19/10/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Manhatta | H2O | A Bronx Morning | Oil: A Symphony in Motion | Footnote to Fact | Hands
Programa “Tornando-se uma câmara: experiências formais na e com a realidade do filme”
Sessão apresentada por Tom Hurwitz
MANHATTA
de Charles Sheeler, Paul Strand
Estados Unidos, 1921 – 9 min
H2O
de Ralph Steiner
Estados Unidos, 1929 – 13 min
A BRONX MORNING
de Jay Leyda
Estados Unidos, 1931 – 11 min
OIL: A SYMPHONY IN MOTION
de Artkino (M. G. MacPherson)
Estados Unidos, 1933 – 8 min
FOOTNOTE TO FACT
de Lewis Jacobs
Estados Unidos, 1933 – 8 min
HANDS
de Ralph Steiner, Willard Van Dyke
Estados Unidos, 1934 – 4 min
Pensar a realidade do seu tempo implicava saber pensar as formas, nos termos da própria linguagem cinematográfica. A “escola” das vanguardas representou isso, quer dizer, um campo de treino ideal, para os cineastas politicamente engajados do período do New Deal. MANHATTA é, cronologicamente, a primeira “sinfonia urbana” que se conhece. Baseado num poema de Walt Whitman e realizado por dois fotógrafos (um, Strand, também realizador, nome de capital importância no seio do movimento documental em questão, e outro, Sheeler, também pintor e tendo a cidade como musa), MANHATTA justapõe às palavras de Whitman imagens de forte carga poética. Foi filmado num registo amador, mas acabou por ser um êxito de bilheteira quando foi distribuído com o título NEW YORK THE MAGNIFICENT. Estudo sobre a água, logo, sobre a forma ou o informe, H2O é um “clássico” das vanguardas, exercício de Ralph Steiner realizado à maneira de um Man Ray e influenciando decisivamente o que viria a ser, por exemplo, PORTRAIT OF A YOUNG MAN IN THREE MOVEMENTS, cine-poema de Henwar Rodakiewicz. Da macro escala de Strand e Sheeler passamos para a escala mais humana e intimista de Jay Leyda, na sua ode ao Bronx, em A BRONX MORNING. Fazendo da observação uma arte do quotidiano, Leyda, futuro estudioso de Eisenstein, aproxima a experiência formalista do contacto com o mais humano, fazendo, com isso, também um retrato da diversidade cultural e social do bairro. Uma história épica em que o protagonista é o petróleo: toda a história da América, em OIL: A SYMPHONY IN MOTION, outro filme sob clara influência soviética (e de Abel Gance), resulta numa celebração do movimento, do poder da máquina ou da indústria. Numa montagem que lembra tanto D. W. Griffith quanto Dziga Vertov, Lewis Jacobs produz, em FOOTNOTE TO FACT, uma sinfonia urbana sobre a Grande Depressão no ano que marca o início do New Deal, balanceando o rápido movimento da sociedade americana rumo à perdição (sem-abrigo, veteranos da guerra esquecidos, alcoólicos caídos pelas ruas) com o de uma mulher em casa, entregue ao vai-e-vem da sua cadeira de baloiço. HANDS é uma obra imbuída do espírito do New Deal de Roosevelt, já que se concentra numa montagem de planos em que vemos “mãos à obra”, trabalhando, curando, fazendo arte, cozinhando, escrevendo e transacionando valores. Imagem-síntese de uma economia que pulsa perante as adversidades, numa obra encomendada pela Works Progress Administration e assinada por Willard Van Dyke e Ralph Steiner, dois nomes maiores do polo americano do documentário dos anos 30.
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