12/06/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: O Esplendor do Melodrama
Cielo Negro
de Manuel Mur-Oti
com Susana Canals, Fernando Rey, Luis Prendes
Espanha, 1951 - 99 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Manuel Mur-Oti (1908-2003) é considerado o grande mestre espanhol dos melodramas. Desprezado pela crítica durante muito tempo, Mur-Oti foi reavaliado nos anos noventa, graças a filmes como ORGULLO, CONDENADOS ou CIELO NEGRO, que costuma ser considerado a sua obra-prima. Trata-se de um melodrama escuro e cerrado, centrado na história de amor entre uma jovem caixeira de loja (magnífica Susana Canales) e um sedutor desalmado (Fernando Rey, a exalar falsidade). É um dos filmes que vem lembrar-nos que a História do cinema clássico nunca será definitivamente escrita e que há muitos meandros por descobrir.
 
12/06/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
História Permanente do Cinema Português
24 Horas de Sonho
de Chianca de Garcia
com Dulcina de Moraes, Odilon de Azevedo, Conchita de Moraes, Aristóteles Pena
Brasil, 1941 - 98 min | M/12
No seu segundo e último filme brasileiro, produzido por Adhemar Gonzaga na Cinédia e com argumento de Joracy Camargo, Chianca visou alto nas referências e no tom, apostando no que à época parece ter sido visto no Brasil como um jogo estranho, talvez precisamente por ser estranho ao tom da comédia popular carnavalesca (a chanchada) que dominaria o cinema do país durante a década. Esta história de uma rapariga que encena uma falsa nobreza para viver as suas supostas últimas 24 horas de vida, e que se cruza com verdadeiros nobres em decadência e um episódio de roubo de joias, evocava de forma evidente outras paragens e referências cinematográficas, misturando o tom da comédia local com o tom mais sofisticado da comédia romântica americana. De tão centrado no contexto próximo (o confronto com tendências da altura, as diferenças entre o cinema português e brasileiro desse anos, etc.), o que encontramos hoje da crítica da época só acentua ainda mais a vontade de olhá-lo com outra distância. Por sua vez, aquando da última exibição nestas salas (que ocorreu há mais de duas décadas, em 1998), Luís de Pina sublinhava o modo como Chianca se tinha aqui afastado do universo de PUREZA, deixando agora triunfar “a fantasia, a fábula, a realidade organizada como palco, como lugar de convenção, longe do realismo ou do documento”. Por todas estas razões, tantos anos volvidos sobre essa última projeção, e mesmo sem a possibilidade de o dar a ver numa cópia perfeita (a cópia a que temos acesso é uma redução de 16 mm e com insuficiências de som), considerámos que 24 HORAS DE SONHO não deveria ser esquecido nesta abordagem. 
 
12/06/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: O Esplendor do Melodrama
Dark Victory
Vitória Negra
de Edmund Goulding
com Bette Davis, George Brent, Humphrey Bogart
Estados Unidos, 1939 - 104 min
legendado em português | M/12
Um soberbo melodrama, que conta a história de uma mulher rica e fútil, atingida por uma doença mortal. A terceira e última parte do filme é um caminhar para a morte e, no plano final, a imagem torna-se totalmente negra, numa visão surpreendentemente não religiosa, para um filme de Hollywood, da passagem para a morte. Uma das maiores interpretações de Bette Davis, que já deixara os papéis de jovem inocente, mas ainda estava longe de ser estereotipada como megera. Em papéis secundários, as presenças de Ronald Reagan e sobretudo Humphrey Bogart, dois anos antes de se tornar uma vedeta quando protagonizou THE MALTESE FALCON.
 
12/06/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: O Esplendor do Melodrama
To Each his Own
Lágrimas de Mãe
de Mitchell Leisen
com Olivia de Havillad, John Lund Mary Anderson
Estados Unidos, 1946 - 120 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um dos grandes melodramas dos anos quarenta considerado à época como o “Woman’s Picture” por excelência, típico tearjerker sobre uma mulher (Olivia de Havilland, que recebeu o seu primeiro Óscar pelo seu desempenho). Como em tantos melodramas, o tema central é o da mãe que sofre por ter “pecado”, como bem indica o título português. Trata-se da história de uma mãe solteira que, por este motivo, não pode criar o seu filho e, enquanto prospera com o seu trabalho, faz-se passar pela sua tia, sem nunca lhe confessar a verdade. A mise-en-scène é um prodígio de contenção e elegância. Na Cinemateca o filme não é apresentado desde 2006.