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Assunto: Programação
Data: 07/03/2025
O mundo secreto de Paradjanov, em março na Cinemateca
O mundo secreto de Paradjanov, em março na Cinemateca
Criador de uma obra inigualável na História do Cinema, Serguei Paradjanov (1924-1990) vai ser alvo de uma retrospetiva integral há muito aguardada na Cinemateca a partir da segunda metade de março.
 
Serguei Paradjanov (1924-1990) é autor de uma obra cinematográfica em que a poesia e o surrealismo se cruzam com a etnografia e as tradições, numa combinação invulgar que extravasa os limites do próprio cinema. Protagonista indiscutível do cinema soviético, apesar da violenta perseguição que o regime moveu contra si, teve uma curta, mas influentíssima carreira que se dividiu entre três ex-repúblicas soviéticas: a Arménia, a terra dos seus pais, a Geórgia, onde nasceu e realizou os seus últimos filmes e a Ucrânia. Memórias, sonhos, folclore e visões mágicas entrelaçam-se em narrativas excessivas, dominadas por paletas de cores vivas e por uma mise en scène que oscila entre o hieratismo e o movimento incessante, culminando numa arte eminentemente visual e poética. Frequentemente organizados em capítulos e em quadros sumptuosos, os seus filmes revelam uma beleza vertiginosa que os torna únicos.
 
TINI ZABUTIKH PREDKIV/“CAVALOS DE FOGO” (1965), também conhecido como “SOMBRAS DOS NOSSOS ANTEPASSADOS ESQUECIDOS”, e SAYAT-NOVA – TSVET GRANATA/“SAYAT-NOVA – A COR DA ROMÔ (1969), no seu excesso barroco, foram os dois filmes que o fizeram conhecer a fama mundial, mas que lhe valeram também os grandes dissabores com as autoridades e que ditaram a sua prisão, permanecendo hoje como obras sem equivalente.
 
O Ciclo “O Mundo Secreto de Serguei Paradjanov”, com arranque no próximo dia 15 de março com a exibição destes dois filmes – “CAVALOS DE FOGO”, às 17h30, e SAYAT-NOVA, às 21h30 – reúne a totalidade das longas e curtas-metragens de Paradjanov (com exceção de escassos títulos dados como perdidos). Serão ainda exibidos dois documentários sobre o realizador, assinados por amigos próximos, e as poucas imagens filmadas para KHOSTOVANANK/“A CONFISSÃO” (1990) que, segundo Paradjanov, deveria vir a ser o seu filme-testamento.
 
Grande parte dos filmes são agora apresentados em cópias que resultam de novos restauros e de digitalizações, realizados em 2024 por ocasião do centenário do nascimento de Serguei Paradjanov,  que permitiram que voltassem a ser exibidos depois de muitos anos votados à invisibilidade. Tal é particularmente importante no caso dos primeiros trabalhos produzidos na Ucrânia, recém-digitalizados em condições extremamente precárias, dado o contexto de guerra.
 
Mais informações sobre o ciclo, organizado com a colaboração da Cinema Foundation of Armenia, da Associação de Amizade Portugal-Arménia e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, aqui.