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Assunto: In Memoriam
Data: 07/01/2022
Peter Bogdanovich (1939-2022)
Peter Bogdanovich (1939-2022)
A partida de Peter Bogdanovich (1939-2022) assinala o princípio do fim de uma era, comummente designada por Nova Hollywood, em que figuraram nomes de referência do cinema contemporâneo, tais como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, William Friedkin, Steven Spielberg e o já falecido Michael Cimino.
 
A Cinemateca sempre reservou um espaço especial ao cinema deste realizador, um dos mais brilhantes discípulos do “rei do série B” Roger Corman e que foi também – nunca o deixou de ser – um fervilhante crítico, historiador e abnegado cinéfilo. A prova mais evidente dessa devoção à arte foram os livros que escreveu e os documentários que realizou com o intuito de divulgar e aprofundar a obra dos clássicos, tais como Buster Keaton, John Ford, Orson Welles e Allan Dwan. Nem de propósito, este último é hoje motivo, na Cinemateca Portuguesa, de uma das maiores retrospetivas de sempre da sua vasta obra.
 
Como a última imagem que guardamos da personagem do muito amado The Last Picture Show (1971), Sam The Lion, o antigo proprietário de um cinema onde ainda passavam os grandes clássicos (interpretação a cargo do ator icónico de John Ford, Ben Johnson), a partida de Bogdanovich representa mais um longo adeus. É a despedida de um imaginário de raízes firmemente plantadas na grande tradição do cinema americano e nos sonhos em celuloide.
Depois de, em 2010, termos dedicado uma retrospetiva a Peter Bogdanovich (que, à data, foi integral), há cerca de dois anos a Cinemateca convidou-o para se deslocar a Lisboa e aqui apresentar um novo ciclo completo da sua obra, desta vez acompanhado de uma Carta Branca. Muito bem acolhido pelo realizador, o projeto fora agendado para setembro de 2021, tendo depois sido adiado, a pedido do próprio, por motivo das dificuldades de viagem decorrentes da pandemia, estando agora previsto para o mês de setembro do corrente ano. Sem a sua presença, o projeto será então reconvertido, optando-se por um regresso a Bogdanovich num programa “in memoriam”, que apresentaremos já, em princípio, no próximo mês de março.
 
Ainda antes disso, porém, no dia 29 deste mês de Janeiro (sábado), será exibido o drama Mask (1985), lampejo de um período algo atribulado na vida e obra de Bogdanovich, mas com muito por redescobrir e reavaliar. A sessão forma um double bill com o ainda pouco visto Ratboy (1986) da realizadora Sandra Locke, um lado B, muito negro, para o filme de Bogdanovich.


Compilação de textos da Cinemateca sobre a obra de Peter Bogdanovich