01/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Seven Years Bad Luck | Prince of Darkness
Duração total da projeção: 164 minutos | M/16
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
SEVEN YEARS BAD LUCK
“Sete Anos de Azar”
de Max Linder
com Max Linder, Alta Allen, Ralph McCullough, Betty K. Peteron, Thelm Percy
Estados Unidos, França 1921 – 62 min / mudo com intertítulos em inglês, legendados eletronicamente em português
PRINCE OF DARKNESS
O Príncipe das Trevas
de John Carpenter
com Donald Pleasence, Jameson Parker, Victor Wong, Lisa Blount, Susan Blanchard, Alice Cooper
Estados Unidos, 1987 – 102 min / legendado em português
O francês Max Linder, mestre de Charles Chaplin e inspiração maior para Jacques Tati, vivia um período esplendoroso: era no início dos anos dez do século passado um dos mais prestigiados – e bem pagos – artistas do cinema. A sua partida para os Estados Unidos afigurava-se inevitável na passagem para a nova década. SEVEN YEARS BAD LUCK é o primeiro filme americano de Linder. Nele, um novelo de situações infelizes vai desenrolar-se depois de um dandy prestes a dar o nó (o próprio Linder) ter quebrado um espelho – sete anos de azar que ameaçam comprometer o enlace. O famoso gag do “falso reflexo” – posteriormente “surripiado” pelos irmãos Marx em DUCK SOUP – ganha vida neste inspirado filme tardio de Linder, lançado apenas quatro anos antes do seu suicídio. O espelho pode devolver-nos a imagem de nós mesmos ou transportar-nos para outras dimensões. Em PRINCE OF DARKNESS, tudo começa na cave de uma igreja abandonada em Los Angeles. Há uma seita misteriosa e um sinistro líquido verde que condensa nada mais, nada menos do que a essência satânica. É este líquido que desencadeia o aparecimento de uma série de zombies enquanto o Diabo faz também a sua aparição. Kelly, uma das personagens retidas na igreja – mais um “filme de cerco” de inspiração hawksiana assinado por Carpenter –, invoca inadvertidamente o Anti-Cristo usando o espelho como um portal para o além. O filme de Linder é apresentado, em cópia digital, pela primeira vez na Cinemateca.
08/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Ging Chaat Goo Si | Bad Lieutenant
Duração total da projeção: 196 minutos / M/18
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
GING CHAAT GOO SI
O Incorruptível
de Jackie Chan
com Jackie Chan, Maggie Cheung, Brifitte Lin, Kwok-Hung Lam, Bill Tung
Hong Kong, 1985 – 100 min / legendado em português
BAD LIEUTENANT
Polícia Sem Lei
de Abel Ferrara
com Harvey Keitel, Brian McElroy, Frankie Acciarito, Peggy Gormley, Stella Keitel
Estados Unidos, 1992 – 96 min / legendado em português
Um ator/realizador/acrobata capaz de reclamar a herança dos grandes clowns do burlesco (à cabeça, Buster Keaton e Harold Lloyd), Jackie Chan tornou-se um dos ícones maiores da época dourada do cinema de Hong Kong, seguindo a metodologia desses grandes mestres, ou seja, concebendo e coreografando as sequências de ação e só depois procurando encadear esses blocos de ação numa narrativa coerente. O INCORRUPTÍVEL – primeira obra de uma trilogia de ação non-stop – é o seu filme mais paradigmático ou não seria este o título predileto do próprio Chan entre os demais da sua extensa filmografia. Esta história de um polícia trapalhão, “entalado” por um poderoso lord do crime, mostra quão difícil pode ser equilibrar a ética profissional com a vida sentimental (uma deliciosa e rezingona Maggie Cheung bate o pé ao “superpolícia” encarnado por Chan). Em BAD LIEUTENANT, Abel Ferrara, figura incontornável do cinema americano pós-Scorsese, forja um dos seus mais infames anti-heróis, um “mau polícia” enredado no caos amoral dos subúrbios americanos, personagem que valeu a Harvey Keitel um dos melhores papéis da sua carreira. À parte a polémica com as cenas explícitas, o mais perturbante reside sobretudo na profunda ligação entre um sentimento de culpa católica e os requintes de uma violência menos gráfica do que implícita. O filme de Jackie Chan é apresentado pela primeira vez na Cinemateca.
15/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Det Sjünde Inseglet | Last Action Hero
Duração total da projeção: 227 minutos | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
DET SJÜNDE INSEGLET
O Sétimo Selo
de Ingmar Bergman
com Max von Sydow, Bengt Ekerot, Bibi Andersson, Gunnar Björnstrand, Nils Poppe
Suécia, 1959 - 97 min / legendado em português
LAST ACTION HERO
O Último Grande Herói
de John McTiernan
com Arnold Schwarzenegger, F. Murray Abraham, Art Carney, Charles Dance, Ian McKellen
Estados Unidos, 1993 - 130 min / legendado eletronicamente em português
Um dos filmes mais célebres de Ingmar Bergman, que lhe trouxe o definitivo reconhecimento internacional. Bergman aborda de modo alegórico temas, como o da morte e o do sentido das coisas, que retomou num registo mais direto em outros filmes. No século XIV, durante uma epidemia de peste, um cavaleiro joga xadrez com a Morte. O homem quer saber, já não quer acreditar sem ter dúvidas. Mas a Morte não sabe o que há além da morte, pois ela é apenas a Morte. O sucesso de bilheteira ficou aquém das expectativas, mas LAST ACTION HERO é o melhor e o mais divertido dos filmes interpretados por Arnold Schwarzenegger. E também um dos mais movimentados. É a história de uma "personagem de cinema" que, por um ato de magia ativado por um garoto seu admirador, "entra" no mundo real. O grande ecrã, uma vez escancarado, oferece ainda importantes cameos para cinéfilo ver, destacando-se a figura da Morte (Ian McKellen), vinda diretamente de O SÉTIMO SELO para as ruas de Los Angeles. Ambos os filmes são apresentados em cópias digitais.
22/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
The Band Wagon + Tôkyô Nagaremono
Duração total da projeção: 201 minutos | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
THE BAND WAGON
A Roda da Fortuna
de Vincente Minnelli
com Fred Astaire, Cyd Charisse, Jack Buchanan, Oscar Levant, Nanette Fabray
Estados Unidos, 1953 – 112 min / legendado em português
TÔKYÔ NAGAREMONO
“O Vagabundo de Tóquio”
de Seijun Suzuki
com Tetsuya Watari, Chieko Matsubara, Hideaki Nitani, Tamio Kawaji
Japão, 1966 – 89 min / legendado eletronicamente em português
Um dos grandes musicais do cinema americano, homenagem ao mundo do espetáculo, filme de uma melodia que adquiriu a categoria de hino: “That’s Entertainment”. Fred Astaire representa a figura de um bailarino em decadência, contratado para um espetáculo moderno, que acaba por se transformar num fabuloso musical, culminando num bailado-homenagem ao filme de gangsters. Astaire e Cyd Charisse têm um dos mais belos pas de deux do cinema musical. O herói é batizado pelo estilista de série B Seijun Suzuki de “Tetsu, a Fénix” num dos seus mais loucos filmes de mukokuseki akushon (“ação sem fronteiras”, em japonês), produzidos para o estúdio da Nikkatsu. Trata-se de um hitman em busca de remissão, entalado entre o passado manchado de sangue e um futuro desejavelmente imune às rivalidades entre gangues. Contudo, o renascimento de Tetsu não se fará sem que tenha palco mais um derramamento de sangue, num stand-off delirante, cheio de ritmo e cores (as últimas que o estúdio permitiria Suzuki filmar) dignos, como descreveu Manohla Dargis, de um musical tardio da MGM. Citando Miguel Patrício, esta sequência final atesta “a capacidade subversiva da mise en scène” deste cineasta furiosamente pulp. O filme de Suzuki é apresentado pela primeira vez na Cinemateca.
29/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Samma no Aji | Husbands
Duração total da projeção: 253 minutos | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
SAMMA NO AJI
O Gosto do Saké
de Yasujiro Ozu
com Shima Iwashita, Shinichiro Mikami, Keiji Sada, Chishu Ryu
Japão, 1962 – 112 min / legendado eletronicamente em português
HUSBANDS
Maridos
de John Cassavetes
com John Cassavetes, Ben Gazzara, Peter Falk
Estados Unidos, 1970 – 141 min / legendado eletronicamente em português
Foi o último filme de Yasujiro Ozu e é uma nova variação sobre uma história de separação familiar em reflexão nostálgica sobre o começo do “inverno da vida”. É também a sua celebração e a despedida ao “gosto do saké”, onde cabe toda a memória do passado e dos “bons tempos”. Profundamente comovente, SAMMA NO AJI é um dos mais perfeitos filmes de Ozu, aquele onde a depuração do seu estilo atinge níveis supremos. Em HUSBANDS, três amigos, casados e com filhos, reencontram-se por ocasião da morte súbita de um antigo companheiro. O reencontro e o choque levam-nos a repetir uma das noites de farra dos seus tempos de juventude. Três interpretações notáveis (Cassavetes, Gazzara e Falk) num filme noturno e nova-iorquino, melancólico e nervoso, que é um sério candidato ao título de “melhor filme de John Cassavetes”. A exibir em cópia digital.