24/02/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
L’Étrange Monsieur Victor
Um Erro Judiciário
de Jean Grémillon
com Raimu, Pierre Blanchar, Madeleine Renaud, Viviane Romance
França, 1938 - 113 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Último dos quatro filmes realizados por Grémillon para os estúdios da UFA, em Berlim, L’ÉTRANGE MONSIEUR VICTOR é, no entanto, típico do cinema francês dos anos 30: uma trama narrativa que tem uma súbita reviravolta, um ator cuja presença é marcante (Raimu, num desempenho fabuloso), cenários “realistas” de estúdio (e alguns cenários naturais) e magnífica fotografia, com fortes contrastes entre a sombra e a luz. A ação tem lugar em Toulon e o protagonista tem uma dupla vida: de dia é um respeitável comerciante, à noite um temível malfeitor, chefe e receptador de um bando de ladrões. Um jovem sapateiro que fora condenado por um homicídio cometido por Monsieur Victor e fora desterrado para a Guiana foge e chega a Toulon, o que complica a situação. O filme é uma notável pintura da honradez de fachada e é mais um exemplo da excelência da mise en scène de Grémillon.
 
24/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Pattes Blanches
de Jean Grémillon
com Paul Bernard, Suzy Delair, Michel Bouquet, Arlette Thomas
França, 1948 - 103 min
legendado eletronicamente em português | M/12
PATTES BLANCHES deveria ter sido realizado por Jean Anouilh, que escreveu o argumento. Mas apenas dez dias antes do início da rodagem, o dramaturgo desistiu da tarefa, que foi confiada a Grémillon. Este realizou algumas alterações no argumento, que transpôs para o presente e a Bretanha, quando a história original se situava no século XIX e num país imaginário. Embora Grémillon só se tenha ligado ao filme ao último momento, este corresponde ao seu universo, pois permite-lhe ao mesmo tempo ilustrar e ultrapassar o realismo. Um castelão que tem a alcunha de “Patas Brancas” devido às polainas que usa, torna-se amante de uma criada do bar da aldeia, que também é amante do seu meio-irmão e inimigo. Paralelamente a estas relações puramente sexuais, uma criada corcunda está apaixonada em segredo pelo aristocrata. Como em outros filmes de Grémillon, é durante uma festa que o drama explode. Como observou à época Georges Sadoul, fiel admirador do realizador, neste filme ele “une perfeitamente tema e estilo, realidade e sonho, fantástico e observação social”.
 
24/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Lana Turner, de Hollywood
Johnny Eager
Vidas Queimadas
de Mervyn LeRoy
com Robert Taylor, Lana Turner, Van Heflin, Edward Arnold, Robert Sterling
Estados Unidos, 1942 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
No início dos anos 1940, Lana Turner tornou-se uma das grandes estrelas da MGM em filmes de género distintos como o musical e o terror de ZIEGFIELD GIRL e DR. JEKYLL AND MR. HYDE (1941), o melodrama em SOMEWHERE I’LL FIND YOU (1942) ou o noir, no caso de JOHNNY EAGER, em que volta a ser dirigida por Mervyn LeRoy. O enredo conta a história da enteada de um advogado do Ministério Público, estudante de sociologia, que se apaixona por um gangster criminalmente acusado. Arriscando a incursão num registo em que era a Warner, não a MGM, que dava cartas, o filme é anunciado pelo estúdio como o novo “TNT (Turner ‘n Taylor)”: “They are dynamite in JOHNNY EAGER.” Van Heflin foi distinguido com um Oscar de melhor ator secundário. Primeira exibição na Cinemateca.
 
24/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jean Grémillon – O Outro Gigante
Gardiens de Phare
de Jean Grémillon
com Geymond Vital, Genica Athanasiou, Gabrielle Fontan
França, 1929 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Em GARDIENS DE PHARE, a sua segunda longa-metragem, Grémillon concilia elementos narrativos melodramáticos, tirados da peça teatral de êxito da qual o filme foi extraído (um faroleiro tem um confronto fatal com o seu filho, que foi mordido por um cão raivoso) e elementos visuais próximos das vanguardas da época, sobretudo na configuração do espaço do farol onde se passa boa parte da ação. Outro elemento espacial importante no filme é o mar, que acentua o isolamento dos personagens, que estão como que presos numa armadilha. Neste filme, que alguns aproximaram do Kammerspiel alemão, Grémillon, “cuja referência estética é sempre musical: trata-se de orquestrar, de modular” (Henri Agel), articula o filme através de equivalências visuais.