, também ela, de dimensões históricas de relevo, tanto de um ponto de vista plástico, como narrativo.
A seleção feita para o programa "O Dia Mais Curto", compreende essas diferentes componentes, não apenas nos diferentes géneros – ficção, documentário, filme institucional, animação –, mas também porque entende o cinema como lugar de problematização dos filmes, do seu lugar e das suas reinscrições. Na releitura da história do cinema português a que o projeto FILMar se permite, dados os objetivos de preservação e divulgação do património fílmico relacionado com o mar – e dentro deles um enfoque muito especial para o formato curta--metragem –, é de registar a diversidade de propostas que, ao longo das décadas, permitem construir uma linha estruturante que acompanha o início de percursos, as encomendas institucionais, os filmes de promoção turística, de investigação científica e, dadas as circunstâncias políticas do país, de propaganda oficial, a experimentação estilística e ensaística, a liberdade da animação, e a confluência de temáticas distintas na ficção.
Se, na sua brevidade, levantam questões que, com o tempo, suscitam importantes releituras do papel que estes filmes podem ter na compreensão de um contexto, de um género ou de um discurso, é também verdade que o formato se presta a uma observação inquiridora, especulativa, por vezes denunciadora, ainda que narrativamente possa ser elíptica. Assim, o trabalho que iniciamos com o programa "O Dia Mais Curto" tem como objetivo a promoção de um diálogo entre o cinema e o mar no formato curta-metragem, criando oportunidades de diálogo que, na forma, na temática, no género e na singularidade, melhor traduzam o modo como podem as narrativas ficcionais ou documentais ler um tempo e um universo coincidentemente comum.
Esta sessão decorre no âmbito do projeto FILMar, projeto operacionalizado pela Cinemateca, no âmbito do programa EEAGrants 2014-2021.
 
 
21/12/2021, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo O FILMar com o Dia Mais Curto

Programa de curtas-metragens
duração total da projeção: 76 min | M12
 
21/12/2021, 19h30 | Sala Luís de Pina
O FILMar com o Dia Mais Curto
Programa de curtas-metragens
duração total da projeção: 76 min | M12
com a presença de Abi Feijó e Natália Azevedo Andrade
A SEA CAVE NEAR LISBON
A Boca do Inferno em Cascais
de Harry Short
Portugal, Reino Unido, 1896 - 1 min / mudo 

FADO LUSITANO
de Abi Feijó
Portugal, 1995 - 6 min

TRÁFEGO E ESTIVA
de Manuel Guimarães
Portugal, 1968 – 17 min

 ... E ERA O MAR
de José Fonseca e Costa
Portugal, 1966 - 12 min

NÁUFRAGOS
de Pedro Neves
Portugal, 2018 – 17 min

SUPERFÍCIE
de Rui Xavier
Portugal, 2007 - 13 min

LASCAS
de Natália Azevedo Andrade
Portugal, 2020 - 10 min

Juntamos nesta sessão um conjunto de títulos que, na riqueza da sua diversidade, criam pontes relevantes para compreender de que modo o mar pode ser matéria de inspiração, inclusive para a interpretação das consequências de um destino nacional. Desde logo, as primeiras imagens em movimento que existem em Portugal, são-no do mar, na Boca do Inferno, captadas no ano em que o cinema chegava a Portugal. Iniciamos viagem admitindo que as paragens são muitas, contemplando o mar como lugar de trabalho, de morte, de luxo, de escape, de sobrevivência e de imaginação. Os filmes reunidos apontam, ainda, para leituras que antecipam questões que hoje são prementes, como a sustentabilidade dos oceanos, as condições laborais, os fluxos migratórios ou a identidade histórica nacional. Os filmes são, ainda, exemplares no modo como respondem a diferentes encomendas, tratando de fixar, pelos discursos, pelos rostos, ou pela relação do mar com o espaço (geográfico, territorial, arquitetónico e emocional), modos narrativos de interpelar a memória, a história e a condição do homem perante o poder da natureza. ...E ERA O MAR e TRÁFEGO E ESTIVA são exibidos em cópias digitais (esta última uma nova digitalização feita no âmbito do projeto FILMar). NÁUFRAGOS e LASCAS são primeiras apresentações na Cinemateca.

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