Narrativa de uma fatídica primeira experiência de comando de um veleiro por um jovem “na região crepuscular entre a juventude e a maturidade” (Conrad), SMUGA CIENIA destaca-se antes de mais por ser uma rara adaptação conradiana
para cinema dirigida por um realizador polaco, facto não despiciendo em relação a uma obra literária da língua inglesa na qual as reminiscências eslavas nunca deixaram de ser lembradas e interrogadas. Já se sublinhou que Wajda conteve a sua índole mais barroca, ou “expressionista”, para se aproximar de Conrad, mas até isso poderá também ter estado na origem de uma tensão especial que sobressai neste filme. Por outro lado, o facto de Wajda ter querido
colar-se a uma narrativa tão centrada num “estado de espírito” e na “não-ação” (a longa imobilização de um veleiro “assombrado”) tornou-se mais um episódio da interminável discussão sobre a adaptação cinematográfica, levando o próprio realizador a dizer mais tarde que devia ter escolhido outro caminho. Muito pouco visto entre nós (tanto quanto sabemos, só foi exibido em raras sessões em 1978, quando foi trazido para o Ciclo de Cinema Polaco na Fundação Gulbenkian), é uma das esperadas revisitações deste ciclo. Primeira exibição na Cinemateca.
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