CICLO
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir


2021 é, na Cinemateca, tempo de Film noir. Em junho último, um primeiro momento do programa concentrou-se “No coração do noir”, ou seja, no fulcro do cinema clássico dos anos 1940 e 50 que, em grandes produções e na série B dos estúdios de Hollywood, variou sobre sombras expressionistas projetando as angústias da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra. O que em novembro se propõe é uma viagem cronologicamente balizada entre 1947 e 1967 por um núcleo de títulos atraídos pelo noir nas cinematografias francesa, britânica e japonesa, que estiveram particularmente atentas ao subtexto e ao estilo de Hollywood, e uma incursão no noir das filmografias norueguesa e sul-coreana: DØDEN ER ET KJÆRTEGN / “A MORTE É UMA CARÍCIA” de Edith Carlmar e JIOKHWA / “UMA FLOR NO INFERNO” de Shin Sang-ok são dois dos filmes programados a apresentar pela primeira vez na Cinemateca. O programa alinha na perspetiva da redescoberta apontando a territórios férteis e a merecer exploração localizada, como o policial japonês.
 
 
18/11/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir

Aru Kyounhaku
“Intimidação”
de Koreyoshi Kurahara
Japão, 1960 - 65 min
 
18/11/2021, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir

Rafles sur la Ville
de Pierre Chenal
França, 1958 - 82 min
20/11/2021, 20h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir

Jiokhwa
“Uma Flor no Inferno”
de Shin Sang-ok
República da Coreia, 1958 - 86 min
20/11/2021, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir

Zero no Shoten
“Zero Focus”
de Yoshitaro Nomura
Japão, 1961 - 95 min
22/11/2021, 20h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir

Ascenseur pour l’Échafaud
Fim-de-Semana no Ascensor
de Louis Malle
França, 1957 - 87 min
18/11/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir
Aru Kyounhaku
“Intimidação”
de Koreyoshi Kurahara
com Kô Nishimura, Nobuo Kaneko, Mari Shiraki, Jun Hamamura
Japão, 1960 - 65 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Koreyoshi Kurahara (1927-2002) estreou-se na realização para a Nikkatsu em 1957 e foi aí que assinou o drama criminal de elementos noir Aru Kyounhaku, em que um ambicioso bancário se enreda num esquema de chantagem que o leva a organizar um assalto ao próprio banco confrontando-se com um subalterno movido pelo ressentimento vingativo. A acidez das reviravoltas narrativas engendradas na concentração da intriga tem lugar no Japão do pós-guerra, expondo o fundo corrupto pequeno burguês de uma sociedade ameaçada pela desagregação. Os meandros da história, o ambiente noturno e a firmeza da realização fazem reverberar motivos do cinema clássico americano.

consulte a "folha" da Cinemateca
 
18/11/2021, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir
Rafles sur la Ville
de Pierre Chenal
com Charles Vanel, Bella Darvi, Michel Piccoli, Marcel Mouloudji
França, 1958 - 82 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Realizado entre França (a partir dos anos 1930), a Argentina e o Chile (na década seguinte), o trabalho de Pierre Chenal (1904-1990) foi relegado a um plano menor, embora ocupe um lugar importante e os seus filmes mereçam a redescoberta. Foi dele, por exemplo, a primeira adaptação de O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes (LE DERNIER TOURNANT, 1939). Escrito e realizado a partir do romance de Auguste Le Breton, RAFLES SUR LA VILLE é um título importante da filmografia policial noir dos anos 1950, defendido na época pelo jovem crítico Jean-Luc Godard. Talvez venha daqui o seu apreço por Piccoli, que filmaria em LE MÉPRIS (no papel de um outro Paul, nome da personagem do inspetor Vardier de Chenal); certo é que o final protagonizado pelo então jovem ator lembra o explosivo desfecho de PIERROT LE FOU. A representação implacável da violência, as interpretações de Charles Vanel e Michel Piccoli, a partitura de Michel Legrand fazem parte do fascínio do filme, movido pela intriga criminal, vingança, traições. Primeira apresentação na Cinemateca.

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20/11/2021, 20h00 | Sala Luís de Pina
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir
Jiokhwa
“Uma Flor no Inferno”
de Shin Sang-ok
com Choi Eun-hee, Kim Hak, Jo Hae-won, Kang Sun-hee
República da Coreia, 1958 - 86 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Um clássico de Shin Sang-ok (1926-2006), produtor e realizador tido por figura de proa do cinema sul-coreano dos anos 1950/60, com a atriz Choi Eun-hee (1926-2018), estrela muito popular nas décadas de 1960/70, que aqui interpreta a fabulosa personagem da prostituta que ganha a vida com os yankees da base militar de Seul e deita a perder o destino de dois irmãos no pós--guerra da Coreia. O retrato da pobreza, da corrupção da sociedade sul-coreana dos anos 1950, conjuga-se com um enredo de perdição de fundo erótico em que o pendor realista, o melodrama e o imaginário noir americano confluem poderosamente. As sequências finais com um assalto a um comboio e o confronto enlameado dos três protagonistas num terreno pantanoso são um portento. Shin Sang-ok e Choi Eun-hee tornaram-se conhecidos internacionalmente pela rocambolesca história do rapto de que foram alvo pela Coreia do Norte para os forçar a fazer filmes durante cerca de dez anos sob a alçada de Kim Jong-il, até conseguirem asilo político numa embaixada dos EUA em 1986. Primeira apresentação na Cinemateca.

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20/11/2021, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir
Zero no Shoten
“Zero Focus”
de Yoshitaro Nomura
com Yoshiko Kuga, Hizuru Takachiho, Ineko Arima, Koji Nanbara
Japão, 1961 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Referenciado como o pioneiro japonês do cinema noir, cuja extensa obra apenas em 2014 foi alvo de uma retrospetiva internacional, Yoshitaro Nomura (1919-2005, ativo entre as décadas de 1950 e meados de 80) foi um realizador extremamente popular no seu país, com destaque para os filmes em que adaptou romances criminais do escritor Seicho Matsumoto, emblemáticos do pessimismo do pós-guerra. Produzido pela Shochiku, ZERO NO SHOTEN é um deles, o mais limpidamente noir. Para aí apontam a construção em flashbacks guiada pela voz off da protagonista feminina (Yoshiko Kuga, mais conhecida no Ocidente pelos seus filmes com Kurosawa, Mizoguchi, Ozu ou Naruse), a duplicidade das personagens, revelações e revezes narrativos. É comum notarem-se afinidades hitchcockianas na história da recém-casada Teiko que parte de Tóquio em busca do marido desaparecido para se confrontar com homicídios, o rasto da prostituição e do estigma dos tempos de guerra. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

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22/11/2021, 20h00 | Sala Luís de Pina
Revisitar os Grandes Géneros: Film Noir | Disponíveis para o Noir
Ascenseur pour l’Échafaud
Fim-de-Semana no Ascensor
de Louis Malle
com Maurice Ronet, Jeanne Moreau, Jean Wall, Lino Ventura
França, 1957 - 87 min
legendado em português | M/12
A estreia de Louis Malle na longa-metragem de ficção, uma adaptação do romance de Noël Calef com fotografia de Henri Decaë, seguiu-se à colaboração com Jacques Cousteau em LE MONDE DU SILENCE e consagrou-se como um filme indiciante da Nouvelle Vague mas ainda na linha criminal do cinema francês dos anos 1950 que revisitava o cânone noir americano. A ação concentra-se em 24 horas, os protagonistas nunca se encontram, a intriga destila um ambiente noir, desesperado e ambíguo, que muito deve à música de Miles Davis e à interpretação impassível de Jeanne Moreau. Moreau e Maurice Ronet interpretam o casal de amantes que planeou matar o marido dela, vendo-se o homem bloqueado num elevador quando intenta regressar ao local do crime para apagar um indício comprometedor enquanto ela deambula pela noite parisiense e outros incidentes se precipitam. A admiração por Bresson e a tentação de Hitchcock inspiraram Malle, ainda motivado por filmar Paris “como uma cidade moderna, um mundo já algo desumanizado”.

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