22/10/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
LA TARANTA
de Gian Franco Mingozzi
Itália, 1961, 19 min
L’INCEPPATA
de Lino del Fra
Itália, 1960 – 10 min
LA PASSIONE DEL GRANO
de Lino del Fra, Cecilia Mangini
Itália, 1963 – 10 min
STENDALÌ (SUONANO ANCORA)
Itália, 1965 – 11 min
MARIA E I GIORNI
Itália, 1959 – 10 min
DIVINO AMORE
de Cecilia Mangini
Itália, 1964 – 11 min
Cecilia Mangini, Gianfranco Mingozzi e Lino del Fra fizeram parte da então nova geração do neo-realismo italiano. Entre os anos 1950 e 1960, inspirados pelas pesquisas do antropólogo Ernesto de Martino, os três criam uma série de investigações sobre as práticas tradicionais e rituais, tanto religiosos como pagãos, do interior de Itália. O género do documentário etnográfico é desafiado, explorando as suas fronteiras estéticas e políticas. LA TARANTA observa o mito pagão do Sul de Itália em que aqueles mordidos por uma aranha sofrem estranhos distúrbios físicos e mentais e são submetidos ao seu exorcismo pela igreja católica. Em L’INCEPPATA, Lino del Fra constrói uma reflexão sobre como o peso das tradições exerce um controlo social nas relações de amor e familiares a partir do costume antigo de uma aldeia da Calábria em que as jovens mulheres devem esperar secretamente que um tronco seja arrastado até à porta de sua casa, numa declaração simbólica de amor. Filmado na região de Lucani, na altura da colheita, LA PASSIONE DEL GRANO mostra como um antigo ritual é ainda celebrado. Este documentário etnográfico esconde uma subtil condenação política das condições de trabalho dos agricultores e da sua pobreza no subdesenvolvido interior do Sul de Itália. MARIA E I GIORNI faz o retrato de uma mulher que vive numa quinta em Puglia. De carácter forte e impetuoso, ela não tem medo da morte e cultiva um laço profundo com a sua terra. Recusando utilizar as ferramentas tradicionais do cinema etnográfico, como a captação direta de som e a narração, Mangini delega em DIVINO AMORE à música de vanguarda de Egisto Macchi a contextualização do culto à imagem da Madonna preservada num santuário nos arredores de Roma: culto nascido nos tempos modernos no final da Segunda Guerra Mundial, incorporando liturgias arcaicas, agora alienadas.
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