25/05/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
EUREKA
Estados Unidos, 1974 – 30 minutos / mudo
SERENE VELOCITY
Estados Unidos, 1970 – 23 min / mudo
TABLE
Estados Unidos, 1976 – 15 min / mudo
SHIFT
Estados Unidos, 1972-74 – 9 min / som
de Ernie Gehr
EUREKA assenta num trabalho de refilmagem de um filme mudo que retrata Market Street em São Francisco, em 1906. Gehr apropria-se de um plano-sequência registado a partir de um elétrico, produzindo um travelling extremamente lento que nos assombra mediante a dilatação da sua duração e uma exacerbação dos contrastes da imagem. Um trabalho de arqueólogo que ressuscita as sombras de outra época. SERENE VELOCITY é considerada uma das obras mais marcantes do chamado “cinema estrutural” (P. Adams Sitney), garantindo a Gehr um lugar destacado entre a sua geração. Uma obra que subverte um espaço e a sua perceção ao criar um impressionante movimento frontal pela alteração constante de distâncias focais numa lente
zoom, enquanto a câmara se fixa num corredor vazio. Em SERENE VELOCITY Gehr transforma assim a geometria de um corredor modernista numa paisagem pulsante. Como escreveu J. Hoberman, TABLE “é um equivalente em celulóide de uma natureza morta cubista. O tema é uma comum mesa de cozinha, uma desordem caseira de loiças e utensílios. Por 16 minutos, Gehr alterna dois pontos de vista fixos ligeiramente diferentes, acentuando os planos individuais através do uso de filtros azuis ou vermelhos (e às vezes nenhum filtro). Esse procedimento simples transforma a imagem numa confusão hipnótica e gaguejante”. E se Hoberman define ainda TABLE como da ordem da “pura sensação visceral” apresenta SHIFT como mais dramático, sendo que os seus atores são todos mecânicos. SHIFT, na sua espirituosa sobreposição dos elementos urbanos – séries de carros, camiões, uma rua da cidade com três faixas – e de cores, foi já aproximado a Mondrian. Com exceção de EUREKA, todos os filmes são apresentados pela primeira vez na Cinemateca.
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