CICLO
Deborah Kerr - Ate à Eternidade


Assinala-se este ano, em setembro, o centenário do nascimento de Deborah Kerr. De origem britânica (nasceu na Escócia, cresceu em Inglaterra), tornou-se uma das figuras mais reconhecidas do cinema americano dos anos 1950 e 1960, para onde emigrou depois do sucesso dos seus primeiros filmes britânicos – nomeadamente os de Michael Powell e Emeric Pressburger que integram este Ciclo (já tinham sido Powell e Pressburger a trazer a jovem Kerr para o cinema, num filme de 1940, CONTRABAND, em que a prestação da atriz acabou por ser removida na montagem final). Com um porte distintamente aristocrático, e um tipo de beleza que podia ser (e nalguns casos foi) extremamente frio, Kerr nunca foi tratada em Hollywood como sex symbol, embora, por ironias que o destino tece, tenha interpretado algumas das mais emblemáticas cenas do erotismo hollywoodiano dos fifties em FROM HERE TO ETERNITY. Atriz versátil, apta a manejar vários géneros sem sair da mesma personagem e do mesmo filme (como o mostra o sublime AN AFFAIR TO REMEMBER, onde Kerr, contracenando com Cary Grant, é tão capaz de fazer rir como de fazer chorar), Kerr protagonizou no cinema americano uma ideia de “classe”, mesmo quando essa “classe” era a da “classe média” americana tal como Hollywood a idealizava. Donde, também, a espécie de contenção – em todos os sentidos do termo - que a sua presença normalmente exibe, e que alguns realizadores (Huston, Preminger, Kazan) souberam trabalhar com alguma perversidade.
A carreira desta atriz que começou por ser bailarina clássica (e, como quase todos os britânicos, atriz de teatro shakespeariano) acabou relativamente cedo. Depois de THE ARRANGEMENT, de Kazan, rodado em 1969, quando ela nem tinha chegado aos 50, Kerr praticamente desapareceu de cena. Desencantada com o cinema, e sobretudo com os papéis que lhe ofereciam, voltou-se para o teatro e para meia dúzia de participações em telefilmes e séries de televisão (o seu único, e último, filme para cinema depois de 1969 foi em 1985 num filme britânico, THE ASSAM GARDEN, lembrado quase exclusivamente pela sua participação). Mas a marca deixada por Kerr (que morreu em 2007, aos 86 anos) no imaginário cinéfilo estava já inscrita, e indelevelmente. Este Ciclo mostra-a, “até à eternidade”.
 
 
29/05/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Deborah Kerr - Ate à Eternidade

The Arrangement
O Compromisso
de Elia Kazan
Estados Unidos, 1969 - 124 min
 
31/05/2021, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Deborah Kerr - Ate à Eternidade

The Innocents
Os Inocentes
de Jack Clayton
Reino Unido, 1961 - 99 min
29/05/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Deborah Kerr - Ate à Eternidade
The Arrangement
O Compromisso
de Elia Kazan
com Kirk Douglas, Faye Dunaway, Deborah Kerr
Estados Unidos, 1969 - 124 min
legendado em seeco e eletronicamente em português | M/12
Um dos filmes finais de Elia Kazan (que só rodaria mais dois), baseado num romance seu, e à época muito mal recebido. Com ressonâncias autobiográficas, centra-se num homem de meia-idade (Douglas) a atravessar uma crise depressiva, enfiado num matrimónio entediante (a personagem da sua mulher está a cargo de Deborah Kerr) e envolvido num affair com uma colega de trabalho (a espampanante Faye Dunaway). Apesar do falhanço na altura da estreia, permanece como um dos mais singulares filmes de Kazan.

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31/05/2021, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Deborah Kerr - Ate à Eternidade
The Innocents
Os Inocentes
de Jack Clayton
com Deborah Kerr, Pamela Franklin, Martin Stephens, Michael Redgrave
Reino Unido, 1961 - 99 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Truman Capote colaborou nesta adaptação a preto e branco e em scope do célebre conto de Henry James, The Turn of the Screw. Uma jovem preceptora em iniciação de ofício e duas crianças moram num velho palacete, sobre o qual paira uma espécie de maldição: o espírito das crianças é possuído pelo de dois seres maléficos que outrora aí viveram. O elemento fantástico é mais sugerido do que mostrado no filme em que se destaca um grande desempenho de Deborah Kerr. É ela a preceptora que vê “os outros”, tornando-os visíveis aos olhos dos espectadores, nas cenas de visibilidade que entremeiam a “invisibilidade” da sua presença noutras delas.

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