03/05/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
J.S.BACH – FANTASIA G-MOLL
“J. S. Bach: Fantasia em Sol Menor”
Checoslováquia, 1965 – 8 min
ŽVAHLAV
“Jabberwocky”
Checoslováquia, 1971 – 12 min
ZÁNIK DOMU USHERÚ
“A Queda da Casa Usher”
Checoslováquia, 1982 – 12 min
DON SAJN
“Don Juan”
com Frantisek Filipovský
Checoslováquia, 1971 – 30 min
OTRANSKÝ ZÁMEK
“O Castelo de Otranto”
com Milos Frýba, Jaroslav Vozáb
Checoslováquia, 1977 – 17 min
LEONARDŮV DENÍK
“O Diário de Leonardo”
com Milos Frýba, Jaroslav Vozáb
Checoslováquia, Itália, 1972 – 10 min
HUGH CORNWELL: ANOTHER KIND OF LOVE
com Hugh Cornwell
Reino Unido, República Federal Alemã, Checoslováquia, 1988 – 4 min
filmes de Jan Švankmajer
Vita brevis, ars longa. Jan Švankmajer e as suas afinidades eletivas: da música de Bach à música
pop-rock de Hugh Cornwell, do mito de Don Juan ao do castelo de Otranto (pelo romancista inglês Horace Walpole), do poema
nonsense de Lewis Carroll,
Jabberwocky, ao clássico da literatura gótica de horror,
A Queda da Casa Usher de Edgar Allan Poe. E ainda vemos, animados, desenhos inspirados em Leonardo da Vinci. A articulação entre música e imagem – que o levará a rodar um videoclipe para Hugh Cornwell – é aquilo que poderá ligar somente a segunda curta-metragem do realizador, J.S.BACH – FANTASIA G-MOLL, ao mais contemporâneo HUGH CORNWELL: ANOTHER KIND OF LOVE, produzido com a Virgin Records para o artista inglês, mais conhecido por ter sido o vocalista da banda The Stranglers. Como “música adaptada”, em ŽVAHLAV, o poema delirante de Lewis Carroll é convertido numa animação, em que vários objetos corriqueiros ganham vida – uma boneca explode gerando mais bonecas que são depois trituradas. ZÁNIK DOMU USHERÚ é a primeira de duas adaptações de Edgar Allan Poe, ambas com características semelhantes – o preto-e-branco, o uso de atores de carne e osso e de animação
stop-motion a entrecortar – mas que aqui leva mais longe a relação com a escrita de Poe, quase num exercício de ilustração cinematográfica. Muito ambicioso filme de marionetas (e atores vestidos de marionetas), DON SAJN adapta a história sangrenta de Don Juan tirando partido de um raro trabalho do cineasta checo em cenários naturais. Misturando imagens reais (de um documentário falso sobre a novela gótica
The Castle of Otranto) com animação
cut-out (que influenciaria Terry Gilliam), OTRANSKÝ ZÁMEK “documenta” essa procura da ficção no real, num dos momentos da filmografia de Švankmajer em que o facto e a lenda entabulam um diálogo direto. LEONARDŮV DENÍK mistura desenhos, inspirados em Leonardo da Vinci, com imagem real tirando partido dessa mesma zona de indecisão entre o que é da ordem do animado – e da
ars longa do mestre italiano – e o que é da ordem do factual e histórico, cruzados com imagens documentais reais – dessa
vita brevis que (des)anima os comuns mortais. Primeiras apresentações na Cinemateca.
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