30/09/2014, 21h30 | Sala Dr. Félix Ribeiro
LE RÉVÉLATEUR
de Philippe Garrel
com Laurent Terzieff, Bernadette Laffont, Stanislas Robiolles
França, 1968 – 64 min / mudo
LA CICATRICE INTÉRIEURE
de Philippe Garrel
com Philippe Garrel, Nico
França, 1970 – 60 min / legendado eletronicamente em português
Philippe Garrel é um autêntico “filho” da Cinemateca Francesa, que começou a frequentar antes da adolescência (Garrel fez a sua primeira curta-metragem aos 16 anos) e sempre teve excelentes relações com Henri Langlois, que o admirava e o ajudou discretamente. Totalmente mudo, sem diálogos, música ou ruídos, num reflexo ao que se passa na maioria dos nossos sonhos, LE RÉVÉLATEUR (e a palavra tem aqui o duplo sentido, de mostrar algo que não se vê e “revelar” fotografias e filmes), segundo Garrel, “é um filme onírico que gira à volta daquilo que a psicanálise chama a ‘cena primitiva’, como se faz uma criança, como se faz um filme. O preto e branco muito contrastado, que divide violentamente a tela, contribui para criar uma impressão de irrealidade”. Um dos mais célebres filmes de Garrel, com a presença de Nico, emblemático da vertente hedonista das aventuras da geração de Philippe Garrel, a geração de 68. Financiado em grande parte graças a uma riquíssima mecenas, sem diálogos, filmado em regiões desérticas (Islândia, Novo México, Egito e também na Itália), com planos magnificamente compostos, contemplativo e literalmente poético, LA CICATRICE INTÉRIEURE “é um filme borrascoso, mas sem descargas elétricas”, na definição de Dominique Noguez. Garrel definiu-o como “um filme neo-clássico, que tem que ser perfeito. Comecei por querer ser de vanguarda, agora quero ser o mais antigo de todos”.