CICLO
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva


Assinala-se em 2022 o centenário do nascimento do consagrado diretor de fotografia sueco Sven Nykvist (1922-2006), cujos singulares métodos de trabalho foram profundamente influentes, primeiro na cinematografia nórdica depois no cinema mundial. Nykvist afirmou-se no seu país natal nas décadas de 1950 e 1960, na qual trabalhou com alguns dos mais influentes realizadores suecos do período, entre os quais Alf Sjöberg, Jörn Donner e Mai Zetterling, mas o seu reconhecimento internacional deveu-se sobretudo à intensa e cúmplice colaboração que manteve com Ingmar Bergman a partir de 1953, ano a partir do qual Nykvist substituiu o seu antigo diretor de fotografia, Gunnar Fischer. Essa longa colaboração, que contou com 17 filmes e marcou indelevelmente o cinema, viria a determinar grandes diferenças no tratamento da imagem nos filmes subsequentes do realizador, reformulando a importância da expressão da luz nos filmes a preto e branco e determinar a estética suave dos filmes a cores na entrada da década de setenta. Ambos admitem ter nutrido uma relação de crescimento recíproco, dada a influência do seu passado religioso (ambos eram filhos de pastores luteranos), assim como a admiração pela riqueza dos matizes da parca e austera luminosidade dos crepúsculos suecos alimentou e definiu uma abordagem da imagem tanto existencial como espiritual: “não há dúvida que foi Bergman quem me ensinou a venerar a luz, a luz real, verdadeira e viva”. As suas imagens são facilmente reconhecidas pelo seu ascetismo técnico, pela redução da luz artificial e do excesso dos seus efeitos, em favor da autenticidade da luz natural, almejando imprimir um máximo de expressão de acordo com a lógica dos meios disponíveis. Para Nykvist, a simplicidade é a chave. Trata-se de um naturalismo expressivo em que a luz catalisa as narrativas através de pormenores e subtilezas, criando uma direção de fotografia impressa tanto na aridez da luz que ilumina as paisagens como principalmente na complexidade com que as sombras leves e a profundidade de campo fazem sobressair os conhecidos rostos das personagens de Bergman.
Mas nem só da ligação a Bergman se fez a fama de Nykvist como um dos mais importantes diretores de fotografia da história do cinema. A partir dos anos 1970, Nykvist trabalhou sobretudo fora da Suécia, particularmente nos Estados Unidos, onde estabeleceu com Woody Allen (explícito admirador da cinematografia de Bergman) uma nova colaboração regular, tendo sido o primeiro europeu a integrar a American Society of Cinematographers. Ressentiu-se, no entanto, das condições de produção de Hollywood, cuja rigidez sindical o impediu, por exemplo, de operar a câmara, tarefa da qual fazia questão de se encarregar. Foi na Europa com mais liberdade que sempre fez alguns dos seus melhores trabalhos pós-Bergman, tendo participado em filmes de Louis Malle, Roman Polanski, assim como no último filme de Andrei Tarkovski, todos incluídos neste Ciclo, a par de uma seleção de títulos mais raramente aqui mostrados da sua filmografia com Bergman e com outros cineastas suecos. Menos conhecida é a faceta de Nykvist enquanto realizador em nome próprio embora ela pontue esporadicamente a sua carreira desde o início. Desta dimensão do seu trabalho no cinema escolhemos apresentar LIANBRON (1965), drama de tonalidades autobiográficas em que assinou também, naturalmente, a direção de fotografia.
 
 
15/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva

Lianbron
The Vine Bridge
de Sven Nykvist
Suécia, 1965 - 88 min
 
17/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva

Le Locataire
O Inquilino
de Roman Polanski
França, 1976 - 123 min
17/01/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva

Black Moon
de Louis Malle
França, Alemanha, 1975 - 100 min
19/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva

Black Moon
de Louis Malle
França, Alemanha, 1975 - 100 min
19/01/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva

Gycklarnas Afton
Noite de Circo
de Ingmar Bergman
Suécia, 1953 - 93 min
15/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva
Lianbron
The Vine Bridge
de Sven Nykvist
com Harriet Anderson, Jack Fjeldstad
Suécia, 1965 - 88 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Os poucos filmes de Sven Nykvist enquanto realizador são marcados pela sua relação com África, onde os seus pais, missionários luteranos, passaram dezenas de anos. Destes, Lianbron terá sido o mais bem sucedido. Trata-se de uma ficção sobre um casal de investigadores que chega a uma missão em África para combater a malária. LIANBRON é uma primeira exibição na Cinemateca.

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17/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva
Le Locataire
O Inquilino
de Roman Polanski
com Roman Polanski, Isabelle Adjani, Melvyn Douglas, Shelley Winters
França, 1976 - 123 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Adaptado de Le Locataire Chimérique, de Roland Topor (1964), rodado entre CHINATOWN e TESS, este filme de Polanski (também conhecido pelo título internacional, THE TENANT) segue a história de um tipo reservado que visita um apartamento para alugar, vago depois do suicídio do arrendatário anterior. O tipo é Trelkovsky, personagem interpretada pelo próprio Polanski (não creditado no genérico), cujo percurso no filme é o de uma paranoia crescente que passa pela suposição de que todos os vizinhos possam cometer suicídio.

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17/01/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva
Black Moon
de Louis Malle
com Cathryn Harrison, Joe Dalessandro, Thèrése Giehse
França, Alemanha, 1975 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um dos mais experimentais e distópicos filmes de Louis Malle, BLACK MOON centra-se numa jovem (Cathryn Harrison) que, ao tentar escapar de um mundo distópico e pós-apocalíptico, devastado por uma misteriosa guerra dos sexos, encontra refúgio numa casa isolada no campo, onde começa uma surrealista e freudiana odisseia evocativa do universo de Lewis Carroll. Nesta casa, interage com uma bizarra família que comunica telepaticamente, animais que falam, flores que choram quando são pisadas e com um unicórnio que testa a sua consciência. Através do enigma, do sonho e da alegoria, Malle desconstrói conceitos como a violência, a inocência, o pecado e a sexualidade adolescente. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

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19/01/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva
Black Moon
de Louis Malle
com Cathryn Harrison, Joe Dalessandro, Thèrése Giehse
França, Alemanha, 1975 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um dos mais experimentais e distópicos filmes de Louis Malle, BLACK MOON centra-se numa jovem (Cathryn Harrison) que, ao tentar escapar de um mundo distópico e pós-apocalíptico, devastado por uma misteriosa guerra dos sexos, encontra refúgio numa casa isolada no campo, onde começa uma surrealista e freudiana odisseia evocativa do universo de Lewis Carroll. Nesta casa, interage com uma bizarra família que comunica telepaticamente, animais que falam, flores que choram quando são pisadas e com um unicórnio que testa a sua consciência. Através do enigma, do sonho e da alegoria, Malle desconstrói conceitos como a violência, a inocência, o pecado e a sexualidade adolescente. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

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19/01/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Sven Nykvist - O Culto da Luz Viva
Gycklarnas Afton
Noite de Circo
de Ingmar Bergman
com Åke Grönberg, Harriet Andersson, Hasse Ekman, Anders Ek
Suécia, 1953 - 93 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Bergman filmou NOITE DE CIRCO depois de filmes tão solares como MÓNICA E O DESEJO e UM VERÃO DE AMOR. À claridade dos primeiros, sucedeu o negrume de NOITE DE CIRCO, com o tema da humilhação e o lugar do artista no mundo em primeiro plano. O filme não é exibido na Cinemateca desde 2007.

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