CICLO
Double Bill


As quatro sessões duplas de novembro (uma sessão, dois filmes, um bilhete único) propõem-se na evidência e por entrelinhas. A rimar com o hollywoodiano Nicholas Ray em que Bogart “nasce e morre” durante as poucas semanas em que vive uma história de amor com Gloria Grahame (IN A LONELY PLACE), um Hong Sang-Soo recente numa primeira vez na Cinemateca, SÍTIO CERTO, HISTÓRIA ERRADA. MAYERLING de Anatole Litvak é também programado pela primeira vez, com RETOUR À MAYERLING de Paul Vecchiali, um dos filmes que ficaram por mostrar na retrospetiva acompanhada em Lisboa pelo realizador em maio. Há também Chaplin e Lubitsch – A WOMAN OF PARIS e CLUNY BROWN – e duas vezes Bogdanovich – THE LAST PICTURE SHOW e TEXASVILLE.
 
04/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

A Woman of Paris | Cluny Brown
duração total da projeção: 184 min | M/12
11/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Mayerling | Retour à Mayerling
duração total da projeção: 175 min | M/12
 
18/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

The Last Picture Show | Texasville
duração total da projeção: 243 min | M/12
 
25/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Jigeuemeun Matgo Geuttaeneun Teullida | In a Lonely Place
duração total da projeção: 214 min | M/12
04/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
A Woman of Paris | Cluny Brown
duração total da projeção: 184 min | M/12
A WOMAN OF PARIS é acompanhado ao piano por Filipe Raposo

Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
A WOMAN OF PARIS
Opinião Pública
de Charles Chaplin
com Edna Purviance, Adolphe Menjou, Carl Miller, Lydia Knott
Estados Unidos, 1923 – 84 min / mudo, com intertítulos em inglês
CLUNY BROWN
O Pecado de Cluny Brown
de Ernst Lubitsch
com Jennifer Jones, Charles Boyer, Richard Haydn, Peter Lawford, Una O’Connor
Estados Unidos, 1946 – 100 min / legendado em português

Uma obra-prima de Chaplin, da qual a personagem de Charlot está ausente (Chaplin surge numa breve aparição não creditada, sendo a sua ausência do filme notada em advertência inicial aos espectadores). Se o melodrama sempre espreitou os seus geniais filmes burlescos, Chaplin assume-o inteiramente em A WOMAN OF PARIS, um dos seus filmes mais perfeitos, de grande influência nos anos vinte, a despeito do fracasso de bilheteira. CLUNY BROWN foi o último filme inteiramente realizado por Lubitsch (o derradeiro THAT LADY IN ERMINE foi completado por Preminger), para quem a descoberta do filme de Chaplin nos anos vinte foi decisiva. É uma obra corrosiva sobre uma jovem canalizadora que, por via da profissão, conhece um escritor polaco por quem se apaixona. Os tradutores portugueses que acrescentaram o “pecado” ao título lá teriam as suas razões. “Este é o filme de Lubitsch em que a câmara menos se move e em que o vazio ocupa mais lugar. Cineasta tão ligado ao prazer e à carne, é sintomático que tenha terminado filmando o tabu desse prazer e dessa carne, ou o grande escândalo – o pecado – da sua jamais pacífica coexistência” (João Bénard da Costa).
 
11/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Mayerling | Retour à Mayerling
duração total da projeção: 175 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
MAYERLING
Mayerling
de Anatole Litvak
com Charles Boyer, Danielle Darrieux, Jean Dax, Jean Debucourt
França, 1936 – 95 min / legendado eletronicamente em português
RETOUR À MAYERLING
de Paul Vecchiali
com Édith Scob, Astrid Adverbe, Marianne Baser, Paul Vecchiali
França, 2011 – 80 min / legendado electronicamente em português

Em MAYERLING Danielle Darrieux e Charles Boyer são jovens e amantes. É o primeiro encontro cinematográfico dos atores, que Max Ophuls volta a juntar 20 anos depois em MADAME DE…, a obra-prima em que ambos, aristocratas, são casados mas não amantes. O filme de Litvak baseia-se na história verídica do Príncipe Rodolfo da Áustria, herdeiro da coroa, e da Baronesa Maria Vetsera, a partir do romance de Idyll’s End, de Claude Anet. O idílio amoroso dos protagonistas adúlteros acaba tragicamente em Mayerling. Sumptuoso, radiante são adjetivos recorrentes a propósito do filme em que a dimensão romântica se alia à política e que está indelevelmente ligado à afirmação estrelar de Danielle Darrieux. Paul Vecchiali foi levado para o cinema pela visão, no ecrã, de Darrieux em MAYERLING. Filmou-a, por exemplo, em EN HAUT DES MARCHES (1983, aqui mostrado na retrospetiva Paul Vecchiali) e os seus filmes são marcados pela presença da imagem de Darrieux, nem que seja em fotografia. A casa que atualmente habita e onde filma como ato de resistência e em plena liberdade criativa em Plan-de-la-Tour é a “villa Mayerling” em homenagem à atriz. RETOUR À MAYERLING é, na sua obra, um dos filmes do núcleo da “Pentalogia do Sul de França”, em que a casa é ela própria um elemento fundamental do filme e em que Vecchiali assume o papel de uma personagem recorrente, que responde por nomes diversos. É o filme de Vecchiali em que a representação dos fantasmas é literal, nos belos corpos e espíritos do realizador e de Edith Scob. Primeiras exibições na Cinemateca.
 
18/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
The Last Picture Show | Texasville
duração total da projeção: 243 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
THE LAST PICTURE SHOW
A Última Sessão
de Peter Bogdanovich
com Timothy Bottoms, Jeff Bridges, Cybill Shepherd, Cloris Leachman, Ellen Burstyn
Estados Unidos, 1971 – 118 min / legendado em português
TEXASVILLE
Texasville
de Peter Bogdanovich
com Jeff Bridges, Cybill Shepherd, Timothy Bottoms, Cloris Leachman, Randy Quaid
Estados Unidos, 1990 – 125 min / legendado em espanhol

THE LAST PICTURE SHOW e TEXASVILLE são o díptico cinéfilo e texano de Peter Bognadovich com Jeff Bridges, Cybill Shepherd e Timothy Bottoms. A ação do primeiro recua a 1951 para seguir a vida de um grupo de adolescentes numa pequena cidade do Texas. Retratam-se a passagem para a idade adulta, as primeiras desilusões e o fim de uma época, representado pelo encerramento da única sala de cinema da localidade e pelo embarque de alguns para a guerra na Coreia. Requiem pelo cinema clássico americano e alegoria dos dramas presentes em 1971, com a Coreia sugerindo o Vietname, num filme melancólico e magnífico. TEXASVILLE é um regresso às principais personagens de THE LAST PICTURE SHOW. Em Anarene, várias décadas depois, as personagens de Duane, Jacy e Sony reencontram-se não apenas mais velhas, também mais perdidas e, como a sua pequena cidade, já sem a aura cinéfila que sobre elas pairava. Bogdanovich falou do filme como de um projeto difícil que sentiu como “uma segunda oportunidade”. Incompreendido quando estreou, TEXASVILLE foi um “flop” e mais um passo para a reputação “maldita” de Bogdanovich. É um belíssimo filme.
 
25/11/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Jigeuemeun Matgo Geuttaeneun Teullida | In a Lonely Place
duração total da projeção: 214 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
JIGEUEMEUN MATGO GEUTTAENEUN TEULLIDA
Sítio Certo, História Errada
de Hong Sang-Soo
com Jung Jaeyoung, Kim Minhee, Ko Asung, Choi Hwajung
Coreia do Sul, 2015 – 121 min / legendado em português
IN A LONELY PLACE
Matar ou Não Matar
de Nicholas Ray
com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Martha Stewart
Estados Unidos, 1950 – 93 min / legendado em português

Mais conhecido pelo seu título internacional, RIGHT NOW, WRONG THEN – a que o título português não é fiel –, o filme em duas partes de Hong Sang-Soo propõe a mesma história de encontro romântico entre um realizador de cinema e uma jovem artista plástica que se conhecem fortuitamente e passam um dia juntos na cidade de Swon. Variam pormenores narrativos e formais, variam os desfechos. Varia o prolífero Hong Sang-Soo sobre as premissas do seu cinema, minimal, intimista, feito de declinações. IN A LONELY PLACE, segunda longa-metragem de Nicholas Ray com Humphrey Bogart, foi produzido pela sua estrela e tem o cinema como pano de fundo. Bogart interpreta o papel de um argumentista atormentado suspeito de ter assassinado brutalmente uma jovem empregada de um restaurante, mas o filme é essencialmente um testemunho sobre a violência que todos temos dentro de nós. “Não se perde um olhar / não é verdade meu irmão Humphrey Bogart?”, como diz o poema de Ruy Belo. SÍTIO CERTO, HISTÓRIA ERRADA é uma primeira exibição na Cinemateca.