CICLO
FILMar – Dia nacional do Mar


No decorrer das diferentes sessões FILMar, na Cinemateca ou nos mais de 20 lugares por onde o projeto se tem apresentado desde junho 2021, temos procurado relacionar a história do cinema com os territórios que foram filmados, ao longo das décadas, como memória visual, também, das comunidades. No dia em que se celebra o mar – assim instituído em 1994 pela Convenção das Nações Unidas pelo direito do mar, e que Portugal assinala desde 1997 – trazemos três digitalizações recentes que observam o país, as suas características mais intrínsecas, e o modo como estas participaram de um discurso oficial, carregado de simbologia propagandística, em alguns casos, noutros de revelação de um país bastante mais expansivo, colorido, expressivo e diverso do que o discurso oficial queria sublinhar. O FILMar, desenvolvido pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema no âmbito do Mecanismo Financeiro Europeu EEAGrants 2020-2024, tem como objetivos a digitalização de património fílmico relacionado com o mar, e a sua difusão em sessões atentas ao reconhecimento, pelos diferentes públicos, de uma memória coletiva, herdada ou vivida.
 
 
16/11/2023, 19h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo FILMar – Dia nacional do Mar

Portugal Desconhecido | Des Portugais | O Fado
duração total da projeção: 64 min | M/12
 
16/11/2023, 19h30 | Sala M. Félix Ribeiro
FILMar – Dia nacional do Mar
Portugal Desconhecido | Des Portugais | O Fado
duração total da projeção: 64 min | M/12
O FADO é apresentado com acompanhamento musical ao vivo por José Manuel Neto (guitarra portuguesa) e Nelson Aleixo (viola)
PORTUGAL DESCONHECIDO
de Manuel Faria de Almeida
Portugal, 1969 – 17 min

DES PORTUGAIS
de Jean Leduc
Portugal, França, 1970 - 20 min / legendado em português

O FADO
de Maurice Mariaud
Portugal, 1923 - 27 min / mudo, intertítulos em português

A abrir a sessão, dois filmes, ambos encomendas, mas com registos diferentes, onde o país se vê desenhado a partir de um desejo normativo, ordenado e narrativo. Contudo, o olhar de Manuel Faria de Almeida em PORTUGAL DESCONHECIDO, rasgado a partir de uma inusitada abertura em animação, é também uma caleidoscópica radiografia de um país vendido como postal turístico, a viver da aparência de uma primavera marcelista. DES PORTUGAIS é, do mesmo modo, um exercício de identificação do que é reconhecível, ou vendável, enquanto tipicamente português, assinado por um realizador ao serviço do regime que proibiu Faria de Almeida de se tornar o realizador que os seus primeiros filmes prometiam – e que, na Cinemateca Digital podemos compreender, através de diferentes títulos já disponíveis. Jean Leduc assina um filme que, pensado para a televisão francesa, tem o primor de mostrar Amália Rodrigues em ensaios, construindo uma banda-sonora que sublinha a alma portuguesa, tal como o Estado Novo a concebeu, de um falso cosmopolitismo e diversidade – atentemos na presença do Duo Ouro Negro – e numa história continuada, onde os monumentos históricos sublinham a predestinação à grandeza. A encerrar a sessão, um filme centenário, O FADO, com uma nova partitura encomendada pelo FILMar, e concebida pelo guitarrista José Manuel Neto, aqui acompanhado por Nelson Aleixo, onde o quadro de José Malhoa é usado por Maurice Mariaud para fixar a tragédia trazida pela canção que o regime iria impor como nacional. Um filme onde marinheiros e marialvas habitam vielas ocupadas por mulheres livres e donas de si, em encontros clandestinos onde o fado é dançado e as guitarras se ouvem até chegar o dia de partida. Apresentações em novas cópias digitais, com o apoio EEAGrants 2020-2024.

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