09/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência - Jorge de Sena, Cendrada Luz / Sophia de Mello Breyner Andresen: Sirvo para que as coisas se vejam
La Belle et la Bête
A Bela e o Monstro
de Jean Cocteau, René Clément
com Jean Marais, Josette Day, Marcel André, Michel Auclair
França, 1945 - 95 min
legendado em português | M/6
Jorge de Sena, Cendrada Luz
A mais bela adaptação ao cinema do famoso conto de Leprince de Beaumont, segundo contos tradicionais franceses. Cocteau dá-lhe um toque de fantasia e irreverência, numa espécie de prólogo-comentário, mas é na encenação fantasmagórica da história que se apoia o triunfo internacional do filme. O deslumbramento visual é particularmente sugestivo nas cenas do palácio do monstro, com os seus misteriosos corredores iluminados por "braços-candelabros" e jardins poéticos. “E que dizer do final” – escreve Sena numa crítica ao filme – “quando o príncipe e a bela vão abraçados, por ares e ventos, senão que é a dinamização cinematográfica dos sonhos de figuras, nuvens e roupagens, que a pintura barroca tentou fixar?”
10/09/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência - Jorge de Sena, Cendrada Luz / Sophia de Mello Breyner Andresen: Sirvo para que as coisas se vejam
Miracolo a Milano
O Milagre de Milão
de Vittorio De Sica
com Emma Grammatica, Francesco Golisano, Paolo Siopa
Itália, 1951 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Jorge de Sena, Cendrada Luz
“É uma fábula, e a minha única intenção é tentar um conto de fadas do século XX” (De Sica). Esse “conto de fadas” anda à volta de Toto, um jovem angélico que vê a beleza e a bondade por todo o lado. Procurando reconstruir o bairro de lata onde vive ao lado dos outros habitantes, descobre petróleo na área. Os capitalistas lançam-se ao assalto e Toto e a avó (uma fada) levam os deserdados para um paraíso longínquo que, à época, muitos identificaram como a URSS. “No futuro não precisaremos da história para compreender obras destas, a história é que precisará de se referir a elas para compreender a época em que surgiram” (Sena, 1952).
10/09/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência - Jorge de Sena, Cendrada Luz / Sophia de Mello Breyner Andresen: Sirvo para que as coisas se vejam
Sunset Boulevard
O Crepúsculo dos Deuses
de Billy Wilder
com Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim
Estados Unidos, 1950 - 110 min
legendado em português | M/12
Jorge de Sena, Cendrada Luz
O filme que mudou a imagem de Hollywood no cinema. Billy Wilder “ressuscitou” Gloria Swanson retirada há muitos anos, para um papel que podia ser o dela própria (uma diva do mudo num patético comeback), num retrato negro da cidade dos sonhos – “interpretação magistral inultrapassável”, segundo Sena: “a inteligência certeira com que representou a aflitiva deshumanização final de toda uma teoria mistificada da vida ficará na história do cinema como um dos mais corajosos gestos que uma celebridade terá executado… Só a loucura de uma derradeira aparição angustiadamente nimba, é uma despedida de beleza…” Stroheim, que a dirigiu em QUEEN KELLY (filme cuja projeção caseira dá azo a uma das mais emocionantes cenas de SUNSET BOULEVARD), interpreta o seu fiel mordomo. Cecil B. DeMille, Buster Keaton e Hedda Hopper aparecem brevemente, nos seus próprios papéis.
11/09/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência - Jorge de Sena, Cendrada Luz / Sophia de Mello Breyner Andresen: Sirvo para que as coisas se vejam
Sunset Boulevard
O Crepúsculo dos Deuses
de Billy Wilder
com Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim
Estados Unidos, 1950 - 110 min
legendado em português | M/12
Jorge de Sena, Cendrada Luz
O filme que mudou a imagem de Hollywood no cinema. Billy Wilder “ressuscitou” Gloria Swanson retirada há muitos anos, para um papel que podia ser o dela própria (uma diva do mudo num patético comeback), num retrato negro da cidade dos sonhos – “interpretação magistral inultrapassável”, segundo Sena: “a inteligência certeira com que representou a aflitiva deshumanização final de toda uma teoria mistificada da vida ficará na história do cinema como um dos mais corajosos gestos que uma celebridade terá executado… Só a loucura de uma derradeira aparição angustiadamente nimba, é uma despedida de beleza…” Stroheim, que a dirigiu em QUEEN KELLY (filme cuja projeção caseira dá azo a uma das mais emocionantes cenas de SUNSET BOULEVARD), interpreta o seu fiel mordomo. Cecil B. DeMille, Buster Keaton e Hedda Hopper aparecem brevemente, nos seus próprios papéis.
11/09/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen em Correspondência - Jorge de Sena, Cendrada Luz / Sophia de Mello Breyner Andresen: Sirvo para que as coisas se vejam
Pasazerka
“A Passageira”
de Andrzej Munk
com Aleksandra Slaska, Anna Ciepielewska
Polónia, 1961 - 61 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
Jorge de Sena, Cendrada Luz
O último filme de Andrzej Munk, deixado incompleto devido à sua morte prematura num acidente, e concluído por Witold Lesiewicz, é defendido por muitos como a grande obra-prima do cinema polaco: num navio, uma mulher que fora guarda no campo de concentração de Auschwitz pensa reconhecer numa passageira uma antiga prisioneira do campo. O filme é uma dura reflexão sobre a relação entre carrascos e vítimas e sobre as mentiras da memória. Na opinião de Jorge de Sena, “A PASSAGEIRA” tem “uma naturalidade em exibir o horror e a sordidez como simples acontecimentos quotidianos (e eram-no lá), que nos faz sentir por dentro e dentro de um pavor que, nos documentários, é só choque cheio de piedade…”. O último texto de Sena sobre cinema foi escrito a propósito deste filme, em 1966, e enviado para a revista O Tempo e o Modo, onde não chegou a ser publicado, devido à censura.