26/09/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Vosrachtchenié Maxima
“O Regresso de Máximo”
de Grigori Kozintsev, Illya Trauberg
com Boris Chirkov, Valentina Kibardina, Aleksandre Kuznetsov, Aleksandr Chistyakov
URSS, 1937 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A ação passa-se em 1914, no início da Grande Guerra. Maxim, “que se tornou um bolchevista plenamente formado” (Jay Leyda), e os seus camaradas organizam greves e participam em grandes manifestações contra a guerra, enfrentando a polícia czarista. Ao analisar as características estéticas da trilogia, cujos autores nunca deixaram de ser formalistas, Leyda observa que a narrativa “segue um fluxo livre. Mas isto aumenta o prazer proporcionado pelo filme, que é baseado num processo de seleção artística – de palavras, gestos, rostos, momentos”. Outra novidade foi ensaiar com os atores episódios que não seriam filmados, para que aquilo que está fora do filme fizesse parte da sua construção.
 
26/09/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Luis Miguel Cintra: O Cinema

Retrospetiva
Erros Meus | Todas Hieren
duração total da projeção: 97 min | M/12
ERROS MEUS
de Jorge Cramez
com Luis Miguel Cintra, Isabel Ruth
Portugal, 2000 – 15 min
TODAS HIEREN
de Pablo Llorca
com Luis Miguel Cintra, Leonor Watling, Eusebio Lázaro, Luz Ceballos, Alberto Jiménez, José María Caffarel
Espanha, 1997 – 82 min / legendado eletronicamente em português

TODAS HIEREN é a terceira longa-metragem do espanhol Pablo Llorca – também escritor, programador e crítico de arte –, que filmou com Luis Miguel Cintra depois de o ter admirado nos filmes de Manoel de Oliveira e com quem Cintra estabeleceu uma relação de cumplicidade manifesta na sessão que ambos acompanharam do filme no Lisbon & Estoril Film Festival em 2015. Na ocasião, o ator referiu-se ao cunho pessoal do trabalho de Llorca, ao lugar que o mistério ocupa nos seus filmes. Contracenando com Leonor Watling, numa interpretação em castelhano – que apreciou especialmente por ter nascido na capital espanhola, Luis Miguel Cintra é o protagonista masculino de TODAS HIEREN, cujo argumento partiu de um verso latino que em castelhano afirma “Todas hieren, sólo la última mata”. A sessão abre com a camoniana curta-metragem de Jorge Cramez, ERROS MEUS, que Luis Miguel Cintra ilumina ao lado de Isabel Ruth. Primeiras exibições na Cinemateca.
 
26/09/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
1917 no Ecrã I
Bronenosets Potemkin / Panzerkreuzer Potemkin | Shestaya Chast Mira
duração total da projeção: 132 min | M/12
SHESTAYA CHAST MIRA com companhamento ao piano por Filipe Raposo
BRONENOSETS POTEMKIN / PANZERKREUZER POTEMKIN
O Couraçado Potemkine
de Sergei M. Eisenstein
com Aleksander Antonov, Grigori Alexandrov, Vladimir Barsky
URSS, 1925 / Alemanha, 1930 – 49 min / versão sonorizada, com diálogos em alemão legendados eletronicamente em português | M/12
SHESTAYA CHAST MIRA
“A Sexta Parte do Mundo”
de Dziga Vertov
União Soviética, 1926 – 83 min / mudo, intertítulos em russo legendados em português

Propomos a rara versão sonorizada de O COURAÇADO POTEMKINE, feita na Alemanha em 1930. Em 1926, para o lançamento do filme na Alemanha, Edmund Meisel compôs uma partitura moderna e dissonante, com elementos do “bruitismo”, que ficou mítica. Quando o filme foi reposto na Alemanha em 1930 fez-se uma versão sonorizada, com a música gravada em discos, o acréscimo de diálogos falados em alemão e, por conseguinte, a supressão dos intertítulos. Uma obra muda foi transformada em “talkie” e projetada a 24 imagens por segundo e não 18, o que acarretou uma redução do tempo de projeção em mais de vinte minutos. Um verdadeiro trabalho de intervenção. Os discos originais, em 78 rotações, foram descobertos no Museu Técnico de Viena e, depois de anos de esforços, esta versão foi restaurada pelo Filmmuseum de Viena. Martin Reinhardt, um dos responsáveis pelo trabalho considera que o resultado final é “uma versão drasticamente nova, uma reinterpretação autónoma”. A apresentar em cópia digital. “A versão reconstruída é uma iniciativa conjunta da Universidade das Artes de Berlim, da Cinemateca de Viena e do Museu Técnico de Viena” (Österreichisches Filmmuseum). Dziga Vertov foi o mais radical de todos os membros da vanguarda cinematográfica soviética dos anos vinte, partidário de um “cinema puro”, sem argumento, atores ou laço algum com a literatura, de que o seu filme mais célebre, O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR, é um verdadeiro manifesto. Realizado três anos antes, “A SEXTA PARTE DO MUNDO” (ou seja, a União Soviética, então o único país comunista do mundo) foi uma encomenda da agência de comércio estatal soviética, para a divulgação internacional do país. Vertov transformou a encomenda num grande cine-poema, concebido como um filme “unanimista”, que mostra diversas regiões da URSS, europeias e asiáticas, contrastando-as com o mundo capitalista. Contrariamente ao que se passa em O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR, aqui os intertítulos são numerosos e a construção é demonstrativa. Uma obra extremamente importante, mas relativamente pouco vista, de uma das figuras mais brilhantes e isoladas da história do cinema.
 
26/09/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Luis Miguel Cintra: O Cinema

Retrospetiva
A Ilha dos Amores
de Paulo Rocha
com Luis Miguel Cintra, Clara Joana, Zita Duarte, Jorge Silva Melo, Paulo Rocha, Yoshiko Mita
Portugal, 1982 - 169 min
falado em português e japonês, legendado eletronicamente em português | M/12
,– / Compõe-se em nove cantos e é um filme inspirado na vida e obra do escritor Wenceslau de Moraes, que saiu de Portugal nos finais do século XIX para buscar no Japão uma “arte de viver” que conciliasse o material e o espiritual. Uma das obras mais arriscadas do cinema português, em que o trabalho de mise en scène é sobretudo realizado no interior dos próprios planos. “Cantos de Os Lusíadas, de Pound, de Chu Yuan (...) Era um pouco megalómano: juntar todas as culturas, todas as artes, todos os estilos, todas as línguas. Mas lá estavam o Moraes e a Ko-Háru, o gato e o pássaro de O-Yoné, o pintor impotente, para darem humanidade ao décor excessivo” (Paulo Rocha). Luis Miguel Cintra, que preza especialmente A ILHA DOS AMORES, é o Wenceslau de Moraes deste filme, num dos seus grandes e mais exigentes papeis em cinema.