CICLO
Double Bill


Um programa “Double Bill” composto por grandes clássicos aos quais os seus próprios realizadores regressaram vários anos mais tarde para refazerem “o mesmo” (ou outro) filme. Os segundos títulos das três sessões poderão ser considerados como “auto-remakes” dos primeiros e são muitas as razões para tal gesto: a sensação de um primeiro filme falhado, a evolução tecnológica – como a transição do mudo para o sonoro ou o aparecimento da cor –, ou o sucesso de um filme anterior. Estas são apenas três escolhas entre muitas possíveis igualmente fascinantes pois de fora ficaram por exemplo os dois THE MAN WHO KNEW TOO MUCH, de Hitchcock, ou LOVE AFFAIR/AN AFFAIR TO REMEMBER de Leo McCarey), mas entre UMARETE WA MITA KEREDO/OHAYO e JUDGE PRIEST/THE SUN SHINES BRIGHT é todo um universo vastíssimo que se desenha.
 
 
03/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Umarete Wa Mita Keredo | Ohayo
duração total da projeção: 184 min | M/12
 
17/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

High Sierra | Colorado Territory
duração total da projeção: 188 min | M/12
24/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Judge Priest | The Sun Shines Bright
duração total da projeção: 170 min | M/12
03/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Umarete Wa Mita Keredo | Ohayo
duração total da projeção: 184 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
UMARETE WA MITA KEREDO
“Nasci, Mas…”
de Yasujiro Ozu
com Hideo Sugawara, Tokkan Kozo, Tatsuo Saito
Japão, 1932 – 90 min / mudo, intertítulos em japonês, narrados em francês e legendados eletronicamente em português
OHAYO
“Bom Dia”
de Yasujiro Ozu
com Keiji Sata, Yoshiko Kuga, Koji Shigaraki, Masahiko Shimazu
Japão, 1959 - 94 min / legendado em inglês e eletronicamente em português

“NASCI, MAS…” (conhecido em francês como GOSSES DE TOKYO) é considerado como o primeiro dos grandes filmes de Yasujiro Ozu. Para Donald Richie é “a primeira vez que o cineasta combinou na perfeição todos os elementos que caracterizam o seu estilo”. História trágico-cómica sobre a relação entre um homem e os seus dois filhos, que não percebem por que motivo tem o pai de agir com tanta subserviência perante o patrão. O filme é realizado num estilo extremamente depurado, mas ainda longe do despojamento absoluto que caracterizaria a fase final do cinema do mestre japonês (1949-62). OHAYO regressa a UMARETE WA MITA KEREDO, apresentando-se como uma sua variação. Se o primeiro é mudo e a preto e branco, OHAYO é sonoro e trabalha exemplarmente a cor. Contrariamente à quase totalidade das obras-primas realizadas por Ozu na fase final da sua carreira, OHAYO não aborda o tema da dissolução de uma família, apenas um momento de crise. À semelhança do filme de 1934, os protagonistas são dois miúdos mas que aqui fazem uma greve de silêncio para protestar contra o facto dos pais se recusarem a comprar uma televisão. A realização de Ozu, como sempre rigorosa e perfeita, tece um filme que, ao invés de mostrar o fim de uma vida, ou de uma família, mostra uma continuidade, a aceitação da mudança.
 
17/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
High Sierra | Colorado Territory
duração total da projeção: 188 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
HIGH SIERRA 
O Último Refúgio
de Raoul Walsh
com Humphrey Bogart, Ida Lupino, Arthur Kennedy, Joan Leslie, Cornel Wilde
Estados Unidos, 1941 – 95 min / legendado em português
COLORADO TERRITORY
Golpe de Misericórdia
de Raoul Walsh
com Joel McCrea, Virginia Mayo, Dorothy Malone, Henry Hull
Estados Unidos, 1949 – 93 min / legendado em português

O filme que fez de Bogart uma vedeta. HIGH SIERRA adapta uma popular novela de W.R. Burnett e é a história de um “gangster” envelhecido, “Mad Dog” Earle, que vai realizar um último assalto, acabando alvo de uma gigantesca perseguição na montanha. Um dos grandes papéis de Humphrey Bogart, que no ano anterior se tornara tardiamente vedeta (aos 41 anos), com THE MALTESE FALCON. Walsh refez o filme como western em COLORADO TERRITORY, uma história trágica marcada pelo romantismo, que segue o percurso da relação entre um fora da lei e uma rapariga mestiça. Nova versão de HIGH SIERRA, transfere o pano de fundo do filme negro para o western e inclui um final alucinante que só tem paralelo, na obra de Walsh, noutra obra-prima do realizador feita nesse mesmo ano: WHITE HEAT. Dois grandes clássicos nos seus diferentes géneros. 
 
24/06/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Judge Priest | The Sun Shines Bright
duração total da projeção: 170 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
JUDGE PRIEST
de John Ford
com Will Rogers, Tom Brown, Anita Louise
Estados Unidos, 1934 – 80 min / legendado eletronicamente em português
THE SUN SHINES BRIGHT
O Sol Nasce Para Todos
de John Ford
com Charles Winninger, Arleen Whelan, John Russell, Stepin Fetchit, Russell Simpson
Estados Unidos, 1953 – 90 min / legendado eletronicamente em português

As histórias de Irvin S. Cobb sobre um magistrado de uma pequena cidade do Kentucky conduziram Ford a estes dois filmes. Há muitos anos não visto na Cinemateca, JUDGE PRIEST tem Will Rogers como protagonista. Um filme que não foi tão longe como o seu autor planeara, tendo sofrido cortes da Fox na sequência do linchamento, que seria recuperada por Ford no segundo filme da sessão. THE SUN SHINES BRIGHT é uma nova versão de JUDGE PRIEST, realizada vinte anos depois. Mas a personagem surge agora envelhecida e o olhar de Ford é mais sereno. Em tempo de eleições para um novo mandato como juiz, Priest ousa enfrentar as convenções sociais da sua cidade em casos polémicos como o julgamento de um negro e o enterro de uma prostituta, o que lhe pode custar a vitória. Um magistral retrato de uma comunidade que Ford várias vezes apontou como o favorito da sua extensa obra.