24/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema – Mário Jorge Torres: O Melodrama do Trágico ao Operático
Magnificent Obsession
Sublime Expiação
de Douglas Sirk
com Jane Wyman, Rock Hudson, Otto Kruger
Estados Unidos, 1954 - 108 min
legendado em português | M/12
A “história da ceguinha” é provavelmente a mais delirante das que foram filmadas por Douglas Sirk, que a definiu como “uma maluquice, se houve história maluca neste mundo” (apesar disso, já tinha sido filmada anteriormente por John M. Stahl). Ao perder o controlo da sua lancha, um playboy causa a morte de um ilustre médico. Algum tempo depois, ao tentar redimir-se, provoca outro acidente que causa a cegueira da viúva do médico. O homem estuda medicina para encontrar maneira de curá-la. A mise-en-scène de Sirk é um prodígio de artificialismo, com cores que só existem no cinema e o filme ilustra esta célebre frase do realizador: “Creio que um melodrama deve produzir sobretudo emoções e não ações. Mas a emoção é uma espécie de ação, é uma ação no interior de uma pessoa.”
25/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema – Mário Jorge Torres: O Melodrama do Trágico ao Operático
Vaghe Stelle dell’Orsa…
de Luchino Visconti
com Jean Sorel, Claudia Cardinale, Marie Bell
Itália, França, 1965 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
VAGHE STELLE DEL’ORSA… é uma das obras menos conhecidas do autor de IL GATTOPARDO, talvez por não ser muito característica do seu estilo, pois Visconti quis que este filme fosse mais fechado e mais seco, mais “moderno” do que os que viria a fazer no seu período final, a partir de OS MALDITOS. A respeito da programação de um filme de Luchino Visconti num Ciclo sobre melodramas, note-se que, para ele, a palavra melodrama não era associada a um dramalhão, mas considerada no seu sentido etimológico, que é o sentido corrente da palavra em Itália, o de um drama com música. Filmado a preto e branco, o que começava a ser raro nos anos sessenta, o filme, cujo título cita o início de um célebre poema de Giacomo Leopardi (“Belas estrelas da Ursa”), conta a paixão incestuosa de um jovem pela irmã, que se encontram na mansão paterna, quando ela regressa, acompanhada pelo marido, para se confrontar com um passado intolerável (a mãe denunciara o pai que morrera num campo de concentração).
26/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema – Mário Jorge Torres: O Melodrama do Trágico ao Operático
Yoshiwara
de Max Ophuls
com Pierre-Richard Wilm, Michiko Tanaka, Sessue Hayakawa
França, 1937 - 88 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Com a chegada dos nazis ao poder, Max Ophuls deixou a Alemanha e, até partir para os Estados Unidos em 1939, realizou oito filmes em França, um na Itália e um na Holanda. YOSHIWARA é um dos menos conhecidos destes filmes. Trata-se de um melodrama “exótico”, ambientado no bairro da prostituição em Tóquio. Em 1890, uma mulher de origem nobre é forçada a trabalhar como gueixa para sustentar a família. Apaixonado por ela, um homem que puxa um riquexó tenta reunir a quantia de dinheiro necessária para resgatá-la, mas ao perceber que ela está apaixonada por um tenente russo denuncia-os. Michele Mancini, um dos admiradores do filme, menciona entre as características do estilo de Ophuls visíveis em YOSHIWARA “a ilusão, a circularidade, o gosto pelas máquinas e os artifícios teatrais e a extraordinária féerie visual de algumas passagens”. Primeira exibição na Cinemateca.
27/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema – Mário Jorge Torres: O Melodrama do Trágico ao Operático
When Tomorrow Comes
Quando o Outro Dia Chega
de John M. Stahl
com Irene Dunne, Charles Boyer, Barbara O’Neil
Estados Unidos, 1939 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Adaptado de uma história de James McCain, um poderoso melodrama de um dos mestres do género em Hollywood, que voltaria a ser filmado em 1957 por outro mestre, Douglas Sirk, com o título INTERLUDE. Trata-se da história dos amores impossíveis entre uma criada de mesa e um célebre pianista clássico, que é casado com uma mulher com problemas mentais. O desenlace não é feliz, mas respeita os preceitos morais dos teólogos de Hollywood. Primeira exibição na Cinemateca.
28/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema – Mário Jorge Torres: O Melodrama do Trágico ao Operático
I’ve Always Loved You
Sempre Gostei de Ti
de Frank Borzage
com Philip Dorn, Catherine McLeod, Maria Ouspenskaya
Estados Unidos, 1948 - 117 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um espantoso melodrama a cores, realizado por um dos mestres absolutos do género, sobre a paixão não correspondida de uma jovem por um grande pianista (Philip Dorn é “dobrado” ao piano por Arthur Rubinstein). Mas, como indica o título, a chama deste amor permanece através do tempo. O surpreendente final, em que o par “comunica” à distância, quase por telepatia, sublima as regras do género. João Bénard da Costa escreveu que “quem ficar enfeitiçado por este filme extremo, só pode ir de surpresa em surpresa, de êxtase em êxtase, até ao delirante final e amar este filme de excessos, portentoso vaso comunicante de uma teia infinita de cumplicidades, a mais paroxística e demencial das afirmações da arte de Borzage”.