CICLO
FILMar


O projeto FILMar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa no âmbito do mecanismo de financiamento EEAGrants, tem como objetivo principal dar a conhecer, da mais ampla forma, o património fílmico português relacionado com o mar. Desenvolvido em colaboração com parceiros na Noruega, Islândia e Liechtenstein, os países financiadores, pretende digitalizar dez mil minutos de filmes dos mais diferentes géneros e formatos, assegurando a sua visibilidade através de retrospetivas e ciclos, edições DVD e publicações.
O dia 30 de setembro, Dia Internacional do Mar, foi escolhido para o arranque do programa público, depois de uma pré-abertura simbólica, em junho, de apresentação da nova cópia digital do filme MARIA DO MAR, de Leitão de Barros, primeiro filme restaurado, então em 35mm, aquando da inauguração do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), em 2000.
Apresentaremos três curtas-metragens, uma portuguesa, uma norueguesa e uma islandesa, relevadoras não apenas de modos de pensar a imagem e a representação do mar, mas também, e sobretudo, de uma atenção à comunidade, onde o cinema se constitui como memória material de um legado sobre a presença do mar a todos os níveis universal.
Até 2024 o projeto FILMar será responsável pela difusão do património fílmico de alguma forma relacionado com o mar, iniciando um trabalho de digitalização a partir das cópias em depósito no ANIM, num trabalho articulado com parceiros nas áreas da exibição, programação, distribuição e investigação ou ensino, tanto no cinema de património, como nas múltiplas áreas de relação, como sejam a antropologia visual, a museologia, as interartes, a promoção da literacia cinematográfica ou a análise fílmica e histórica.
O objetivo principal é a devolução de um cinema às comunidades por ele retratadas, tenham-no sido através da ficção, do documentário ou da animação. Fá-lo-emos num diálogo estreito que tenha como princípio a constituição de contextos de apresentação os mais adequados a um património fílmico que carece de leitura e interpretação, dadas as múltiplas fontes de origem e as camadas de análise que a partir dele possam surgir.
Com uma estratégia que visa acompanhar a evolução do processo de digitalização, realizado num laboratório e por uma equipa especialmente dedicada a concretização deste plano, serão desenvolvidos programas envolvendo as áreas da programação, arquivo, exposição e edição da Cinemateca Portuguesa, onde se incluirá ainda a Cinemateca Júnior, num trabalho de integração das várias áreas de intervenção desta casa.
Para além disso, o programa terá uma presença híbrida, desenvolvendo-se, por um lado, através de ações de programação, tanto nas salas em Lisboa (na Rua Barata Salgueiro e no Palácio Foz), como em diferentes pontos do país, em colaboração com festivais, cineclubes e cineteatros, e por outro, estendendo essas ações numa página online, acessível através do link www.filmar.cinemateca.pt onde serão apresentados, de forma regular, conteúdos complementares e de contextualização dos filmes selecionados e programados, bem como um arquivo digital de imagens, e, muito especialmente, um podcast, realizado em colaboração com a Escola das Artes, da Universidade Católica do Porto, dedicado, em séries diferentes, a análise e interpretação fílmica, histórica e visual da relação, e representação, do mar no cinema português. A primeira emissão deste podcast será dedicada a Paulo Rocha, acompanhando o lançamento em sala, e edição em DVD, pela Midas Filmes, de dois títulos fundamentais para a sua filmografia: A ILHA DOS AMORES (1982) e A ILHA de MORAES (1984).
Nos próximos meses e até ao final do ano, na Cinemateca, mas sobretudo em colaboração com festivais em Lisboa (DocLisboa, 25 de outubro), Ílhavo (Mar Film Festival, 16 de novembro), Porto (Porto/Post/Doc, 20 de novembro) e Vila do Conde (O Dia Mais Curto, 21 de dezembro), o FILMar continuará a mostrar as diferentes narrativas que ajudaram a construir a presença do mar na história do cinema português. Em 2022, continuaremos a mostrar os primeiros filmes digitalizados, em relações pensadas e articuladas com os principais festivais e exibidores nacionais.
Esta sessão associa-se ao 40º NAFA – Nordic International Film Festival, que decorre no Museu de Etnologia, em Lisboa, entre 29 de setembro e 2 de outubro, coorganizado pelo Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-NOVA FCSH). 
 
 
30/09/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo FILMar

O Jogo da Sardinha | Róður | Elmer og Blomsterbåten
duração total da projeção: 72 min | M/12
 
30/09/2021, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
FILMar
O Jogo da Sardinha | Róður | Elmer og Blomsterbåten
duração total da projeção: 72 min | M/12
sessão com apresentação
O JOGO DA SARDINHA
de Oliveira Cosme 
Portugal, 1946 - 20 min

RÓÐUR
“Pescadores”
de Þorgeir Þorgeirson
Islândia, 1972 - 19 min

ELMER OG BLOMSTERBÅTEN
“Elmer e o Barco Florido”
de Øyvind Sandberg
com Elmer Dyrøy
Noruega, 1998 – 33 min / legendado em inglês e eletronicamente em português

As três curtas-metragens que compõem a sessão inaugural do programa FILMar têm em comum o modo como registam o tempo, e a sua passagem, através do labor, do reforço de laços entre comunidades e fixam a relação entre o desenvolvimento industrial e a transformação dos lugares e dos territórios. São, além disso, exemplos de como, através do documentário, podem ser investigadas as consequências de decisões políticas ou emocionais. O JOGO DA SARDINHA observa, num registo promocional, a evolução da indústria conserveira no sul do país, retratando, ainda, o modo como o tecido social e familiar se transforma e adapta, num determinismo oficial de felicidade e lealdade, característico do país, então em ditadura. RÓÐUR é um poderoso retrato de um país em transformação, num filme que resultou de uma encomenda oficial, depois censurada, sobre a indústria pesqueira islandesa, a partir de uma saída de uma pequena embarcação para a faina. ELMER OG BLOMSTERBÅTEN, o mais poético dos três filmes escolhidos, constrói-se a partir das memórias de Elmer Dyrøy, que durante anos alimentou a poesia marítima, através do ritual de cobrir um barco de flores que depois levava até localidades piscatórias norueguesas isoladas, como forma de reforço do sentimento comunitário. RÓÐUR e ELMER OG BLOMSTERBÅTEN são primeiras exibições na Cinemateca. Esta sessão decorre no âmbito do projeto FILMar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa no âmbito do programa EEAGrants 2020-2024.

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