CICLO
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema


Como na primeira parte do Ciclo, em fevereiro, continuamos essencialmente no campo de batalha, e na descrição das ações de guerra. Mas, ao contrário dessa primeira parte, que se aproximava do “filme de guerra” enquanto género, e enquanto género assumido principalmente pelo cinema americano, procuramos agora afastar-nos dessa codificação rumo à diversidade e variedade (em todos os sentidos, incluindo a geográfica) com que o cinema retratou as situações de guerra.
O fantasma, ou a presença, da II Grande Guerra, continua a ser inescapável, por razões históricas que não carecem de explicação. Mas essa guerra central na definição do século XX aparece aqui sob múltiplas perspetivas – temporais, com filmes feitos “no momento” e filmes feitos com recuo cronológico; e culturais ou geográficas, com filmes feitos em diversos países envolvidos no conflito, da Europa à Ásia, e incluindo uma série de raridades que nunca nesta Cinemateca tinham sido mostradas. Mas a vontade de abrangência acaba também por ser temática, abrindo o Ciclo, do ponto de vista histórico, à forma como conflitos mais remotos e anteriores ao século XX (como em NON OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR, que olha para Alcácer-Quibir, ou em CULLODEN, de Peter Watkins, que reconstitui uma batalha do século XVIII, ou THE RED BADGE OF COURAGE, de John Huston, ambientado na Guerra Civil Americana) serviram também ao cinema como fonte de um olhar sobre a guerra e sobre a Humanidade em estado de guerra. Introduz-se também a forma documental (os filmes de Joris Ivens ou de Humphrey Jennings), ausente da primeira parte, sendo certo que vários outros títulos constantes do programa (o PAISÀ, de Rossellini, o HIROSHIMA de Hideo Sekigawa) conservam alguma coisa dessa forma de abordar a realidade sem se poderem, em rigor, definir como “documentários” (mas é dos géneros, de todos os géneros, que pretendemos fugir). Seguir-se-á, no final do ano, uma terceira parte, talvez a mais ambiciosa e arriscada em termos de programação: os filmes de guerra “sem guerra”, os filmes que se instalam (ou nascem) num tempo de guerra mas onde ela é tratada como um “off” a assombrar o “on”.
 
 
12/05/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Un Giorno Nella Vita
Um Dia na Vida
de Alessandro Blasetti
Itália, 1946 - 117 min
 
12/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Espoir – Sierra de Teruel
Espoir – Sierra de Teruel
de André Malraux
Espanha, França, 1939 - 70 min
12/05/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

The Battle of the River Plate
A Batalha do Rio de Prata
de Michael Powell, Emeric Pressburger
Reino Unido, 1956 - 116 min
13/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

J’Accuse
de Abel Gance
França, 1938 - 118 min
13/05/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Idi i Smotri
Vem e Vê
de Elem Klimov
URSS, 1985 - 142 min
12/05/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte II – Outras Vistas do Campo de Batalha
Un Giorno Nella Vita
Um Dia na Vida
de Alessandro Blasetti
com Amedeo Nazzari, Marcello Loti, Massimo Girotti
Itália, 1946 - 117 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A Resistência italiana durante a guerra numa das incursões de Blasetti no neorrealismo. Um grupo de partigiani perseguidos pelos alemães refugia-se num convento. Um grupo de freiras será fuzilado por se recusar a denunciar os fugitivos. UN GIORNO NELLA VITA não é apresentado na Cinemateca desde 1995. 

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12/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte II – Outras Vistas do Campo de Batalha
Espoir – Sierra de Teruel
Espoir – Sierra de Teruel
de André Malraux
com José Sempere, Andrès Mejuto, Julio Peña, Pedro Codina
Espanha, França, 1939 - 70 min
legendado em português | M/12
É um dos mais famosos filmes que tiveram por cenário a Guerra Civil de Espanha. Talvez seja o mais mítico sendo, seguramente, o mais comprometido, porque feito por alguém que a viveu, e foi filmado nos próprios locais do conflito. Inspirando-se no romance que escrevera e na sua experiência de combatente, André Malraux filmou o drama dos aviadores republicanos sobreviventes da queda do avião e o seu salvamento por civis, na serra de Teruel.

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12/05/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
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Parte II – Outras Vistas do Campo de Batalha
The Battle of the River Plate
A Batalha do Rio de Prata
de Michael Powell, Emeric Pressburger
com John Gregson, Anthony Quayle, Peter Finch, Ian Hunter, Jack Gwillim, Bernard Lee, Christopher Lee
Reino Unido, 1956 - 116 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Este Powell/Pressburger pode ser entendido como uma extensão dos seus filmes realizados durante a Segunda Guerra (THE 49th PARALELL, ONE OF OUR AIRCRAFT IS MISSING). Centra-se na batalha naval travada em 1939 entre a Royal Navy e os alemães e é dividido em três partes: a primeira é dominada pela presença do “Graf Spee”; a segunda foca a batalha, do ponto de vista britânico; a terceira tem lugar em Montevideu, descrevendo o conflito diplomático que opõe as potências adversárias em terreno neutro. Christopher Lee surge no papel do dono de um bar em Montevideu. A exibir em cópia digital.

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13/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte II – Outras Vistas do Campo de Batalha
J’Accuse
de Abel Gance
com Victor Francen, Line Noro, Marie Lou
França, 1938 - 118 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Abel Gance estreou o seu primeiro J’ACCUSE (retomando o título do célebre manifesto de Zola) em 1919, um ano depois de terminada a I Guerra Mundial. E estreou o seu segundo J’ACCUSE em 1938, um ano antes de iniciada a II Guerra Mundial, com a evidente intenção de, mais do que simplesmente prevê-la, contribuir para a evitar. Manifesto pacifista feito numa altura em que a estrela de Gance já não brilhava com a mesma intensidade com que brilhara no tempo do cinema mudo, conserva ainda algum poder, sobretudo quando dá largas a uma espécie de fantasmagoria tétrica: a sequência-chave em que os soldados mortos na I Guerra se levantam dos seus túmulos, para a qual Gance empregou verdadeiros ex-combatentes, quase todos desfigurados e mutilados pela selvajaria dos campos de batalha de 1914-1918. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

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13/05/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte II – Outras Vistas do Campo de Batalha
Idi i Smotri
Vem e Vê
de Elem Klimov
com Aleksey Kravchenko, Olga Mironova, Liubomiras Lauciavicius
URSS, 1985 - 142 min
legendado em português | M/16
Não tendo sido possível garantir uma cópia projetável do filme TSUCHI TO HEITAI/“Terra e Soldados” de Tomotaka Tasaka para as duas sessões previstas no âmbito deste Ciclo, serão apresentadas em seu lugar repetições de outras duas obras já previstas no programa (mantendo-se naturalmente essas sessões). Assim, no dia 9 de maio, às 19h30, será exibido ESPOIR – SIERRA DE TERUEL de André Malraux e no dia 13, às 21h30, será exibido IDI I SMOTRI/Vem e Vê de Elem Klimov. A Cinemateca apresenta as suas desculpas por esta alteração ao programa anunciado.
Da Mosfilm, centrada numa história da II Guerra Mundial e mais precisamente na ocupação alemã da Bielorrússia, VEM E VÊ foi produzido para comemorar o quadragésimo aniversário da vitória soviética e realizado por Klimov quase uma década depois do argumento (dele e de Ales Adamovich) ser concebido. O título vem de um versículo biblíco, Apocalipse 6:1: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê”. De assinalável êxito à época, o filme foi referido no Village Voice em 2001 por Elliott Stein como “uma fabulosa combinação de lirismo poético e pesadelo expressionista”.

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