CICLO
Double Bill


Em maio, no programa “Double Bill” (dois filmes, uma sessão, um bilhete único), procuramos estabelecer diferentes tipos de “rimas” – narrativas ou formais, afetivas ou culturais – entre os filmes escolhidos, realizados entre 1933 e 2010: um filme que até certo ponto é uma transposição daquele com que é cotejado (MY OWN PRIVATE IDAHO e CHIMES AT MIDNIGHT), duas comédias baseadas em mal-entendidos (CORALIE ET CIE e TERESA VENERDÌ), dois dos filmes mais “hitchcockianos” realizados por dois cineastas e ex-críticos franceses que tiveram um papel fundamental na avaliação do mestre, Claude Chabrol e François Truffaut e, na última sessão, dois filmes sobre o perigo (THE LEOPARD MAN e LA VIRGEN DE LOS SICARIOS), que nos dois casos é tão visível quanto invisível. Dos oito filmes escolhidos, dois nunca foram apresentados na Cinemateca (CORALIE ET CIE; LA VIRGEN DE LOS SICARIOS), dois outros (MY OWN PRIVATE IDAHO e LA FEMME INFIDÈLE) não o são há respetivamente 23 e 30 anos, e TERESA VENERDÌ não passa nesta sala há 12 anos. E como diz o provérbio italiano, “aquilo que se faz bem é sempre novo”.
 
06/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Chimes at Midnight / Campanadas a Medianoche | My Own Private Idaho
duração total da projeção: 224 min | M/18
13/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Teresa Venerdì | The Major and the Minor
duração total da projeção: 192 min | M/12
 
20/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

La Femme Infidèle | La Sirène du Mississipi
duração total da projeção: 221 min | M/12
 
27/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

The Leopard Man | La Virgen de Los Sicarios
duração total da projeção: 176 min | M/16
06/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Chimes at Midnight / Campanadas a Medianoche | My Own Private Idaho
duração total da projeção: 224 min | M/18
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
CHIMES AT MIDNIGHT / CAMPANADAS A MEDIANOCHE
Badaladas à Meia-Noite
de Orson Welles
com Orson Welles, Keith Baxter, John Gielgud, Jeanne Moreau
Espanha,França, Suíça, 1966 – 120 min / legendado em português
MY OWN PRIVATE IDAHO
A Caminho de Idaho
de Gus Van Sant
com River Phoenix, Keanu Reeves, William Ritchert
Estados Unidos, 1991 – 104 min / legendado em português

CHIMES AT MIDNIGHT costuma ser considerado como a melhor das adaptações shakespereanas de Orson Welles. O filme transpõe Henrique IV, acrescentando alguns trechos de Henrique IV, Ricardo II e de As Alegres Comadres de Windsor. O protagonista é a personagem boémia de Sir John Falstaff, amigo do jovem Henry, herdeiro do trono britânico e seu companheiro de “má vida”, que no entanto o renegará ao herdar a coroa. O filme de Welles é uma parelha lógica para MY OWN PRIVATE IDAHO. Ao preparar o seu filme, Gus Van Sant reviu o de Welles e chegou à conclusão de que as suas personagens viviam situações semelhantes às mostradas por Shakespeare e Orson Welles. No filme de Van Sant, todas as cenas com a personagem de William Richert transpõem cenas inteiras do filme de Welles, com ligeiras modificações nos diálogos. Terceira longa-metragem de Gus Van Sant e a sua obra-prima, o filme conta a história de dois prostitutos (um dos quais é de família rica e degrada-se para se vingar do pai), numa história profundamente triste, embora luminosa, de amor sem reciprocidade, filmada com muita imaginação e liberdade visual. É o filme que fez com que River Phoenix entrasse para a História do cinema. MY OWN PRIVATE IDAHO não é apresentado na Cinemateca desde 1994.
 
13/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Teresa Venerdì | The Major and the Minor
duração total da projeção: 192 min | M/12
A cópia de CORALIE ET CIE que tínhamos a intenção de programar revelou-se ser a única no mundo e, por este motivo, não poderá ser cedida à Cinemateca Portuguesa. Em substituição, propomos THE MAJOR AND THE MINOR/A INCRÍVEL SUSANA (1942), de Billy Wilder, com legendas eletrónicas em português. Além de serem brilhantes comédias, realizadas no mesmo ano, os dois filmes abordam, entre outras coisas, o tema ultra-sensível das relações entre um adulto e uma adolescente.

Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
TERESA VENERDÌ
Uma Rapariga às Direitas
de Vittorio De Sica
com Vittorio De Sica, Anna Magnani, Irasema Dillian
Itália, 1941 – 92 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 192 min | M/12
THE MAJOR AND THE MINOR
A Incrível Susana
de Billy Wilder
com Ginger Rogers, Ray Milland, Rita Johnson
Estados Unidos, 1942 - 100 min / legendado electronicamente em português
 
TERESA VENERDÌ, estreia de Vittorio De Sica na realização, depois de uma importante carreira de ator, é uma brilhante comédia (baseada num romance húngaro), na qual o realizador conseguiu inserir várias alfinetadas contra o regime mussoliniano. De Sica é um médico que trabalha num orfanato e é amante de uma cantora de revistas (Anna Magnani, impagável). A terceira personagem é uma “menina bem” que só fala em versos rimados e com quem De Sica acaba por ver-se noivo, naturalmente à sua revelia. TERESA VENERDÌ não é programado há 12 anos. THE MAJOR AND THE MINOR, o primeiro filme americano de Billy Wilder, que impôs, de imediato, o seu estilo provocador. Uma jovem disfarça-se de criança para poder usufruir da taxa reduzida numa viagem de comboio. Um major ajuda-a na situação. Toda a "perversidade" de Wilder está presente na relação da jovem com o oficial, num daqueles prodígios do cinema clássico americano, em que tudo é dito sem ser dito (neste caso, um homem, maior de idade, corteja ou é amante de uma adolescente). Wilder consegue mesmo passar uma famosa rasteira à censura, colocando o par na mesma cama, o que era proibido. Como se tratava de uma "criança", os censores fecharam os olhos. O resultado acabou por ser ainda mais escabroso. Por alguma razão, em Portugal, os censores vetaram o título "O Major e a Menor".

 
20/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
La Femme Infidèle | La Sirène du Mississipi
duração total da projeção: 221 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
LA FEMME INFIDÈLE
A Mulher Infiel
de Claude Chabrol
com Michel Bouquet, Stéphane Audran, Maurice Ronet
França, 1969 – 98 min / legendado eletronicamente em português
LA SIRÈNE DU MISSISSIPI
A Sereia do Mississipi
de François Truffaut
com Catherine Deneuve, Jean-Paul Belmondo, Nelly Bourgeaud
França, 1969 – 123 min / legendado eletronicamente em português

Como críticos, o quinteto Cahiers du Cinéma-Nouvelle Vague formado por Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Eric Rohmer, Claude Chabrol e François Truffaut, teve um papel absolutamente fundamental no reconhecimento de Alfred Hitchcock como um dos grandes mestres do cinema, o que estava longe de ser pacífico nos anos cinquenta (André Bazin morreu em 1958 sem estar convencido). Mas, dos cineastas deste grupo, Chabrol e Truffaut foram aqueles que, em alguns passos dos seus filmes, se aproximam do modo mais deliberado das mitologias ou de elementos de mise-en-scène do mestre. LA FEMME INFIDÈLE foi feito num dos melhores momentos da carreira bastante irregular de Chabrol (LE BOUCHER, QUE LA BÊTE MEURE, o subestimado JUSTE AVANT LA NUIT). História de suspeita, mentiras e manipulação (como SUSPICION e DIAL M FOR MURDER, de Hitchcock), o filme é ambientado, como é frequente em Chabrol, nos meios da alta burguesia. O marido suspeita que a mulher tem um amante e vinga-se, mas ela tenta encobrir o ato por ele cometido. Em LA SIRÈNE DU MISSISSIPI, talvez o mais hitchcockiano dos seus filmes (uma mulher loura e fria que não é quem aparenta, a banda-desenhada que faz com que o protagonista masculino perceba a situação em que se encontra), Truffaut conta-nos uma história de sedução, traição e morte, que começa na ilha tropical da Reunião e termina nos Alpes, na neve. LA FEMME INFIDÈLE não é programado na Cinemateca há exatamente 30 anos.
 
27/05/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
The Leopard Man | La Virgen de Los Sicarios
duração total da projeção: 176 min | M/16
Entre os dois filmes há um intervalo de 30 minutos
THE LEOPARD MAN
O Homem Leopardo
de Jacques Tourneur
com Dennis O’Keefe, James Bell, Margo
Estados Unidos, 1943 – 65 min / legendado em português
LA VIRGEN DE LOS SICARIOS
Nossa Senhora dos Matadores
de Barbet Schroeder
com Germán Jaramillo, Anderson Ballesteros, Juan David Restrepo
França, Espanha, Colômbia, 2010 – 101 min / legendado em português

Como THE CAT PEOPLE e I WALKED WITH A ZOMBIE, THE LEOPARD MAN é uma das obras-primas, no domínio do filme de horror, resultantes da colaboração entre Jacques Tourneur e o produtor Val Lewton. Estes filmes são baseados na ideia de transmitir o horror por sugestão, através da criação de um ambiente. Em THE LEOPARD MAN, estamos numa pequena cidade do México, onde são cometidos uma série de crimes horríveis, atribuídos a um leopardo. Suíço, produtor da Nouvelle Vague, Barbet Schroeder conseguiu realizar diversos filmes em Hollywood, sem deixar de fazer alguns documentários brilhantes, em vários pontos do mundo. LA VIRGEN DE LOS SICARIOS, certamente um dos seus melhores filmes de ficção, situa-se em Medellín, então totalmente dominada pelo tráfico de drogas. Um intelectual quadragenário regressa à cidade depois de vários anos de ausência no estrangeiro e tem uma relação passional e sexual com um jovem assassino por contrato, que está, por sua vez, ameaçado por outros assassinos por contrato, designados na Colômbia pela erudita palavra sicários. Uma história de paixão e consciência social, situada num mundo caótico e mortífero, onde quem não mata é morto. LA VIRGEN DE LOS SICARIOS é uma primeira exibição na Cinemateca.