CICLO
Absolutamente Bowie


Não vamos lembrar a biografia, o culto, as canções, as muitas fases, na música – onde o génio invulgarmente se aliou à popularidade – como na persona que lhe foi estando “colada”, as muitas vidas ou as muitas máscaras, a efervescência, a singularidade extraída da teatralização ou das variações ou da reinvenção permanente; o modo como se tornou parte do mundo e do imaginário pop e dele extravasou, de que foi demonstração o “choque planetário” que o seu desaparecimento em janeiro deste ano provocou (altura em que correram rios de tinta, ou uma catadupa de caracteres em seu lugar). É que não é mesmo preciso, no caso de David Bowie, o “dispensa apresentações” peca por defeito.
Digamos então que evocar David Bowie no cinema, David Bowie para quem o cinema foi, além de um dos “terrenos”, uma referência importante (e “toda a gente” cita em particular a de 2001 e A LARANJA MECÂNICA de Kubrick como inspiração de Space Oddity e The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars), é programar filmes em que foi ator, filmes que viveram da sua presença, filmes em que as suas canções ocuparam um lugar importante. Tomada no seu conjunto, a filmografia de Bowie é assinalável, de inúmeras participações em bandas sonoras e com um significativo lote de filmes em papeis protagonistas ou pequenas participações que, senão primam pelo mesmo diapasão da sua obra musical, incluem uma série de títulos de culto, na maioria dos casos indissociáveis da aura conferida pela sua presença. As notas que se seguem propõem-se explicar as escolhas feitas, limitadas pela acessibilidade de cópias de projeção de títulos como THE IMAGE (Michael Armstrong, 1967), o filme da primeira aparição de Bowie no cinema, em terror, formato curto, recentemente libertado “em linha” no Wall Street Journal por cortesia do David Bowie Archive; ou LOVE YOU TILL TUESDAY (Malcolm J. Thomson, 1984), concebido como filme promocional em 1969 pelo então agente de Bowie. Na Cinemateca, onde Bowie teve um primeiro pequeno Ciclo em 2003 (“Cantores/Atores”), julho é um mês Bowie, no interior escuro da sala M. Félix Ribeiro, e ao ar livre na Esplanada, em cinco projeções à sexta-feira.
 
08/07/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Absolutamente Bowie

Merry Christmas, Mr. Lawrence
Feliz Natal, Mr. Lawrence
de Nagisa Oshima
Reino Unido, Japão, 1952 - 122 min
08/07/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Absolutamente Bowie

Io e Te
Eu e Tu
de Bernardo Bertolucci
Itália, França, 2012 - 103 min
 
11/07/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Absolutamente Bowie

The Last Temptation of Christ
A Última Tentação de Cristo
de Martin Scorsese
Estados Unidos, 1988 - 164 min
 
12/07/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Absolutamente Bowie

Io e Te
Eu e Tu
de Bernardo Bertolucci
Itália, França, 2012 - 103 min
12/07/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Absolutamente Bowie

Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
de D. A. Pennebaker
Estados Unidos, 1979 - 90 min
08/07/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Absolutamente Bowie
Merry Christmas, Mr. Lawrence
Feliz Natal, Mr. Lawrence
de Nagisa Oshima
com David Bowie, Ryuichi Sakamoto, Tom Conti, Takeshi Kitano
Reino Unido, Japão, 1952 - 122 min
legendado eletronicamente em português | M/16
O primeiro filme em inglês de Nagisa Oshima tem por cenário um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, na ilha de Java, onde os japoneses mantêm prisioneiros aliados. Na personagem de um major aí prisioneiro, o papel protagonista de Bowie é um dos mais atípicos mas também mais celebrados da sua filmografia de ator, em contracena com a complexa personagem do comandante japonês interpretado por Ryuichi Sakamoto, também autor da banda musical do filme (de onde Bowie está ausente). É em boa medida a relação entre eles que marca o brutal MERRY CHRISTMAS, MR. LAWRENCE. Oshima escolheu dois “astros” da cena musical para as interpretar, referindo-se a Bowie como alguém de “espírito indestrutível”. Takeshi Kitano surge como sargento japonês, num papel também ele marcante no percurso do ator-realizador.
08/07/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Absolutamente Bowie
Io e Te
Eu e Tu
de Bernardo Bertolucci
com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco, Sonia Bergamasco, Veronica Lazar
Itália, França, 2012 - 103 min
legendado em português | M/12
Pode resumir-se o enredo como o da história de um solitário adolescente de 14 anos que se refugia na cave do seu próprio prédio durante uma semana, onde encontra o subterrâneo cenário de um inesperado encontro com a meia-irmã. Eu e tu, diz-nos o título. Bertolucci filmou-o a partir do romance homónimo de Niccolò Ammaniti, uma década depois de THE DREAMERS e, como nesse, mas também como no inicial PRIMA DELLA RIVOLUZIONE (1964), volta à juventude. E há uma cena iluminada por uma canção de Bowie, que muito revela: Ragazzo Solo, Ragazza Sola, a versão em língua italiana da célebre Space Oddity, de Major Tom (1969). Mais rara, a versão italiana (com letra de Mogol, lançada em 1970), acompanha muita gente. Primeira exibição na Cinemateca.
 
11/07/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Absolutamente Bowie
The Last Temptation of Christ
A Última Tentação de Cristo
de Martin Scorsese
com Willem Dafoe, Harvey Keitel, Barbara Hershey, Harry Dean Stanton, David Bowie
Estados Unidos, 1988 - 164 min
legendado eletronicamente em português | M/16
A mais polémica história de Cristo no cinema. Scorsese recorre ao romance homónimo de Nikos Kazantzakis, que se interroga sobre a natureza de Jesus Cristo, para filmar a partir de um argumento assinado por Paul Schrader. O escândalo causado pelo filme não levou em conta que THE LAST TEMPTATION OF CHRIST tem menos a ver com a hagiografia oficial do que com o próprio universo de Scorsese. Willem Dafoe e Harvey Keitel são o Jesus e o Judas de Scorsese que entregou a Bowie o papel de Pilatos. Já a música é de Peter Gabriel.
12/07/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Absolutamente Bowie
Io e Te
Eu e Tu
de Bernardo Bertolucci
com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco, Sonia Bergamasco, Veronica Lazar
Itália, França, 2012 - 103 min
legendado em português | M/12
Pode resumir-se o enredo como o da história de um solitário adolescente de 14 anos que se refugia na cave do seu próprio prédio durante uma semana, onde encontra o subterrâneo cenário de um inesperado encontro com a meia-irmã. Eu e tu, diz-nos o título. Bertolucci filmou-o a partir do romance homónimo de Niccolò Ammaniti, uma década depois de THE DREAMERS e, como nesse, mas também como no inicial PRIMA DELLA RIVOLUZIONE (1964), volta à juventude. E há uma cena iluminada por uma canção de Bowie, que muito revela: Ragazzo Solo, Ragazza Sola, a versão em língua italiana da célebre Space Oddity, de Major Tom (1969). Mais rara, a versão italiana (com letra de Mogol, lançada em 1970), acompanha muita gente. Primeira exibição na Cinemateca.
 
12/07/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Absolutamente Bowie
Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
de D. A. Pennebaker
com David Bowie, Mick Ronson, Trever Bolder, Mick “Woody” Woodmansey, Ringo Starr, Angela Bowie
Estados Unidos, 1979 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Dos “documentários musicais” de Pennebaker são porventura mais famosos os anteriores DON’T LOOK BACK, sobre Bob Dylan, e o filme-concerto MONTEREY POP (1967/68). ZIGGY STARDUST AND THE SPIDERS FROM MARS, também conhecido como BOWIE 1973, fixa-se no registo do concerto londrino de julho de 73 que Bowie anunciou como o último dele e da banda, e foi, de facto, a sua última aparição na pele de Ziggy Stardust. Trata-se portanto de um filme de um grande realizador que documenta um momento mítico no percurso de David Bowie. Primeira exibição na Cinemateca, a apresentar em cópia digital.