22/10/2021, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Ulrike Ottinger e Cecilia Mangini
Johanna d’Arc of Mongolia
de Ulrike Ottinger
com Badema, Lydia Billiet, Christoph Eichorn
RFA, 1989 - 166 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Ulrike Ottinger

com a presença de Ulrike Ottinger
Um grupo de europeus a viajar no transiberiano é feito prisioneiro por uma tribo mongol. A antropóloga Lady Windermere (Delphine Seyrig no seu último papel) tenta explicar o que se passa aos seus companheiros, mas sem grande sucesso. O filme é fundamental na filmografia de Ottinger: começa como uma ficção espetacular, mas transforma-se em documentário tal como a sua obra como um todo. O filme divide a sua filmografia em duas partes ao ligar os dois universos – não-ficção etnográfica e teatro exagerado – e desafia o eurocentrismo arrogante.

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22/10/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Ulrike Ottinger e Cecilia Mangini
Curtas-metragens de Gian Franco Mingozzi, Lino del Fra e Cecilia Mangini
duração total da projeção: 71 min | M/12
legendados em inglês e eletronicamente em português
Cecilia Mangini

sessão com apresentação
LA TARANTA
de Gian Franco Mingozzi
Itália, 1961, 19 min

L’INCEPPATA
de Lino del Fra
Itália, 1960 – 10 min

LA PASSIONE DEL GRANO
de Lino del Fra, Cecilia Mangini
Itália, 1963 – 10 min

STENDALÌ (SUONANO ANCORA)
Itália, 1965 – 11 min

MARIA E I GIORNI
Itália, 1959 – 10 min

DIVINO AMORE
de Cecilia Mangini
Itália, 1964 – 11 min

Cecilia Mangini, Gianfranco Mingozzi e Lino del Fra fizeram parte da então nova geração do neo-realismo italiano. Entre os anos 1950 e 1960, inspirados pelas pesquisas do antropólogo Ernesto de Martino, os três criam uma série de investigações sobre as práticas tradicionais e rituais, tanto religiosos como pagãos, do interior de Itália. O género do documentário etnográfico é desafiado, explorando as suas fronteiras estéticas e políticas. LA TARANTA observa o mito pagão do Sul de Itália em que aqueles mordidos por uma aranha sofrem estranhos distúrbios físicos e mentais e são submetidos ao seu exorcismo pela igreja católica. Em L’INCEPPATA, Lino del Fra constrói uma reflexão sobre como o peso das tradições exerce um controlo social nas relações de amor e familiares a partir do costume antigo de uma aldeia da Calábria em que as jovens mulheres devem esperar secretamente que um tronco seja arrastado até à porta de sua casa, numa declaração simbólica de amor. Filmado na região de Lucani, na altura da colheita, LA PASSIONE DEL GRANO mostra como um antigo ritual  é ainda celebrado. Este documentário etnográfico esconde uma subtil condenação política das condições de trabalho dos agricultores e da sua pobreza no subdesenvolvido interior do Sul de Itália. MARIA E I GIORNI faz o retrato de uma mulher que vive numa quinta em Puglia. De carácter forte e impetuoso, ela não tem medo da morte e cultiva um laço profundo com a sua terra. Recusando utilizar as ferramentas tradicionais do cinema etnográfico, como a captação direta de som e a narração, Mangini delega em DIVINO AMORE à música de vanguarda de Egisto Macchi a contextualização do culto à imagem da Madonna preservada num santuário nos arredores de Roma: culto nascido nos tempos modernos no final da Segunda Guerra Mundial, incorporando liturgias arcaicas, agora alienadas.

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22/10/2021, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Ulrike Ottinger e Cecilia Mangini
Curtas-metragens de Lino del Fra e Cecilia Mangini
duração total da projeção: 86 min | M/12
legendados em inglês e eletronicamente em português
Cecilia Mangini
LA SCELTA
Itália, 1967 - 13 min

V&V
de Lino del Fra
Itália, 1969 - 15 min

ESSERE DONNE
Itália, 1965 - 31 min

BRINDISI’65
Itália, 1967 - 16 min

TOMMASO
Itália, 1965 - 11 min
de Cecilia Mangini

Na década de 1960, a Itália sofreu uma profunda convulsão: económica, política e social. Uma sociedade maioritariamente agrária transformou-se com a industrialização em massa da produção e do consumo. Uma crise económica provocou uma consciencialização política dos trabalhadores. As estruturas familiares e os papéis de género começam a ser questionados. Mangini e Del Fra exploram as influências entre estas movimentações, as públicas e as íntimas. LA SCELTA é um filme delicado sobre a eutanásia: um jovem homem enfrenta a fase terminal da doença do seu pai e decide ajudá-lo a deixar de sofrer. Contudo, o pai está ainda ligado aos valores morais da sua geração e tem dificuldades em tomar uma decisão. Vítima da censura na altura do seu lançamento, ESSERE DONNE é um importante marco na filmografia de Mangini como o seu gesto mais radical no retrato da luta das mulheres operárias italianas. Uma forte e sincera investigação que antecipa o movimento feminista. Em V&V, um casal de jovens militantes apaixonados tenta vincular os seus ideais de luta ao quotidiano em conjunto. Uma reflexão sobre a tentativa de combinar amor, intimidade e revolução. BRINDISI acompanha os efeitos da construção da maior fábrica petroquímica da Itália naquela pequena cidade de tradição camponesa. Essa “catedral no deserto”, como Mangini a chamava, engole os seus trabalhadores numa teia de exploração. Os baixos salários e as más condições de trabalho não desencorajam aqueles desesperados por um emprego. TOMMASO  aborda a chegada da produção industrial em grande escala em Brindisi através dos olhos de um rapaz que sonha em tornar-se trabalhador da recém-inaugurada petroquímica Monteshell.

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