Em novembro arrancam dois importantes ciclos na Cinemateca: uma grande retrospetiva
William A. Wellman, que decorrerá
até janeiro de 2026 reunindo cerca de sessenta filmes, e
a primeira parte de um ciclo dedicado ao cinema feito por artistas portugueses. No próximo mês a Cinemateca vai ainda homenagear três enormes atores –
Robert Redford e Diane Keaton, recentemente falecidos, e
Maria Barroso, nos 100 anos do seu nascimento –, além de continuar a
Viagem ao Fim do Mudo com três novos títulos do período final do cinema mudo com acompanhamento ao piano e receber a habitual colaboração com o festival
Olhares do Mediterrâneo. São estes os trilhos que a Cinemateca vai percorrer ao longo de novembro.
Na linha das duas últimas grandes retrospetivas de autor dos pioneiros-clássicos Allan Dwan e Michael Curtiz, o Ciclo
"O Trilho do Gato - William A. Wellman" propõe nova incursão no cinema americano de Hollywood, para dar a ver a obra realizada entre meados dos anos 1920 e os anos finais da década de 1950. Nas salas da Cinemateca, a partir do início de novembro e até ao final de janeiro de 2026, o cinema de William A. Wellman é projetado em todo o seu esplendor, percorrendo cerca de sessenta títulos da filmografia fértil e criativa que participa dos alicerces do cinema clássico. Tão extensa quanto possível na medida da disponibilidade de materiais neste momento, a retrospetiva aproxima-se de uma integral Wellman, contando mais duas dezenas de títulos do que o programa dedicado ao cineasta que teve lugar em 1993, na Cinemateca. A maioria dos filmes será apresentada em cópias 35 mm, somando a uma série de outras resultantes de digitalizações recentes. Trata-se de uma obra realizada no contexto do cinema dos estúdios por um cineasta de espírito independente que subiu a pulso em Hollywood onde, nas palavras de Frank Capra, “travou muitas batalhas, algumas delas com os punhos, pelo direito de fazer os seus filmes à sua maneira”. Mais informações
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A primeira parte do já anunciado ciclo dedicado ao
cinema experimental realizado por artistas portugueses vai arrancar em novembro, e incluirá filmes de
Ana Hatherly, Luís Noronha da Costa, Ernesto de Sousa, António Palolo, Carlos Calvet, Julião Sarmento, Lourdes Castro, Helena Almeida, Vítor Pomar, Silvestre Pestana e Fernando Calhau. A lista de nomes é extensa e o número de filmes também, naquele que se pretende o mais exaustivo programa sobre a obra de um conjunto de artistas que, nos anos sessenta e setenta, expandiram a sua prática ao cinema, prosseguindo neste novo meio experiências que vinham a desenvolver em áreas como a pintura, a escultura, a
performance, o desenho ou a fotografia. Artistas que, no período em questão, recorreram sobretudo a formatos dito amadores, nomeadamente Super 8 e 8mm, mais raramente ao 16mm (e muito excecionalmente ao vídeo). Este programa, que terá uma segunda parte em meados de 2026, é o resultado de um trabalho continuado de prospeção, conservação e digitalização, desenvolvido ao longo dos últimos anos na Cinemateca. A aproximação da obra fílmica destes artistas, pensada a partir do ponto de vista do cinema, procurará assim interrogar as origens de um cinema dito experimental feito em Portugal. Vários filmes serão projetados nos seus suportes originais.