16/07/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
Bulle Ogier, Atriz Oceânica
La Rupture
de Raymonde Carrasco
com Bulle Ogier, Pascal Gréggory, Hammou Gaïa
França, 1989 - 85 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Raymonde Carrasco (1939-2009) é a autora de uma obra breve, que permanece relativamente confidencial e ilustra sobretudo o documentário etnográfico, com um ciclo de filmes dedicado aos índios Tarahumaras, no México. Realizou quatro ficções, das quais LA RUPTURE é a mais conhecida. A ação situa-se em Paris, onde uma antropóloga sai à procura da sua irmã mais nova, uma atriz de teatro que teve um breakdown durante um ensaio e desapareceu. O filme tem analogias com o cinema de Jacques Rivette, com um inquérito quase policial, que se desdobra na busca de uma identidade pessoal. O crítico Pierre Rodrigo viu em LA RUPTURE uma “surpreendente alquimia, com a passagem do corpo ao escrito, da carne ao signo”, destacando ainda “a sutileza da interpretação de Bulle Ogier, que encarna a sua personagem com a suave inflexibilidade que a caracteriza. Raymonde Carrasco filmou-a magnificamente, entre passado e presente, fantasias e realidade”. Uma obra rara a descobrir, em primeira apresentação na Cinemateca.
17/07/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Bulle Ogier, Atriz Oceânica
Paulina S'En Va
de André Téchiné
com Bulle Ogier, Michèle Moretti, Yves Beneyton
França, 1968 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O filme de estreia de Téchiné, originalmente concebido como uma curta-metragem, que depois foi transformado numa longa, é o seu filme menos visto e – assim como o seu filme seguinte, SOUVENIRS D’EN FRANCE – totalmente diferente daqueles que o consagrariam a partir de fins dos anos 70. Foi apresentado no Festival de Veneza em 1969, mas só teve distribuição comercial em 1975, num cinema de arte em Paris. PAULINA S’EN VA não tem trama narrativa tradicional, articula-se à volta de pressupostos literários e psicanalíticos (a protagonista tem algo de esquizofrénica). “Levado pelas correntes incertas do pós-68, a inspiração do filme é lírica e livre, de um lirismo essencialmente formal” (Nicolas Brehal). Este filme, bastante raro, foi apresentado uma única vez na Cinemateca, em 2010, por ocasião de uma retrospetiva da obra de André Téchiné.
18/07/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
Bulle Ogier, Atriz Oceânica
La Paloma
de Daniel Schmid
com Bulle Ogier, Ingrid Caven, Peter Kern, Peter Chatel
Suíça, França, , 1974 - 110 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Daniel Schmid tem muitas afinidades com o cinema de Werner Schroeter, o que se reflete nitidamente nos seus dois primeiros filmes, ESTA NOITE OU NUNCA e sobretudo LA PALOMA, cuja trama narrativa transpõe a de
A Dama das Camélias e congrega elementos diversos: o melodrama, o cabaret, o musical. O resultado é de uma extravagância formal que o realizador nunca mais atingiria. O filme reúne diversos temas romanescos e melodramáticos (o jogo, o
cabaré, a doença mortal, a
prima donna, o amor louco e sem reciprocidade), com uma colagem de elementos musicais que vai de Korngold a Oum Kalsoum, passando por Offenbach e por diversas canções dos anos 30. Bulle Ogier tem a presença de uma
guest star, no papel de uma condessa.
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19/07/2025, 17h00 | Sala Luís de Pina
Bulle Ogier, Atriz Oceânica
Terre Étrangère/Das Weite Land
de Luc Bondy
com Bulle Ogier, Michel Piccoli, Wolfgang Hubsch
França, Áustria, Alemanha, 1987 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Luc Bondy fez-se conhecer sobretudo como encenador de teatro, realizando uma carreira de prestígio na Alemanha a partir dos anos 70, que se prolongou em França cerca de trinta anos mais tarde. Também compartilhou durante algum tempo a vida de Bulle Ogier. Dos quatro filmes que realizou, TERRE ÉTRANGÈRE é o mais conhecido. Trata-se da transcrição para o cinema da montagem de Das weite Land (literalmente o vasto país) de Arthur Schnitzler por Bondy, com os mesmos atores, franceses e austríacos. A ação tem lugar numa mansão dos arredores de Viena, depois do suicídio de um pianista jovem e promissor. “Animado com flexibilidade e sobriedade, com intérpretes cintilantes e sublimes, especialmente Bulle Ogier, que arde e irradia, TERRE ÉTRANGÈRE é um objeto admiravelmente «apátrido»: não é realmente um filme, nem uma peça, nem realmente francês, nem verdadeiramente vienense e atinge, pela margem, os sentimentos vagos, as incertezas emocionais, que Schnitzler descreve”, observou à época o crítico da Positif. Primeira apresentação na Cinemateca.
26/07/2025, 16h00 | Sala Luís de Pina
Bulle Ogier, Atriz Oceânica
Out One/Spectre
de Jacques Rivette
com Bulle Ogier, Jean-Pierre Léaud, Juliet Berto, Bernadette Laffont
França, 1970 - 262 min
legendado eletronicamente em português | M/12
OUT ONE foi a aventura mais radical de todo o percurso de Jacques Rivette. Foi feito em duas versões, uma, dividida em episódios, num total de cerca de doze horas, intitulada OUT ONE/NOLI ME TANGERE, que depois de uma única projeção pública, só foi apresentada mais de quinze anos depois; e esta versão “curta”, que é o espectro da versão longa. Jamais Rivette levou tão longe o seu princípio de desenrolar uma narrativa a partir de nada: os complicados meandros percorridos pelos personagens são um pretexto para a existência do objeto cinematográfico, não há elos de causalidade. Por outro lado, nunca os dois temas centrais do seu cinema, o teatro e o complot, estiveram tão intimamente ligados. Há, por um lado, uma companhia de teatro experimental e a dona de uma loja chamada A Esquina do Acaso (Bulle Ogier), por outro lado dois indivíduos exteriores a este grupo que lançam efabulações, que os outros perseguem como se fossem elementos reais. Rivette revelou numa entrevista que “gostaria que o filme funcionasse como um sonho mau, sobrecarregado de incidências e lapsos, um daqueles sonhos que parecem tanto mais «intermináveis» que temos noção durante o seu desenrolar que se trata de um sonho e do qual pensamos sair para nele voltar a cair”.