CICLO
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?


Meio século decorrido sobre o ano de todas as nossas esperanças, a Cinemateca não poderia deixar de evocar a efeméride, e, mais do que isso, tudo o que, num sentido mais lato, um intervalo temporal como este nos sugere hoje no território do cinema. Em anteriores aniversários redondos dessa data (logo nos 10 anos em 1984, nos 25 anos em 1999 e nos 40 anos em 2014), organizámos nestas salas ciclos e outras iniciativas em torno do “cinema de Abril” ou daquele em que há ecos desse período. Desta vez, para além de voltarmos às imagens geradas nesse momento refundador da nossa vida coletiva, e de projetar outras em que, posteriormente e até hoje, continuam a ressoar as causas e os efeitos de tal momento – essas, a exibir sobretudo em ocasiões mais próximas da efeméride, em abril de 2024 - considerámos que era de facto a altura de ir mais longe e de fazer com que um ano inteiro de programação fosse contaminado pelo tema, a níveis e de formas muito diferentes, muito para além da abordagem direta dessa nossa história. Pensando no espírito e nos valores do big bang com que o 25 de Abril despertou o país após uma tão longa ditadura, o desafio que a nós próprios lançámos foi então o de intercalar, ao longo dos doze meses do ano, múltiplas iniciativas com isso livremente associadas, tomando como terreno de base toda a História do cinema, as quais por sua vez dialogarão, de modo mais ou menos direto, com os restantes ciclos estruturantes de 2024. Desta vez, Abril não será assim objeto de “uma” comemoração, mas ponto de partida para boa parte da programação do ano, em várias frentes, algumas com incidência mais pontual, outras estendendo-se de janeiro a dezembro. E, quanto a estas últimas (as que vão correr o ano), reunimo-las num vasto programa, que se quer uma vasta interrogação, para a qual tomámos de empréstimo para título – porque de homenagem se trata também – a interrogação de João César Monteiro em 1975 “Que farei eu com esta espada?” A arrancar logo em janeiro com exemplificação robusta, este é portanto, não um Ciclo, mas um conjunto de ciclos que abordarão outros tantos eixos temáticos que irão cruzar toda a nossa programação “abrilista” até final do ano, a saber, Revolução, Liberdade, Comunidade e Futuro. Com eles (a seguir apresentados individualmente com maior detalhe) serão depois articuladas as outras frentes da comemoração, e com eles, insiste-se, serão ainda articulados alguns dos restantes programas de 2024 com que haverá mais próximo diálogo de programação – e de que é exemplo flagrante, aliás, já este mês, a retrospetiva dedicada à obra de Fernando Matos Silva. Que faremos nós com esta memória coletiva? Programar é projetar para o presente. São perguntas, o que agora começa.
 
LIBERDADE
Onde está a liberdade? (Rossellini) A nós a liberdade. (René Clair). Fantasmas da liberdade. (Buñuel) Liberdade. (McCarey) Liberdade e pátria. (Godard-Miéville) Caminhos da liberdade. (Cinequipa) O trabalho liberta? (Pêra) Os títulos citados em trocadilho permitem aferir, não restringindo, a amplitude do tópico como eixo de programação de cinema. Liberdade. Em data comemorativa da alegria do povo português na madrugada esperada que Sophia descreveu como O dia inicial inteiro e limpo / Em que emergimos da noite e do silêncio / E vivos habitamos a substância do tempo. Do escuro e do chumbo: a travessia de quarenta e oito anos, faz agora cinquenta, feitos de ditadura, censura, anestesia, letargia, implosão, a que muitos foram resistindo com vitalidade criativa, terminou no espaço público, numa festa de energia partilhada com o branco e o vermelho dos cravos a colorirem os canos das armas dos jovens militares, as mãos civis. A imagem da liberdade portuguesa no século XX – a flor solitária do craveiro com pétalas recortadas – fincou-se no imaginário coletivo.
A poesia está na rua, ficou ainda de Sophia, que soletrou a frase para o desfile do primeiro 1º de Maio em liberdade, antes que fosse impressa no cartaz pintado por Vieira da Silva como imagem da festa do 25 de Abril de 1974. Também ficámos com palavras-canção: a senha de Grândola Vila Morena de Zeca Afonso com os arranjos – e os passos na gravilha – das “Cantigas do Maio” por José Mário Branco (1971); sempre as da síntese de Sérgio Godinho que continuam a ressoar, Liberdade: A paz, o pão habitação saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver. Liberdade de mudar e decidir quando pertencer ao povo o que o povo produzir. (“À Queima Roupa”, 1974) Escritores de canções crescidos em democracia tomam o rastilho. Por exemplo, assim, A Garota Não: Liberdade, querida Liberdade O nosso chão tem sonhos e vontade. (Canção a Zé Mário Branco. “2 de Abril”, 2022)
Os filmes […] libertam a cabeça. (Fassbinder) Neste programa “em fascículos” ao longo de 2024, os filmes trazem ideias de liberdade e a liberdade na espinha dorsal, personagens profundamente livres criadas em profunda liberdade de espírito. Fundamentalmente estruturado à volta de dois núcleos, o eixo Liberdade junta filmes que 1) fazem prova de resistência à privação de liberdade, se encontram em fuga ou na fuga a todas as clausuras; que 2) configuram gestos de liberdade no que constroem ou no como se constroem. O chão comum é largo mas não pantanoso. Não entrarão aqui as censuras, até porque, a seu tempo, a censura será assunto da programação de 2024. Já a resistência está nos planos e nos entre-planos. O mapa é a desenhar: entram pioneiros, vanguardas, clássicos e modernos, filmes indomados, indomáveis. Um beijo filmado, um primeiro travelling, um plano em rodopio, filmes construídos em vertigem, fugas a perseguições, escolher a evasão, escolher ficar. Filmes de Hollywood, cinema europeu ou asiático, iraniano e português compreendidos, bem-entendido. Buster Keaton em corrida veloz à frente de uma chusma de noivas, Boudu-Michel Simon-Jean Renoir, W.C. Fields e outros dignos protagonistas olímpicos do não politicamente correto. João de Deus-João César Monteiro enviado por Lívio-Luis Miguel Cintra no final das RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA para ir “dar-lhes trabalho”, profere noutro filme, numa cena de coreografia na cela em que cumpre pena injusta, uma máxima imbatível: “Do cadáver de um homem livre pode sair acentuado mau cheiro, nunca sairá um escravo.”
Uma outra vez João César Monteiro preferiu o negro por fidelidade (BRANCA DE NEVE); Manoel de Oliveira filmou uma obra que manteve inédita para a posteridade até ao desprendimento terreno (VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES); António Campos filmou, em ditadura, um poema-distopia (A INVENÇÃO DO AMOR). São três gestos de liberdade, a tomar como exemplos de títulos a vir. Como outros, do catálogo Lumière, de Germaine Dulac, Maya Deren, Jean Epstein, John Ford, Nicholas Ray, Billy Wilder, Robert Bresson, Jacques Becker, Zoltán Fábri, Otar Iosseliani, Don Siegel, John Carpenter, Jean-Luc Godard, Jerzy Skolimowski, Amir Naderi, Jafar Panahi, Panah Panahi. Continua.
 
REVOLUÇÃO
É lícito defender que o aparecimento do cinema e a sua rápida expansão nas primeiras décadas do século XX constituíram uma revolução, social e cultural, potenciadora ou catalisadora de muitas outras pequenas ou grandes revoluções sociais e culturais. Não é que esse efeito revolucionário do cinema esteja completamente ausente deste Ciclo, mas o foco é outro: aparecido no final do século XIX, o cinema veio a tempo de documentar, refletir, e nalguns casos servir, integrar, as grandes revoluções políticas do século XX. E no mundo inteiro, sem exagero. Aquela que foi certamente a primeira grande articulação destes termos, cinema e revolução, disparou em 1917, meras duas décadas depois das primeiras sessões públicas com que os irmãos Lumière apresentaram ao mundo o seu invento. Mais do que só isso, a revolução soviética foi a primeira grande articulação explícita entre o cinema e a política, a primeira grande reivindicação do cinema por parte da política. “O cinema é, para nós, a mais importante das artes”, segundo a famosíssima frase de Lenine, e o cinema soviético, sobretudo nos anos imediatamente subsequentes a 1917, foi de facto a primeira grande experiência, concertada e premeditada, de constituição do cinema em arte revolucionária, em arte ao serviço de uma revolução política.
Era fundamental começar por aí, começar pelo OUTUBRO de Eisenstein, narrativa das origens revolucionárias, construção da sua mitologia. Tão grande foi o poder desta conceção do cinema que meio século depois ainda eram os seus intérpretes e principais vultos aqueles que inspiravam outras experiências concertadas e premeditadas de conjugar o cinema com  uma prática revolucionária – como sucedeu em França com o Grupo Dziga Vertov, animado por, entre outros, Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin.
Mas o que se segue a isso, no Ciclo que apresentamos, não é um fluxo didático através de revoluções do século XX, com todas as paragens bem identificadas. Interessa mostrar algumas das mil abordagens históricas da temática revolucionária – que incluem a reconstituição de momentos mais remotos, como a Revolução francesa nos ORPHANS OF THE STORM de Griffith, ou reflexões muito em cima dos acontecimentos, como no caso de VIDEOGRAMME EINER REVOLUTION, de 1992, onde Farocki e Ujica analisam a revolução romena de 1989 – para constatar como também aqui o laço entre o cinema e a História é inevitável e inquebrável. Mas interessa, mais ainda, confundir a cronologia, confundir a história, confundir a geografia, fazer suceder os filmes num grande “banho” revolucionário, onde de repente um filme sobre a revolução mexicana (como o VIVA ZAPATA! de Kazan) pode estar a dialogar com um filme sobre as revoltas anti-coloniais em África (como o SAMBIZANGA de Sarah Maldoror), um filme sobre a revolução americana (como o AMERICA de Griffith) a dialogar com filmes de outras revoluções americanas do século XX (como as filmaram e integraram Robert Kramer, Charles Burnett, Emile de Antonio), filmes sobre revoluções políticas a dialogar com o carácter intrinsecamente político de revoluções sociais e de costumes (Jack Smith, Lizzie Borden).
O cinema como espectador da revolução, o cinema como veículo de um sentimento revolucionário, o cinema como agente da revolução, o cinema como consciência (frequentemente crítica) da revolução. Este é o vasto percurso para que convidamos o público da Cinemateca.
 
COMUNIDADE
Someone would strike up a song, and the valley would ring with the sound of many voices – for singing is in my people as sight is in the eye. A fala do narrador de HOW GREEN WAS MY VALLEY (1941), em que John Ford filma uma comunidade galesa de mineiros na passagem do século XIX para o século XX vai ao coração da coisa: quando o flashback arranca associado à lembrança do mais novo dos seis filhos da família que habitava o verde vale desses tempos, a imagem de harmonia é clara e compõe-se em coro – alguém entoava uma canção e “o vale fazia-se ouvir com o som de muitas vozes” porque “cantar é para a minha gente o que a vista é para o olho.” Além do uníssono das vozes, tónica na “minha gente”. A expressão podia estar nos diálogos de STARS IN MY CROWN (1950) de Jacques Tourneur, o clássico série B de Hollywood, mais subterrâneo nas premissas, que abre, neste programa, a roda da comunidade.
A história do cinema, arte de matriz coletiva e comunitária, está infundida dessa noção e dessa prática, dos primórdios em diante. O cinema clássico de Hollywood é fértil em histórias de construção e perda de comunidades, e foram as comunidades, do antes e dos pós-guerras, que o cinema foi imaginando, fixando, retratando, representando nos muitos cantos do mundo ao longo das eras que dobraram dois séculos de tradição narrativa, vanguardas, realismos, novas vagas, impulsos de ficção como do real. O imaginário western, fundado na exploração do território americano atravessado a cavalo, cruzado por diligências, sulcado pelos carris dos comboios, é um reflexo nítido em que irradiam saloons, esquadras, escolas, igrejas, tiroteios, sinos e bailes, gestos rituais. Para lá dos géneros de estúdio, transversal a cinematografias e épocas, o sentido de uma comunidade, histórias de comunidade, retratos e experiências de comunidades, encontram-se em imagens de paisagem aberta, territórios rurais ou selvas urbanas, ilhas isoladas nos oceanos, bairros ou ruas de cidades pouco ou densamente povoadas. Como se encontram, nas imagens de cinema, o deslassar que as desfaz, todos vulnerabilizando.
O que pode uma comunidade? Respondam D.W. Griffith, Allan Dwan, Raoul Walsh, Robert Flaherthy, King Vidor, Manoel de Oliveira, Humphrey Jennings, Julien Duvivier, Jean Renoir, John Ford, Howard Hawks, Fritz Lang, Kenji Mizoguchi, Kinuyo Tanaka, Roberto Rossellini, Jacques Tourneur, Jean Grémillon, Anthony Mann, Jean Rouch, Richard Fleischer, Alain Resnais, Antonio Pietrangeli, António Campos, Manuel Costa e Silva, Cecilia Mangini, Jean Eustache, Jonas Mekas, Artavazd Pelechian, David Lamelas, Noémia Delgado, Shinsuke Ogawa, Fernando Lopes, Abbas Kiarostami, Frederick Wiseman, José Luis Guerín, Pedro Costa, Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, tantos outros. Noutra perspetiva, atentar-se-á aos coletivos de produção-realização, às comunidades artísticas, como a Factory de Andy Warhol ou a Diagonale de Paul Vecchiali ou as Produções Ogawa ou as cooperativas e unidades de produção portuguesas que emergiram nos revolucionários anos 1970.
Pensar a comunidade no cinema, diferente de equacionar a comunidade do cinema, nos 50 anos do 25 de Abril de 1974, convoca noções com as quais a ideia gravita: identidade, participação, relação, coletivo, mas também cidadãos, minorias, margens, desfavorecidos, oprimidos. O programa Comunidade tomará forma ao correr dos meses em diálogo com os demais eixos da iniciativa: no mesmo movimento, em rota paralela e bifurcada, alinhar-se-ão umas dezenas de títulos que cruzam latitudes, registos, cronologias. Que contagiam e são contagiados pelos demais alinhamentos. E que projetam o que, numa definição simples, refere a qualidade do que é comum ou indica um conjunto de indivíduos unidos ou organizados de forma coletiva, seja esse traço uma história, um território, práticas, propósitos. Em tempos desagregados, em que a primeira pessoa do singular tende a sobrepor-se à do plural acusando perda de sentido, sobreleva-se o nós – o espírito do conjunto de pessoas. Em equipa.
 
FUTURO
“Com efeito, quem ousará negar que o futuro ainda não existe? Contudo, a espera do futuro já está no espírito”. Santo Agostinho associava o futuro à esperança, nascendo a interrogação sobre se dela depende alguma forma de ação, porquanto a mudança não se faz, em segurança, nos termos de uma atitude laissez-faire. Se é importante a ocorrência de uma agência que propulsione a roda da fortuna num sentido, também é verdade que nem sempre esta reserva finais felizes. Olhar para o futuro como agência de mudança, mas também abertura sempre arriscada para o infortúnio (futuro vem do latim futuru, “que há de ser”), é uma das principais propostas deste eixo, que vê no “ainda não existe” uma possibilidade de irresistível natureza dramática. Dominar esse “ainda”, tentando antecipar os seus desígnios, é uma das propostas contidas nas narrativas em que personagens, normalmente “em crise”, decidem mudar de vida. Há recursos para que o caminho em frente se faça de maneira mais segura – e cobarde? E profana? – tais como a cartomancia ou a cabalística e há quem apenas especule: quem quero ser quando for grande? O que farei ou quem serei se...? Ler o futuro ou especular sobre os “ses” da existência são formas de entreter as possibilidades daquele e daquilo que “ainda não...”
“But we’re absolute beginners / With eyes completely open / But nervous all the same”, cantou David Bowie, em Absolute Beginners. Que decisões são essas que nos podem afetar ou deixar nervosos? A mudança de um país, de uma cidade ou um “novo começo” num emprego de sonho ou de pesadelo ou “o possível” (o primeiro dia de escola ou de trabalho será eternamente o primeiro dia de escola ou de trabalho). Ou a mudança futura poderá dar-se “na negativa”, contrariando vícios e ódios antigos, ativamente participando num processo de reabilitação pessoal, à guisa de histórias de amor, de saúde e/ou de fé. O futuro como o luto permanente de um passado em que nos definimos sempre na ânsia de sermos alguém diferente e alguém novo. Será a novidade inteiramente possível e quanto dela se deseja imprevisível, e, enfim, grande questão também de cinema, quanto dessa imprevisibilidade depende o efeito, de facto, transformador do porvir?
Nesta primeira antecipação do eixo do Ciclo “Que Farei Eu com Esta Espada?” dedicado a pensar o “Futuro” apresentam-se dez títulos que procuram cobrir a diversidade de abordagens que considerámos no planeamento deste programa. Dada a especificidade imaterial do tema, concluímos que o único método suficientemente abrangente seria pensar o futuro a partir de uma lógica dispersiva cujo retrato só começa a tornar-se claro com a acumulação e o distanciamento. Através da conjugação de visões muito díspares – e até conflituais – do futuro, pretendemos compor um panorama que acomode tanto o cinema de ficção como o documental, tanto filmes de metragem curta como extremamente longa, tanto cinema de imagem real como de animação e, partindo disso, lançámo-nos em diferentes abordagens narrativas sobre aquilo que o destino nos reserva. Assim, ora enveredámos pela via da distensão das rodagens (filmes que acompanham as suas personagens ao longo de vários anos) que produz um cinema de fluxo, onde a vida (dis)corre e o futuro se vai construindo diante de nós; ora recolhemos filmes que fazem convergir, na mesma linha narrativa, diferentes temporalidades que interatuam (um entendimento estratificado do tempo em que, por vezes, há movimentações tectónicas que fendem a linearidade do continuum Espaço/Tempo); ora ainda os filmes que descobrem as suas personagens num momento de mudança em que a esperança serve de guia; ora, por fim, os filmes que refletem sobre a ideia de destino, isto é, que acreditam que o futuro está já traçado e que é possível aceder-lhe, nem que seja por formas ínvias e tortuosas, como o lançamento das cartas, da leitura das mãos, a análise das borras de café ou dos folhas do chá, as visões e demais soluções – com doses maiores ou menos de charlatanismo – de lidar com a incerteza do amanhã.
 
03/01/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

As Armas e o Povo
de Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica
Portugal, 1974-1977 - 82 min | M/12
03/01/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Que Farei Eu com Esta Espada?
de João César Monteiro
Portugal, 1975 - 65 min | M/12
03/01/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Oktiabr
Outubro
de Sergei Eisenstein
URSS, 1927 - 101min
03/01/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Stars in My Crown
de Jacques Tourneur
Estados Unidos, 1950 - 89 min
04/01/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Unfaithfully Yours
Odeio-te Meu Amor
de Preston Sturges
Estados Unidos, 1948 - 105 min
03/01/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Revolução . Liberdade . Comunidade . Futuro
As Armas e o Povo
de Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica
Portugal, 1974-1977 - 82 min | M/12
Liberdade
AS ARMAS E O POVO é o mais célebre filme da revolução portuguesa. Composto por material filmado durante a semana que mediou o 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974, junta as grandes movimentações de massas aos discursos de Mário Soares e Álvaro Cunhal e a libertação dos presos políticos às entrevistas de rua conduzidas pelo cineasta brasileiro Glauber Rocha. Assinado pelo Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica, é um documento histórico inestimável, a partir de imagens captadas a quente por vários técnicos e realizadores portugueses, tendo a montagem ficado a cargo de Fernando Matos Silva e Monique Rutler, com trabalho de som de Alexandre Gonçalves. Obra incontornável do cinema militante europeu, é também um manifesto sobre a relação entre cinema e política, não apenas como mero difusor dos acontecimentos, mas sobretudo como participante ativo do ato revolucionário. Resultado de assinatura alargada entre a comunidade do cinema português da época e mostrando uma comunidade em processo revolucionário, AS ARMAS E O POVO é um título programado no eixo Liberdade mas um título no qual confluem os demais eixos e que dialoga diretamente com a retrospetiva “Fernando Matos Silva - O Cinema a Fazer a Realidade”.

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03/01/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Revolução . Liberdade . Comunidade . Futuro
Que Farei Eu com Esta Espada?
de João César Monteiro
Portugal, 1975 - 65 min | M/12
Revolução
Manifestações operárias contra a presença de Portugal na NATO junto às águas do Tejo cruzam-se com cenas de NOSFERATU, o vampiro de Murnau, que desembarca ameaçadoramente. A realidade política portuguesa é ainda confrontada com uma marginalidade que desafia a moral conservadora. Com a forte marca de autor que ao quarto filme já se lhe reconhecia, QUE FAREI EU COM ESTA ESPADA? alimentou discussões e polémicas na altura da sua estreia, nomeadamente através de um aceso debate televisivo cujas querelas se prolongariam nas páginas dos jornais.

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03/01/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Revolução . Liberdade . Comunidade . Futuro
Oktiabr
Outubro
de Sergei Eisenstein
com Vassili Nikandrov, Nikolai Boris Lianov
URSS, 1927 - 101min
mudo, sonorizado, com intertítulos em russo traduzidos português | M/12
Revolução
Realizado dois anos depois de O COURAÇADO POTEMKINE, OUTUBRO foi uma encomenda oficial para o décimo aniversário da Revolução Bolchevique e marca o começo do fim do estado de graça de Eisenstein junto às autoridades soviéticas, o que prenunciava o fim do grande cinema revolucionário soviético. Substituindo a “montagem de atrações” de POTEMKINE pela “montagem intelectual”, numa tentativa de veicular ideias abstratas através de imagens, OUTUBRO é o filme mais “experimental” alguma vez feito por Eisenstein e marca o apogeu da convergência entre vanguarda formal e vanguarda política, durante o breve período em que ambas foram inseparáveis na URSS.

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03/01/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Revolução . Liberdade . Comunidade . Futuro
Stars in My Crown
de Jacques Tourneur
com Joel McCrea, Ellen Drew, Dean Stockwell, Juano Hernandez
Estados Unidos, 1950 - 89 min
legendado em português | M/12
Comunidade
STARS IN MY CROWN é, talvez, o mais belo e perfeito exemplo daquilo a que se chama “ame­ricana” (evocação nostálgica do passado dos EUA) no cinema. É também o mais pessoal dos filmes de Jacques Tourneur, que, para o dirigir, aceitou um salário simbólico. Foi ele quem falou de STARS IN MY CROWN como uma coleção de “vinhetas humanas” da vida numa pequena cidade no interior dos EUA no século XIX. O ponto de partida é a história de uma criança (Dean Stockwell, num dos seus primeiros papéis) com os pais adotivos, uma tia (Ellen Drew) casada com um pastor da igreja que em tempos fora pistoleiro (Joel McCrea), na comunidade que os adotou, onde o tranquilo deslizar do tempo é por vezes quebrado pelo drama (a tentativa de linchamento pelo KKK) e rondado pelo mal (a epidemia tifoide). Um retrato de sentimentos e emoções, mas também de dinâmica coletiva, de rara intensidade e beleza.

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04/01/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada?

Revolução . Liberdade . Comunidade . Futuro
Unfaithfully Yours
Odeio-te Meu Amor
de Preston Sturges
com Rex Harrison, Linda Darnell, Rudy Vallee, Barbara Lawrence
Estados Unidos, 1948 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Futuro
Uma fabulosa comédia de Preston Sturges, onde Rex Harrison, à época envolvido no escândalo da tentativa de suicídio de uma jovem atriz que por ele se apaixonara, é um famoso maestro que suspeita que a mulher lhe é infiel. Durante um concerto, vai imaginando três formas de resolver a questão, incluindo o homicídio (mórbida especulação!). A música serve de contraponto. Uma das mais brilhantes comédias de sempre, UNFAITHFULLY YOURS foi um fracasso comercial e de crítica à época da sua estreia, mas tornou-se, com o tempo, um exemplar superior do estilo “sturgesiano”, sendo, como escreveu João Bénard da Costa, “uma das histórias mais bem escritas e brilhantes de Preston Sturges”.

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