Em março a Cinemateca Portuguesa aventura-se por dois fabulosos universos: Joseph Conrad, autor de uma obra sobre a qual Orson Welles afirmou que “cada história de Conrad é um filme”, e Serguei Paradjanov, numa retrospetiva com todas as longas e curtas-metragens que o cineasta realizou (com exceção dos escassos títulos dados atualmente como perdidos). Ainda durante o próximo mês, celebramos os 35 anos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), o cinema europeu recente com sessões do LUX Prémio do Público e o trabalho da dupla de artistas e cineastas ítalo-francesa, Bêka e Lemoine.
Concebido pelo anterior diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, “O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema” é um ciclo que pretende mostrar a(s) forma(s) como diversos realizadores transpuseram o universo conradiano para o cinema, de 1919 ao século XXI. Um programa ambicioso, a decorrer entre março e abril, em que será exibido o maior número possível de filmes feitos para cinema (e algumas produções televisivas) baseados em romances, novelas ou contos de Joseph Conrad. De Coppola a Ridley Scott, o ciclo “Conrad e o Cinema, o Cinema e Conrad” incluirá vários filmes inéditos na Cinemateca, incluindo algumas raridades absolutas, e contará com a presença dos críticos e historiadores de cinema Olaf Möller e Federico Rossin para uma conversa com José Manuel Costa sobre as relações históricas do cinema com a obra do escritor.
Serguei Paradjanov (1924-1990) é um dos nomes mais conhecidos, mas também mais secretos do cinema soviético. A poesia e o surrealismo cruzam-se com as tradições das três ex-repúblicas soviéticas onde viveu e filmou (Arménia, Geórgia e Ucrânia), não obstante os anos de calvário que foi obrigado a passar na prisão. “CAVALOS DE FOGO”, também conhecido como “SOMBRAS DOS NOSSOS ANTEPASSADOS ESQUECIDOS”, e “SAYAT-NOVA – A COR DA ROMÔ, no seu excesso barroco, foram os dois filmes que o fizeram conhecer a fama mundial, mas que lhe valeram também os grandes dissabores com as autoridades soviéticas, permanecendo hoje como obras sem equivalente ao nível da história do cinema. Duas longas-metragens que poderemos redescobrir ao lado de muitas raridades, exibidas em novas cópias. Entre elas os filmes iniciais que Paradjanov realizou na Ucrânia, que, em 2024, o ano do centenário do seu nascimento, puderam novamente circular. Uma retrospetiva integral há muito aguardada, organizada com a colaboração da Cinema Foundation of Armenia e da Associação de Amizade Portugal-Arménia e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que nos permitirá aceder ao “Mundo Secreto de Serguei Paradjanov”.
Em março será também o mês em que continuaremos a descobrir a obra de Michael Curtiz (em mais 13 filmes da retrospetiva “Teremos Sempre Michael Curtiz”), iremos celebrar os 35 anos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), com uma mão cheia de filmes que apresentam casos daquilo que faz parte da missão da associação, e o cinema europeu recente, com a exibição dos cinco nomeados ao LUX Prémio do Público.
Por fim, haverá espaço para conhecer o trabalho da dupla de artistas e cineastas ítalo-francesa Bêka e Lemoine que tem viajado ao redor do mundo para explorar a cidade enquanto ecossistema edificado e habitado por uma espécie que designam de Homo Urbanus. Apresentado no contexto da exposição Homo Urbanus. A Citymatographic Odyssey by Bêka & Lemoine, patente no MAC/CCB, o ciclo na Cinemateca desvenda um trio de filmes sobre o trabalho de três arquitetos em diferentes cidades: TOKYO RIDE acompanha Ryue Nishizawa em Tóquio, BIG EARS LISTEN WITH FEET segue Boonserm Premthada em Banguecoque, e THE SENSE OF TUNING transporta-nos para Mumbai com Bijoy Jain.