16/04/2025, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Antonio Pietrangeli, Esse Desconhecido

em colaboração com a 18ª Festa do Cinema Italiano
IL Magnifico Cornuto
A Eterna Dúvida
de Antonio Pietrangeli
com Ugo Tognazzi, Claudia Cardinale, Bernard Blier
Itália, 1964 - 125 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Uma comédia que um crítico definiu como “uma radiografia do ciúme” e um dos raros filmes de Pietrangeli em cujo centro está uma personagem masculina, brilhantemente encarnada por Ugo Tognazzi. A ação passa-se numa cidade de província e o protagonista, proprietário de uma fábrica de chapéus, é casado com uma mulher bela e jovem. O homem tem ciúmes delirantes, a tal ponto que ela decide fingir que tem um amante (como é evidente, ele próprio tem uma amante). Quando o marido percebe a situação, tranquiliza-se, mas é então que outro homem surge realmente na vida da mulher. Trata-se do primeiro filme de Pietrangeli adaptado de um texto teatral, Le Cocu Magnifique, de Fernand Crommelynck.

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16/04/2025, 18h30 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Vittorio De Seta / Federico Rossin
Un Uomo A Metà
de Vittorio De Seta
com Jacques Perrin, Lea Padovani, Gianni Garko, Ilaria Occhini
Itália, 1966 - 93 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Sessões-conferência | As intervenções de Federico Rossin serão feitas em inglês sem tradução simultânea
Michele, um jornalista, acaba de sofrer um colapso nervoso que o levou a ser hospitalizado. A partir desse momento de choque, começa a repensar a sua difícil relação com os outros... Rodado por Vittorio De Seta em 1966, de novo sem um argumento escrito, após uma crise psíquica sofrida pelo próprio, o filme é dedicado ao psicanalista junguiano Ernst Bernhard, que acompanhava o realizador desde 1958. UN UOMO A METÀ é uma espécie de longa sessão de terapia, através dos devaneios, memórias e medos de um homem psicologicamente ferido. De Seta encontra uma solução muito pessoal para descrever o processo de elaboração analítica: a estrutura do filme é construída em correspondência com a progressão do trabalho de introspeção do protagonista. Filme fundamental para o entendimento da obra de De Seta, UN UOMO A METÀ é o seu documentário sobre o mundo visto de dentro. Primeira apresentação na Cinemateca.


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16/04/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema (II)
Dangerous Paradise
Paraíso Perigoso
de William Wellman
com Nancy Carroll, Richard Arlen, Warner Oland
Estados Unidos, 1930 - 58 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Finalmente, damos a ver esta segunda adaptação de Victory, feita pela mão de William Wellman no mesmo estúdio que tinha produzido a versão inicial de M. Tourneur (Famous Players-Lasky, agora também já Paramount) uma década antes. Mais uma vez, o filme segue de perto a base argumental da primeira, nisso se incluindo o final, que, como assinalado antes, era uma das maiores alterações à complexidade e ambiguidade do romance (v. nota sobre a versão de M. Tourneur no jornal de março e, já neste jornal, nota sobre DES TEUFELS PARADIES). Estava-se agora nos inícios do sonoro, e Wellman redesenhou inventiva e consistentemente cada episódio, trabalhando bem os atores (desta vez com destaque para Nancy Carroll), devendo sublinhar-se o tempo e os movimentos de câmara de cenas chave e, noutros troços, a elipse (vide a morte de Zangiacomo). Esta é assim mais uma obra fundamental a descobrir, que infelizmente não é possível ver hoje com a qualidade original, neste caso por não ter ainda sido preservado ou restaurado o material de época sobrevivente. Primeira apresentação na cinemateca.

A sessão repete no dia 24 às 22h00, na sala M. Féfix Ribeiro.

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16/04/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema (II)
Posto Avançado do Progresso
de Hugo Vieira da Silva
com Nuno Lopes, Ivo Alexandre, David Caracol
Portugal, 2016 - 121 min
M/12
De novo uma produção de Paulo Branco, POSTO AVANÇADO… tem assinatura portuguesa. Na sua terceira “longa”, Hugo V. da Silva, adapta o conto com o irónico título An Outpost of Progress (1896, também publicado em Tales of Unrest de 1898), normalmente referido como precursor de Heart of Darkness e como ele nascido da experiência de Conrad no Congo em 1891, embora em registo diferente. “Outpost”, nas palavras do escritor, era “a parte mais ligeira do que pilhei na África Central”, em que “me despojei de tudo menos de piedade e de algum desdém”. O que Hugo V. da Silva quis fazer com ele tinha contudo o alvo adicional de esconjurar fantasmas da sua casa, ou seja, os do colonialismo português no século XIX – aquele que, agora ao contrário do do século XX, estava a escapar aos olhares recentes sobre a nossa questão colonial. Fazê-lo entrar no filme não exigia mudar a época nem (quase nada) o lugar subentendido do conto, que não se afastava muito de uma então colónia portuguesa – a província do Zaire em Angola –, onde a equipa se instalou para a rodagem. O que aí se tornou então mais fácil ao autor foi, por um lado, evocar esses fantasmas (que ousou figurar) e, por outro, levar o espanto, a alienação e o desarrazoado destes dois náufragos da suposta “civilização”, a uma teatralização que vinha ela própria de Conrad sem deixar de prosseguir algo dos seus filmes anteriores. O ciclo termina connosco. Primeira exibição na Cinemateca.

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