CICLO
Double Bill


Neste mês, juntámos na rubrica Double Bill quatro pares de filmes com semelhanças temáticas e/ou formais. Na primeira sessão, duas histórias de amor falhadas em dois filmes profundamente melancólicos, realizados a mais de meio século de distância. O segundo programa reúne dois filmes dos anos 30, sem dúvida o período mais negligenciado do cinema clássico, no qual, no entanto, a riqueza de invenção é enorme, pois toda uma nova linguagem (a do cinema sonoro) nascia. Trata-se também de um programa que reúne duas histórias de amou fou, tendo a segunda a peculiaridade de ser um amour fou paternal. O terceiro programa aproxima, mais uma vez, filmes com semelhança temática: neste caso, aventureiros dispostos a ficar ricos, nos anos 30 e nos anos 80. Fechando o mês e lembrando que é dever de uma cinemateca mostrar regularmente filmes mudos, duas das mais célebres obras-primas daquilo que se chamou a arte muda.
 
 
07/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Letter From An Unknown Woman | Broken Flowers
duração total da projeção: 188 min | M/12
 
14/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Peter Ibbetson | La Petite Lise
duração total da projeção: 162 min
21/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Trouble in Paradise | Hotel New York
duração total da projeção: 132 min | M/16
28/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens | Berg-Ejvind Och Hans Hustru
duração total da projeção: 179 min | M/12
07/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Letter From An Unknown Woman | Broken Flowers
duração total da projeção: 188 min | M/12
entre os dois filmes há um intervalo de 15 minutos
LETTER FROM AN UNKNOWN WOMAN
Carta de uma Desconhecida
de Max Ophuls
com Joan Fontaine, Louis Jourdan, Mady Christians
Estados Unidos, 1948 – 87 min / legendado em português

BROKEN FLOWERS
Flores Partidas
de Jim Jarmusch
com Bill Murray, Jeffrey Wright, Sharon Stone, Jessica Lange
Estados Unidos, 2005 - 101 min / legendado em francês e eletronicamente em português

LETTER FROM AN UNKNOWN WOMAN é um dos filmes mais belos e mais amados de Ophuls, baseado num conto de Stefan Zweig. A história do amor que uma mulher sentiu durante toda a vida por um homem que só se dá conta disto na véspera de morrer. Situado, como LIEBELEI, na Viena do Imperador Francisco José, este talvez seja o filme em que a mise-en-scène de Ophuls mais atinge a perfeição, com um equilíbrio absoluto entre a elegância formal e a emoção. Excepcional desempenho de Joan Fontaine. BROKEN FLOWERS é provavelmente o mais melancólico de todos os filmes de Jim Jarmusch e um dos pontos culminantes do seu cinema. Um homem de meia-idade, espécie de Don Juan, recebe misteriosas cartas de uma antiga namorada que não se identifica. Instigado por um vizinho, parte em viagem, à procura das antigas namoradas e da autora das cartas. Visita desencantada a um passado sentimental, que vai ao encontro de vários temas típicos do cineasta - a viagem, a memória de uma América ancestral e marginal.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de LETTER FROM AN UNKNOWN WOMAN, aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de BROKEN FLOWERS, aqui
 
14/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Peter Ibbetson | La Petite Lise
duração total da projeção: 162 min
legendados eletronicamente em português | M/12
entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
PETER IBBETSON
Sonho Eterno
de Henry Hathaway
com Gary Cooper, Ann Harding, John Halliday, Ida Lupino
Estados Unidos, 1935 - 85 min

LA PETITE LISE
de Jean Grémillon
com Pierre Alcover, Nadia Sibirskaia, Julien Bertheau
França, 1930 – 77 minutos

Um grande filme sobre o amor eterno que adapta um romance de George du Maurie, PETER IBBETSON entusiasmou os Surrealistas e André Breton definiu-o como “um filme prodigioso, triunfo do pensamento surrealista”. A história começa na infância do protagonista, que tem uma “namorada” da sua idade, que reencontra muitos anos depois, quando ele é arquiteto e ela uma mulher casada. Aqui, o amor é mais forte do que a prisão, as convenções ou a morte. Condenado a prisão perpétua, Peter Ibbetson encontra todas as noites a sua amada em sonhos. O primeiro filme sonoro do grande e injustiçado Jean Grémillon, LA PETITE LISE talvez seja a sua obra-prima absoluta. Trata-se da cruel história de um homem que cumpre uma pena de degredo na Guiana Francesa, é libertado e regressa a Paris, onde o espera a filha que ele adora. Ao cabo de algumas peripécias, o homem decidirá sacrificar-se por amor à sua filha. A mise-en-scène de Grémillon é absolutamente magistral, com numerosas elipses e “foras de campo”, criando uma constante sensação de abafamento, de horizontes restritos, o que dá enorme densidade à história, mas longe de buscar a estridência, Grémillon busca a contenção. PETER IBBETSON é apresentado em cópia digital. 

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de PETER IBBETSON, aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de LA PETITE LISE, aqui
 
21/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Trouble in Paradise | Hotel New York
duração total da projeção: 132 min | M/16
entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
TROUBLE IN PARADISE
Ladrão de Alcova
de Ernst Lubitsch
com Herbert Marshall, Miriam Hopkins, Kay Francis
Estados Unidos, 1931 - 80 min / legendado em português

HOTEL NEW YORK
de Jackie Raynal
com Jackie Raynal, Sid Geffen, Suzanne Fenn
Estados Unidos, 1985 – 52 min / / legendado eletronicamente em português

Uma das obras mais cínicas e perfeitas de Lubitsch, TROUBLE IN PARADISE leva a extremos os temas centrais do seu cinema, o sexo e o dinheiro. Um vigarista e uma vigarista encontram-se num hotel de luxo em Veneza, tentam roubar-se um ao outro e decidem formar um par. O filme é uma comédia sobre enganos e mistificações, sobre ladrões de luva branca e jóias preciosas, ladrões de e na alcova, para quem o roubo é um estimulante erótico, o prolongamento natural do amor. Um duelo de virtuosismos na tela e atrás da câmara, com alguns diálogos atrevidíssimos, que em breve se tornariam impossíveis com a promulgação do famigerado Código Hays. Autora de um dos clássicos do cinema de vanguarda europeu dos anos 60, DEUX FOIS, Jackie Raynal instalou-se em Nova Iorque em fins dos anos 70, onde continuou a trabalhar como realizadora e programadora. Em 1980 realizou a preto e branco NEW YORK HOTEL, peça autobiográfica, formalmente ligada às vanguardas nova-iorquinas. Em 1985 expandiu este filme, integrando-o a HOTEL NEW YORK, feito a cores, no qual são narradas, em estilo direto e com imensa verve, as aventuras da protagonista, mais cínica do que uma personagem de Lubitsch, que se casa com um homem rico e mais velho, a quem pede que lhe traga um jovem porto-riquenho para se divertir por algumas horas. HOTEL NEW YORK, a apresentar em cópia digital, só foi exibido na Cinemateca no remoto ano de 1996.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de TROUBLE IN PARADISE, aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de HOTEL NEW YORK, aqui
 
28/01/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens | Berg-Ejvind Och Hans Hustru
duração total da projeção: 179 min | M/12
acompanhados ao piano por Daniel Schvetz

entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
NOSFERATU, EINE SYMPHONIE DES GRAUENS
“Nosferatu, o Vampiro”
de Friedrich Wilhelm Murnau
com Max Schreck, Gustav von Wangenheim, Greta Schroeter, Alexandre Granach
Alemanha, 1922 - 84 min / mudo, intertítulos em alemão, legendados eletronicamente em português

BERG-EJVIND OCH HANS HUSTRU
Os Proscritos
de Victor Sjöström
com Victor Sjöström, John Ekman, Edith Erastoff, Nils Arehn
Suécia, 1918 – 95 min / mudo, intertítulos em sueco traduzidos em português

“Quando chegou ao outro lado da ponte, os fantasmas vieram ao seu encontro.” Este célebre intertítulo de NOSFERATU, aliás apócrifo, abre as portas do cinema fantástico. A primeira e mais célebre adaptação do romance de Bram Stoker, Drácula, é uma das obras-primas máximas da história do cinema, com uma iconografia totalmente diferente da que seria adotada no género de filmes de vampiros, pois este filme move-se noutras alturas. É também um dos filmes a ter tido o maior número de exibições na Cinemateca. No período mudo, o cinema sueco atingiu um altíssimo nível artístico, sobretudo através de dois nomes, que em tudo diferem: Mauritz Stiller e Victor Sjöström. História de dois amantes ilícitos que se refugiam numa região isolada da Islândia, OS PROSCRITOS é uma obra-prima incontestável, defendida à época por Louis Delluc (que observara a recusa da mediocridadepor parte dos cineastas suecos), como: sem dúvida o mais belo filme do mundo.” OS PROSCRITOS é um hino aos amantes malditos, mas também à luz e às sombras, experimentadas em todos os planos do filme, muitos verdadeiramente estarrecedores, sobretudo aqueles feitos em cenários naturais.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de NOSFERATU, EINE SYMPHONIE DES GRAUENS, aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de BERG-EJVIND OCH HANS HUSTRU, aqui