CICLO
Jean-Luc Godard, para Sempre


Uma revista francesa (Les Inrockuptibles) não teve pruridos: no seu número seguinte à morte de Jean-Luc Godard, sucedida em setembro passado, a manchete dizia, simplesmente, “Dieu est mort”, “Deus morreu”. Que importa o exagero, se o exagero é só uma forma de fazer justiça à importância, das pessoas ou das coisas. E Godard foi, de facto, a pessoa mais importante, o autor das coisas mais importantes, de todo o cinema da segunda metade do século XX em diante. Importa o seu trabalho, e importa o olhar (divino, dir-se-ia, usando vocabulário dos Inrocks) que ele, através do trabalho mas também além dele, lançava sobre o cinema, sobre o mundo, sobre a nossa História, sobre a “nossa música”. Há um capítulo que se fecha na história do cinema com a morte de Godard, que é também o da presença – como ele notou – da geração que viveu “o meio do século XX”, “o meio do cinema”. O que isto quer dizer está estampado na obra dele, um radical “transporte” entre a mais sofisticada modernidade (tecnológica, inclusive) e a memória de um cinema “inicial”, tanto em termos puramente cinéfilos e afetivos como no que diz respeito a uma prática, artesanal e realista, em permanente reflexão sobre ela própria e sobre o seu lugar num mundo sempre em mudança demasiado rápida. A homenagem que lhe prestamos porá isso em evidência, julgamos, ao trazer exemplos de todas as fases da obra do autor, desde os alvores da nouvelle vague ao filme – quase – derradeiro que foi LE LIVRE D’IMAGE. É um passeio por alguns recantos menos visitados do legado de Godard, um vislumbre da riqueza inesgotável desse legado, que ficará connosco – para sempre.
 
 
30/01/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Jean-Luc Godard, para Sempre

Sauve Qui Peut (La Vie)
Salve-se Quem Puder
de Jean-Luc Godard
França, Suíça, 1980 - 88 min
 
30/01/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Jean-Luc Godard, para Sempre

Deux ou Trois Choses que Je Sais d’Elle
de Jean-Luc Godard
França, 1967 - 97 min
31/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Jean-Luc Godard, para Sempre

Une Femme Mariée
A Mulher Casada
de Jean-Luc Godard
França, 1964 - 92 min
31/01/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Jean-Luc Godard, para Sempre

King Lear
de Jean-Luc Godard
França, Suíça, 1987 - 90 min
30/01/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Jean-Luc Godard, para Sempre
Sauve Qui Peut (La Vie)
Salve-se Quem Puder
de Jean-Luc Godard
com Isabelle Huppert, Jacques Dutronc, Nathalie Baye
França, Suíça, 1980 - 88 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Com argumento coescrito por Anne-Marie Miéville e Jean-Claude Carrière, SAUVE QUI PEUT (LA VIE) marca, em 1980, o retorno de Jean-Luc Godard ao circuito mais convencional do cinema, e é organizado como uma partitura musical com quatro movimentos (o imaginário; o medo; o comércio; a música). Godard com uma obra-prima que é, além de mais, uma manifestação de anticonformismo, uma nova forma de interrogar a matéria cinematográfica através das deambulações de um técnico de televisão.

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30/01/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean-Luc Godard, para Sempre
Deux ou Trois Choses que Je Sais d’Elle
de Jean-Luc Godard
com Marina Vlady, Anny Duperey, Roger Montsoret
França, 1967 - 97 min
legendado eletronicamente em português | M/16
O trailer de apresentação do filme diz: “Ouçam em silêncio duas ou três coisas que sei dela. Ela, a crueldade do neo-capitalismo. Ela, a prostituição. Ela, a região à volta de Paris. Ela, a morte da beleza moderna. Ela, a Gestapo das estruturas”. Este é um filme que de certa forma prenuncia o futuro trabalho de Godard, nos anos 70. Através da história de uma pequeno-burguesa dos subúrbios de Paris, que se prostitui ocasionalmente para satisfazer as suas “necessidades” de consumo, Godard faz uma análise fria dos mecanismos da sociedade moderna. Mas a esta análise, Godard contrapõe a falsa sedução de um mosaico de imagens a cores e em scope, num verdadeiro compêndio da iconografia dos anos 60. A apresentar em cópia digital.

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31/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean-Luc Godard, para Sempre
Une Femme Mariée
A Mulher Casada
de Jean-Luc Godard
com Macha Méril, Philippe Leroy, Bernard Noel
França, 1964 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Godard acompanha, como um analista, um dia de vida de uma mulher casada com um piloto de aviação. Encontra o marido, toma conhecimento de que está grávida, sem saber quem é o pai, e visita o amante, um ator, com quem tem uma longa discussão sobre o teatro e o amor. Não é dos mais citados títulos de Godard, mas tem dos mais inesquecíveis grandes planos por ele filmados.

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31/01/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Jean-Luc Godard, para Sempre
King Lear
de Jean-Luc Godard
com Woody Allen, Freddy Buache, Leos Carax, Julie Delpy, Jean-Luc Godard
França, Suíça, 1987 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
King Lear por Jean-Luc Godard? “A picture shot in the back”. KING LEAR é um muito pouco visto Godard que ganhou a “aura” de “filme maldito” e cuja génese remonta à assinatura de um contrato entre JLG e Menahem Golan da Canon no festival de Cannes de 1985 (também faz parte da “lenda”). É preciso vê-lo para o descobrir em todas as suas nuances. “KING LEAR é uma visão de Jean-Luc Godard e no meio da mais completa irrisão oferece dos mais sublimes momentos de cinema” (Maria João Madeira). Em cameos não creditados, Woody Allen (Mr. Alien), Kate e Norman Mailer ou Quentin Tarantino.

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