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Assunto: Programação
Data: 11/02/2022
A CINEMATECA EM MARÇO – DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
A CINEMATECA EM MARÇO – DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
SUSAN SONTAG
Com Susan Sontag – Imagens de Pensamento, mergulhamos na obra cinematográfica da célebre escritora e filósofa, que, além de ensaísta e crítica nesta área, realizou quatro filmes. São esses filmes que serão apresentados na Cinemateca, acompanhados de uma ‘Carta Branca virtual’ baseada nas inúmeras listas que Sontag publicou em revistas ou nos seus diários pessoais e num programa concebido pela própria em 1990 para o cinema Arsenal em Berlim, que espelham as suas referências cinéfilas, de Bresson a Godard, passando por Fassbinder, Larissa Chepitko, Marco Bellocchio, Jack Smith, Bruce Conner, entre outros.
 
JEAN-DANIEL POLLET
Quando estreou a sua primeira curta-metragem em Veneza, em 1958, François Truffaut comparou-o a Jean Vigo, e, sobre esse mesmo filme, veio a dizer Jean-Paul Fargier que era “a invenção do espírito da Nouvelle Vague”. Com um percurso paralelo a esse movimento, Pollet é ainda hoje um dos nomes mais secretos e misteriosos da sua geração, excetuando alguns títulos lendários de que são exemplo MÉDITERRANÉE (1963) ou L’ORDRE (1974). Autor de uma obra multifacetada, iniciou-se com um conjunto de filmes mais narrativos, que associavam um sentido do burlesco a uma via poética inédita, para enveredar depois, por uma via de esplendorosos filmes-ensaio. Um cinema assente na importância dos corpos, dos objetos e da matéria do mundo, criado por um dos autores mais originais e livres do cinema francês da segunda metade do século XX, para ver em retrospetiva integral.
 
OSCAR MICHEAUX, PIONEIRO DO CINEMA AFRO-AMERICANO, APRESENTADO POR RICHARD PEÑA
Autor de cerca de quatro dezenas de filmes, Oscar Micheaux (1884-1951) foi um dos pioneiros do cinema independente americano feito por e para afro-americanos. Misturando entretenimento, folclore, análise social e as restrições do cinema de baixíssimo orçamento, o cinema afro-americano independente da primeira metade do século XX constitui um capítulo fascinante, embora pouco conhecido, de toda a herança cinematográfica dos EUA. Nome maior desta história por contar, de Micheaux exibiremos três títulos fundamentais dentre a sua vasta filmografia, em sessões que serão apresentadas por Richard Peña, reputado e influente professor da Universidade de Columbia, ex-programador do Festival de Cinema de Nova Iorque, do Film Center do Art Institute of Chicago e da Film Society do Lincoln Center, e um dos principais divulgadores da obra de Micheaux.
 
ROBERT DE WAVRIN / GRACE WINTER
Outra história que trazemos agora às nossas salas é a de Robert de Wavrin (1888–1971), frequentemente referido como “Marquês de Wavrin”, um aristocrata belga pioneiro do cinema etnográfico cujos filmes feitos no interior da selva amazónica junto de tribos indígenas, nas décadas de 1920 e 1930, não escapando naturalmente ao paradigma colonial e etnocêntrico mais geral em que surgiram, não deixam de se destacar hoje pela genuína atenção e curiosidade sem preconceitos que o explorador votou a essas tribos. São quatro filmes restaurados pela Cinémathèque Royale de Belgique, acompanhados pelo decisivo documentário MARQUIS DE WAVRIN, DU MANOIR À LA JUNGLE (“Marquês de Wavrin - da Mansão à Selva") de Grace Winter e Luc Plantier. Grace Winter estará em Lisboa durante o Ciclo para apresentar esta obras.
 
IN MEMORIAM PETER BOGDANOVICH E SIDNEY POITIER
Março será também o mês em que homenageamos dois homens falecidos já este ano e que marcaram a história do cinema: Peter Bogdanovich e Sidney Poitier. O primeiro (de quem a Cinemateca apresentou em 2010 um ciclo à época integral) esteve para ser nosso convidado de honra no ano passado, estando prevista uma nova retrospetiva integral em sua presença, depois adiada para o segundo semestre deste ano em consequência da pandemia. Falhado esse reencontro com a obra finalmente associado ao muito esperado encontro com a pessoa, a Cinemateca despede-se dele com profunda emoção, reexibindo alguns dos seus filmes mais inesquecíveis, agora acrescentados pelos dois títulos da sua filmografia realizados já após o ciclo anterior: SHE'S FUNNY THAT WAY e THE GREAT BUSTER (este, o seu último filme, inédito comercialmente em Portugal). Quanto a Poitier, outro nome decisivo da história da participação da comunidade afro-americana no cinema, homenageamos aquele que rompeu o tabu do acesso dos atores negros ao verdadeiro estrelato, marcando uma fronteira no mainstream hollywoodiano. São quatro filmes, encabeçados por GUESS WHO'S COMING TO DINNER, de Stanley Kramer em si mesmo marco dessa fronteira, realizado em 1967, em momento decisivo das lutas pelos direitos cívicos dessa comunidade.

Toda a informação sobre as sessões e horários da programação de março será divulgada no dia 15 de fevereiro.
A CINEMATECA EM MARÇO – DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
em cima: Oscar Micheaux
no topo: Susan Sontag
foto de entrada: Méditerranée (Jean-Daniel Pollet, 1963)