CICLO
Chantal Akerman, Travelling


Em maio dedicamos seis sessões a Chantal Akerman (1950-2015), cujos filmes têm marcado presença muito assídua na Cinemateca, desta vez numa associação com a exposição Chantal Akerman. Travelling, patente no MAC/CCB de 17 de abril a 7 de setembro, e em colaboração com a Cinémathèque Royale de Belgique (CINEMATEK) e a Fondation Chantal Akerman. Autora de uma obra multifacetada, que desenvolveu entre o final dos anos sessenta e 2015, Akerman sempre transpôs as fronteiras entre a observação documental do mundo e a ficção, entre a escrita e as suas restantes práticas artísticas, entre o cinema e a instalação, como percebemos pelos seus filmes, mas também por esta exposição, que enfatiza o seu lugar pioneiro no cinema e na arte contemporânea. Concebida pelo Centre for Fine Arts, Brussels (Bozar), onde conheceu uma primeira apresentação, pela Fundação Akerman e pela CINEMATEK, com curadoria de Laurence Rassel, e produzida pelo MAC/CCB, a exposição reúne instalações, documentação, arquivos, escritos, e outras obras de Akerman, que dialogam com o seu trabalho fílmico. Esta é a mais expressiva exposição Akerman em Lisboa, sendo que em 2012 se apresentaram várias das suas instalações durante o Doclisboa, data em que a Cinemateca e o Festival realizaram uma retrospetiva integral da obra de Akerman, e em que foram mostrados na Cinemateca todos os seus filmes e uma instalação, com a presença muito especial da realizadora.
Este Ciclo de seis filmes enceta assim uma viagem ao seu cinema propriamente dito, de LA CAPTIVE (2000), longa-metragem inspirada muito livremente em Marcel Proust, aos mais “raros” GOLDEN EIGHTIES (1986) e TOUTE UNE NUIT (1986), passando por alguns dos seus mais importantes títulos dos anos setenta: NEWS FROM HOME, HOTEL MONTEREY e JEANNE DIELMAN. Filmes que, como escrevíamos a propósito dessa grande retrospetiva, prolongam questões levantadas logo na sua  “explosiva” primeira curta-metragem, SAUTE MA VILLE (1968), que tem um papel de destaque na exposição: a experimentação com as formas narrativas e a porosidade dos géneros; a importância das vivências pessoais para um cinema imbuído de uma profunda dimensão autobiográfica; um burlesco devedor do “mudo”; um olhar crítico sobre a representação feminina; e uma certa virulência que, aliada ao cómico, será portadora de uma verdadeira singularidade. O programa conta com o apoio da CINEMATEK e da Fondation Chantal Akerman, responsáveis pelo trabalho de restauro fílmico e de divulgação da obra da cineasta, cujos resultados agora apresentamos em novas cópias digitais. Directora de fotografia de LA CAPTIVE, Sabine Lancelin virá à Cinemateca falar do seu trabalho, bem como do restauro dos filmes, em que colaborou. Esta primeira sessão do programa será complementada por uma conversa sobre Chantal Akerman em que participarão Sabine Lancelin e Paulo Branco, produtor de LA CAPTIVE.
 
 
24/05/2025, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Chantal Akerman, Travelling

La Captive
A Cativa
de Chantal Akerman
França, Bélgica, 2000 - 107 min
 
24/05/2025, 19h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Chantal Akerman, Travelling

Conversa Sobre O Cinema De Chantal Akerman
26/05/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Chantal Akerman, Travelling

Golden Eighties ( La Galerie)
de Chantal Akerman
França, Bélgica, Suíça, 1986 - 96 min
27/05/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Chantal Akerman, Travelling

Jeanne Dielman, 23, Quai Du Commerce, 1080 Bruxelles
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 1976 - 200 min
28/05/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Chantal Akerman, Travelling

Toute Une Nuit
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 1982 - 90 min
24/05/2025, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Chantal Akerman, Travelling

em colaboração com o MAC/CCB
La Captive
A Cativa
de Chantal Akerman
com Stanislas Merhar, Sylvie Testud, Aurore Clément
França, Bélgica, 2000 - 107 min
legendado em português | M/12
sessão com apresentação e seguida de conversa com Sabine Lancelin e Paulo Branco
LA CAPTIVE adapta “A Prisioneira” de Proust (Em Busca do Tempo Perdido), com argumento da realizadora e de Eric de Kuyper, e ação transposta para a atualidade. As qualidades “fantasmáticas” da narrativa de Proust são salientadas pela sua articulação com um universo com o seu quê de hitchcockiano (o mundo de VERTIGO paira por aqui), num filme que está nos antípodas da adaptação literária, resultando antes de uma “relação de intimidade”. A exibir em cópia digital, restaurada com a supervisão de Sabine Lancelin, que assina a admirável fotografia do filme.
24/05/2025, 19h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Chantal Akerman, Travelling

em colaboração com o MAC/CCB
Conversa Sobre O Cinema De Chantal Akerman
A sessão de abertura do programa em que se exibe
LA CAPTIVE (sábado, dia 24 às 17h30) será seguida de uma conversa sobre a obra de Chantal Akerman, que contará com a participação de Sabine Lancelin e Paulo Branco (diretora de fotografia e produtor do filme). A conversa partirá de LA CAPTIVE para abordar a multiplicidade que atravessa a obra de Chantal Akerman e o trabalho que tem sido levado a cabo nos últimos anos para a sua preservação e divulgação. Conversa em português, francês e inglês, sem tradução simultânea.
Entrada livre mediante levantamento de ingresso
na bilheteira, no próprio dia.
26/05/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Chantal Akerman, Travelling

em colaboração com o MAC/CCB
Golden Eighties ( La Galerie)
de Chantal Akerman
com Myriam Boyer, John Berry, Delphine Seyrig, Nicolas Trone, Lio, Pascale Salkin
França, Bélgica, Suíça, 1986 - 96 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão apresentada por Sabine Lancelin
Pensado como “uma comédia sobre o amor e o comércio. Burlesca, terna, frenética” (Akerman), GOLDEN EIGHTIES situa-se num universo cruzado por personagens que vivem em função do sentimento amoroso, sonhado, dito, cantado ou dançado. Como escreveu Laura Mulvey, “GOLDEN EIGHTIES é uma comédia musical rebelde. Adoro o modo como Chantal Akerman entrelaça a sua estética vanguardista de repetição e padrão formal no interior da serialidade do refrão musical, dos motivos repetidos da canção e da dança, o todo enquadrado pelas qualidades mais gerais da mise-en-scène.” A exibir em versão restaurada, em cópia digital
27/05/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Chantal Akerman, Travelling

em colaboração com o MAC/CCB
Jeanne Dielman, 23, Quai Du Commerce, 1080 Bruxelles
de Chantal Akerman
com Delphine Seyrig, Henri Storck, Jan Decorte
Bélgica, França, 1976 - 200 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O filme mais decisivo na consagração de Chantal Akerman. JEANNE DIELMAN, 23… é uma observação sistematizada, quase “maníaca”, do dia a dia rotineiro de uma mulher de Bruxelas (Delphine Seyrig), com a prostituição a aparecer como um espectro de coloração realista. A dureza formal do filme de Akerman revela-se na sua obsessiva calendarização do tempo e das rotinas. Apresentado pela primeira vez na Quinzena dos Realizadores em Cannes, há 50 anos, volta por estes dias de maio a ser aí mostrado, já como uma obra consagrada. A exibir em versão restaurada, em cópia digital
28/05/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Chantal Akerman, Travelling

em colaboração com o MAC/CCB
Toute Une Nuit
de Chantal Akerman
com Aurore Clément, Samy Szlingerbaum, Natalia Akerman, Simon Zalewski
Bélgica, França, 1982 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
TOUTE UNE NUIT segue um conjunto de indivíduos e de casais no desenrolar dos seus encontros e desencontros no calor de uma sufocante noite de verão pelas ruas, bares e quartos da cidade de Bruxelas. Como numa dança, os corpos aproximam-se e afastam-se numa verdadeira coreografia de gestos motivada pelo desejo. Através de uma narrativa ficcional fragmentada e de diálogos minimais, Akerman aborda assim alguns dos mais importantes aspetos das relações humanas: a paixão, o humor, a rejeição. Um filme pouco visto da cineasta. A exibir em cópia digital, num restauro acompanhado por Caroline Champetier, que assinou a imagem do filme.