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Assunto: PROGRAMAÇÃO
Data: 28/10/2025
Retrospetiva William A. Wellman, o Trilho do Gato
Retrospetiva William A. Wellman, o Trilho do Gato
A grande retrospetiva dedicada ao cineasta norte-americano, “Wild Bill” Wellman, começa em novembro e estende-se até janeiro de 2026 na Cinemateca. “O Trilho do Gato – William A. Wellman” propõe um trajeto ziguezagueante de um cineasta que experimentou – e deu a experimentar – (o melhor de) alguns dos principais géneros clássicos: do cinema de guerra ao western, passando pelo drama social e político ou pelo musical.  

Vibrante e sinuosa, a obra de Wellman é atravessada por uma marca, eminentemente felina, de irreverência e de um intransigente desejo de mudança. 

Foi, segundo Clint Eastwood, um “eterno rebelde, sempre a tentar uma coisa nova”. Nas palavras de Barbara Stanwyck, atriz por si lançada num período de grande liberdade (de lastro feminista) anterior à implementação dos códigos de censura norte-americanos, “ele adorava trabalhar e deu [a cada filme] um pedaço de vitalidade e de conhecimento”. Estas palavras pertencem ao prefácio da primeira obra de referência publicada em 1983 sobre este realizador, considerado à época esquecido, da autoria de Frank T. Thompson, simplesmente intitulada William A. Wellman. Nota aí o historiador norte-americano como “cada um dos seus filmes, independentemente das suas origens, é vibrante, vivo, envolvente e pessoal”. Em relação a esta dimensão mais pessoal, não será estranha a experiência de Wellman no campo de batalha durante a Primeira Guerra Mundial face a filmes bélicos que realizou, destacando-se, desde logo, WINGS, o primeiro título da história a ser distinguido com o Oscar de Melhor Filme que será musicado ao vivo pelo piano de Daniel Schvetz no dia 22 de novembro, às 17h30, sessão também integrada no Ciclo “Viagem ao Fim do Mudo”.   
Alguns dos títulos favoritos de Frank T. Thompson passam já na primeira parte desta retrospetiva, nomeadamente THE PUBLIC ENEMY (no dia 5, às 19h30, repetindo no dia 15, às 17h30), clássico com James Cagney que ajudou a estabelecer a personalidade do gangster nos filmes dos anos 1930; THE MAN I LOVE (a ver no dia 6, às 19h30, e no dia 20, às 21h30), “talkie” de Wellman protagonizado por um pugilista interpretado por Richard Arlen e que “[c]ontém a totalidade das marcas características que definem o resto da sua carreira” (Thompson) ou ainda NIGHT NURSE (em passagem no dia 7, às 15h30, e no dia 18, às 21h30), transbordante “pre-Code” que ajudou a lançar Barbara Stanwyck, com quem Wellman realiza uma mão cheia de obras.  

A grande capacidade de trabalho e a sua mundivisão tolerante e inclusiva explicam o reconhecimento que por ele nutriram atrizes do firmamento de Hollywood tal como a citada Stanwyck, mas também Ida Lupino, Joan Bennett e Janet Gaynor. Dirigiu ainda alguns dos mais emblemáticos atores masculinos do seu tempo, tais como Gary Cooper (lançado em WINGS), Clark Gable e John Wayne. Tentou sempre coisas novas, como disse Eastwood, que Wellman dirigiu no seu último filme, de 1958, enquadrou no formato quadrado, panorâmico e CinemaScope. E filmou muito, por vezes projetos que pouco lhe interessavam, a troco de filmes tão pessoais como o célebre e já mencionado WINGS, mas também o seu último, LAFAYETTE ESCADRILLE (em passagem no dia 22, às 21h30), que sonhou durante largos anos e que filmou prescindindo do salário, comprometendo-se a realizar dois outros projetos sem reservas, mas cuja finalização adulterada o levou a auto afastar-se do cinema pelos sessenta anos. Como um gato, várias foram as vidas deste cineasta “wild” e múltiplos foram os caminhos que trilhou para se insinuar no panorama da Hollywood clássica.  

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