Criador multifacetado e figura fundamental do cinema dito experimental, Michael Snow é autor de uma extensa obra que, ao longo de sete décadas, se expandiu por uma multiplicidade de meios e de disciplinas, como a pintura, a música, o cinema, a fotografia ou o vídeo, que experimentou sem cessar. Snow esteve na Cinemateca em Fevereiro de 2019 a apresentar uma retrospetiva da sua obra cinematográfica, à data integral, que englobou vinte e cinco filmes, entre os quais os incontornáveis Wavelength (1967) e La Région centrale (1971), os seus dois filmes mais conhecidos e aqueles que o próprio elegeu como favoritos entre os vários que realizou, a par de 'Rameau’s Nephew' by Diderot (Thanx to Dennis Young) by Wilma Schoen (1974).  Nestes e noutros filmes, ao trabalhar insistentemente sobre os diversos elementos cinematográficas, como a articulação do espaço, tempo e duração, ou as relações som e imagem, Snow levou muito longe as suas experiências em torno da perceção e ilusão, contribuindo decisivamente para uma interrogação sobre a natureza do cinema e alargando as suas fronteiras.  Prestamos assim homenagem a Michael Snow recordando-o e ao seu modo singularíssimo de olhar o mundo, as suas cores, a presença das coisas, expresso nos filmes, mas também nos momentos de verdadeira exceção que partilhámos em sua companhia.