CICLO
Queer Lisboa 23


A Cinemateca colabora com o Queer Lisboa, desde a sua primeira encarnação como Festival Gay e Lésbico de Lisboa, que recua a 1997. Nesta sua 23ª edição, o Queer Lisboa homenageia a secção Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim, com uma série de filmes que ali foram apresentados ou que refletem o espírito de abertura estética e política da secção da Berlinale. Sobre o motivo e o sentido desta homenagem, transcreve-se o texto “Queer Lisboa convida o Berlinale Panorama 40”, de Wieland Speck, realizador, fundador do Teddy Award, curador do Panorama 1993-2017, no Festival Internacional de Berlim, de quem está programado um filme nesta edição do Queer e que estará na Cinemateca a apresentá-lo.
 
“Em 1980, o recém-endossado diretor do Festival Internacional de Cinema de Berlim complementou a Competição da Berlinale com uma secção desenhada para acolher uma maior liberdade artística na sua seleção de filmes. Esta nova parte do festival pretendia-se mais aberta ao radical e devia espelhar as inovações que influenciaram o cinema durante a década de 1970. Esse foi um período em que as subculturas inspiravam a sociedade, as teorias de emancipação começavam a ser postas à prova e, em lugar da normatividade – tida até então como o maior bem das sociedades democráticas do pós-Guerra –, as alternativas à mesma eram agora vistas como desejo maior. Manfred Salzgeber, cofundador da secção Forum da Berlinale, foi chamado a dirigir este novo programa. Logo no seu ano inaugural, apresentou filmes feministas, gay, lésbicos e de outros paradigmas alternativos, complementando e mesmo opondo-se ao mainstream. A sua seleção de filmes viria a inspirar aqueles que sentiam a necessidade de criar mudanças na sociedade tal como estava, tornando-a num lugar habitável para as minorias e para todos aqueles que queriam pensar mais além.
40 anos de Panorama é a ocasião perfeita para, numa colaboração entre a 23.ª edição do Queer Lisboa e a Cinemateca Portuguesa, propor um olhar retrospetivo sobre um conjunto de filmes que permitem um entendimento da alma e substância deste programa, e um impressionante conjunto de nomes que preencheram esses 40 anos, de Tsai Ming-Liang a Lasse Hallström, passando por Isaac Julien e Monika Treut, entre muitos outros.”
 
 
21/09/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Queer Lisboa 23

Self-Portrait in 23 Rounds: A Chapter in David Wojnarowicz’s Life, 1989-91
de Marion Scemama, François Pain
França, 2018 - 78 min
 
23/09/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Queer Lisboa 23

Blue Diary | Max | Split – William to Chrysis: Portrait of a Drag Queen
duração total da projeção: 91 min | M/16
24/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Queer Lisboa 23

The Attendant | Daddy and the Muscle Academy | Jean Genet is Dead
duração total da projeção: 95 min | M/16
25/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Queer Lisboa 23

Das Geräusch Rascher Erlösung | Sto Dinei do Prizaka
duração total da projeção: 95 min | M/16
26/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Queer Lisboa 23

Mitt Liv Som Hund
Vida de Cão
de Lasse Hallström
Suécia, 1985 - 101 min
21/09/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Queer Lisboa 23

em colaboração com o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer 2019
Self-Portrait in 23 Rounds: A Chapter in David Wojnarowicz’s Life, 1989-91
de Marion Scemama, François Pain
com David Wojnarowicz
França, 2018 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/16
com a presença de Marion Scemama e François Pain
Pintor, cineasta, escritor, performer e fotógrafo, David Wojnarowicz (1954-1992) foi uma das principais personalidades da cena artística nova-iorquina dos anos oitenta. Wojnarowicz também foi um artista comprometido e um ativista na luta contra a sida: para protestar contra a inércia do governo de George W. Bush no combate à epidemia, espalhou as cinzas do seu companheiro diante da Casa Branca. Numa entrevista conduzida em 1989 pelo teórico cultural Sylvère Lotringer, fala abertamente sobre os momentos íntimos da sua vida, o processo criativo, a sexualidade, a sida e a aceitação da sua própria morte. Marion Scemama, que era amiga íntima de Wojnarowicz, filmou a entrevista e criou este ensaio a partir dos arquivos privados do artista. Primeira exibição na Cinemateca.
 
23/09/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Queer Lisboa 23

em colaboração com o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer 2019
Blue Diary | Max | Split – William to Chrysis: Portrait of a Drag Queen
duração total da projeção: 91 min | M/16
BLUE DIARY
de Jenni Olson
com Silas Howard
Estados Unidos, 1997 – 6 min / legendado eletronicamente em português
MAX
de Monika Treut
com Max Wolf Valerio
Alemanha, 1992 – 27 min / legendado eletronicamente em português
SPLIT – WILLIAM TO CHRYSIS: PORTRAIT OF A DRAG QUEEN
de Ellen Fisher Turk, Andrew Weeks
com International Crysis, Brian Belovitch, David Burns
Estados Unidos, 1992 – 58 min / legendado eletronicamente português

A americana Jenni Olson é especialista em cinema LGBT e fundadora de uma mostra online de curtas-metragens. No seu BLUE DIARY, uma mulher lésbica passa uma noite com uma mulher heterossexual. Na manhã seguinte, tem de se confrontar com a frustração das suas expectativas. Monika Treut é uma das mais conhecidas cineastas e ativistas alemãs da sua geração. Em MAX, um dos seus muitos documentários, vemos um nativo americano transexual narrar a sua jornada para se tornar um homem heterossexual depois de ter sido uma mulher lésbica. SPLIT – WILLIAM TO CHRYSIS: PORTRAIT OF A DRAG QUEEN é um retrato de uma celebridade nova-iorquina, International Chrysis, “mulher da cintura para cima, homem da cintura para baixo”, que passou de trabalhadora do sexo a vedeta dos night-clubs de Nova Iorque, pisou os palcos da Broadway e foi íntima de Salvador Dali, antes de morrer devido a uma fuga de silicone num dos seus implantes mamários. Primeiras exibições na Cinemateca, a apresentar em cópias digitais.
 
24/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Queer Lisboa 23

em colaboração com o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer 2019
The Attendant | Daddy and the Muscle Academy | Jean Genet is Dead
duração total da projeção: 95 min | M/16
THE ATTENDANT
de Isaac Julien
com Thomas Baptiste, Cleo Sylvestre, John Wilson
Reino Unido, 1993 – 8 min / legendado eletronicamente em português
DADDY AND THE MUSCLE ACADEMY
de Ilppo Pohjola
com Tom of Finland, Robert Henry Mizer, Nayland Blake
Finlândia, 1991 – 55 min / versão original em finlandês e inglês, legendada eletronicamente em inglês e português
JEAN GENET IS DEAD
de Constantine Giannaris
com Steven McLean, Rafael Penal
Reino Unido, 1987 – 33 min / legendado eletronicamente em português

Um programa que reúne três figuras célebres e díspares. Nascido em 1960, negro e homossexual, Isaac Julien é um dos nomes mais conhecidos do cinema independente britânico, mais precisamente do queer cinema, tendo também feito incursões no cinema comercial. Em THE ATTENDANT, o guardião de um museu tem fantasias sadomasoquistas ao contemplar um quadro em que se veem escravos a serem açoitados. Touko Valio Laasksonen (1920-1991) criou um dos grandes ícones gays do último quartel do século XX – Tom of Finland, o pseudónimo que o tornou mundialmente conhecido e que é também o título de uma banda desenhada pornográfica e humorística, na qual todos os homens são híper-musculosos e estão em atividade sexual permanente. O filme de Ilppo Pohjola é um documentário composto por uma entrevista do próprio Tom of Finland, entremeada com “recriações” de cenas das suas bandas desenhadas, que não atingem, no entanto, a pornografia hard dos originais. JEAN GENET IS DEAD, do australiano Constantin Giannaris, tem como ponto de partida os romances Diário de um Ladrão e O Milagre da Rosa. Num contexto áspero e carcerário, surge uma imagem explosiva de desejo e esperança pela liberdade. Os filmes de Ilppo Pohjola e Constantine Giannaris são primeiras exibições na Cinemateca, a apresentar em cópias digitais.
 
25/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Queer Lisboa 23

em colaboração com o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer 2019
Das Geräusch Rascher Erlösung | Sto Dinei do Prizaka
duração total da projeção: 95 min | M/16
com a presença de Wieland Speck
DAS GERÄUSCH RASCHER ERLÖSUNG
“O Som de um Alívio Rápido”
de Wieland Speck
com Reiner Hirsekorn, Andreas Bernhardt, Kurt Hübner, Zazie de Paris
Alemanha Federal, 1982 – 28 min / sem diálogos
STO DINEI DO PRIZAKA
“Cem Dias Antes do Comando”
de Khusein Erkenov
com Vladimir Zamansky, Armen Djigarkhanyan, Oleg Vasilkov, Roman Grekov
União Soviética, 1990 – 67 min / legendado eletronicamente em português

Este programa reúne duas obras de ficção, realizadas em contextos muito diferentes. Nascido em 1951, Wieland Speck realizou dez filmes entre 1981 e 2000, seguindo em paralelo uma carreira de ator, cuja atividade mantém. Em DAS GERÄUSHCH RASCHER ERLÖSUNG, um jovem tenta organizar um encontro com aquele que é objeto do seu desejo. Mas os telefonemas ficam sem resposta. Só lhe restam uma bebida, a sua cama e as suas fantasias. Em STO DINEI DO PRIZAKA, do uzbeque Khusein Erkenov, cinco jovens soldados soviéticos são submetidos a um ciclo de violência constante. Ainda assim, conseguem criar momentos de intimidade. O filme de Wieland Speck é apresentado pela primeira vez na Cinemateca, ao passo que o de Khusein Erkenov foi mostrado em setembro de 1997, no primeiro Festival Gay e Lésbico de Lisboa, o ancestral do Queer Lisboa. À época, Manuel Cintra Ferreira viu no filme “a sombra de Tarkovsky, não só no tema como na forma. Não nos planos-sequência, mas na fotografia, que procura reforçar as características psicológicas e/ou oníricas da narrativa. Neste campo, STO DINEI DO PRIZAKA contém momentos muito belos”. A apresentar em cópias digitais.
 
26/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Queer Lisboa 23

em colaboração com o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer 2019
Mitt Liv Som Hund
Vida de Cão
de Lasse Hallström
com Anton Glauzelius, Thomas von Brömssenn, Anki Lidén, Melinda Kinnamar
Suécia, 1985 - 101 min
legendado eletronicamente em português | M/16
Vindo dos vídeo-clips, género em que muito trabalhou nos anos setenta para os seus então celebérrimos compatriotas dos Abba, Lasse Hallström obteve reconhecimento internacional com VIDA DE CÃO. Numa pequena cidade sueca em 1959, Ingemar, de 12 anos, vive com o cão, o irmão e a mãe, que sofre de tuberculose. Quando a saúde dela se deteriora, Ingemar vai morar com o tio no campo. Cheio de saudades, regressa às lembranças da sua família, oscilando entre a tristeza e as memórias felizes. Até que conhece Saga, uma maria-rapaz entusiasta do boxe e juntos embarcam numa amizade que desperta sentimentos inesperados. Primeira exibição na Cinemateca.