O cinema do sul-coreano Hong Sang-soo chega à Cinemateca em dezembro e janeiro próximos, numa retrospetiva integral das vinte e três longas-metragens concluídas a esta data pelo realizador que abalou o cinema sul-coreano em meados dos anos 1990, chamou a atenção europeia e se consolidou como um autor de relevo do cinema contemporâneo. Apresentada em Portugal pela Cinemateca em 1999, quando foi mostrado o seu filme de estreia, “O Dia em que um Porco Caiu a um Poço” (1996), a obra de Hong Sang-soo tem aí sido divulgada pontualmente e vista em festivais de cinema, acompanhando o seu reconhecimento internacional. O primeiro dos três filmes de Hong Sang-soo estreados em Portugal foi “Noite e Dia” (2008), mas boa parte da sua obra permanece inédita no país.
 
Intitulada “As Variações de Hong Sang-soo”, a retrospetiva propõe descobrir ou revisitar a singularidade dos filmes um a um, permitindo um olhar conjunto sobre a totalidade da obra em projeção. A perspetiva panorâmica contempla a evolução do estilo original do realizador sul-coreano e permite captar a dimensão geral da obra construída a partir da imersão na natureza das relações e sensibilidades humanas e de um trabalho formal de recursos minimalistas que experimenta os elementos da recorrência, do desdobramento, os planos-sequência ou os movimentos de câmara que seguem personagens desarmantes em conflitos emocionais de convívio quotidiano, num balanço de gravidade e ligeireza de tom.
 
A 3 de dezembro, às 21h30, o título de abertura da retrospetiva, além disso cronológica, é “Conto de Cinema” (2005). Sexta longa-metragem do realizador, o filme convoca a representação do mundo do cinema comum a títulos posteriores e é o primeiro filme em que Hong Sang-soo usa o zoom que identifica a partir de então a sua linguagem cinematográfica