CICLO
Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora (II)


Abordamos a segunda etapa deste vasto Ciclo sobre as migrações, que contou com colaborações externas (Augusto M. Seabra, Olaf Möller e Cíntia Gil), e chegará ao fim em maio com uma programação especial sobre a diáspora portuguesa. Se em março mostrámos sobretudo filmes do período clássico, em abril daremos ênfase ao cinema contemporâneo, de modo a sublinhar a dramática situação atual das migrações, com uma presença importante de documentários (dezasseis programas de um total de vinte e nove). Diversos filmes programados abordam espaços onde os migrantes são amontoados, como em Lampedusa e Calais, outros seguem os longos e cruéis trâmites burocráticos que vivem aqueles destinados à deportação. Também abordamos a questão do ponto de vista do migrante, com dois programas formados por clássicos do cinema africano, além de um filme de Jean Rouch em que vemos os franceses e a França através do olhar africano. Assinalamos ainda a presença de filmes de Gustav Deutsch, de Péter Forgács e do par Yervant Gianikian/Angela Ricci Lucchi que trabalham as migrações a partir de outro ponto de vista: material de arquivo e filmes domésticos. Dezassete programas apresentados propõem filmes inéditos na Cinemateca, num Ciclo em que vemos o cinema confrontar-se com a dura realidade do mundo tal como é, hoje.
 
30/04/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora (II)

Brûle la Mer
de Nathalie Chambot, Maki Berchache
França, 2014 - 75 min
 
30/04/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora (II)

Sweet Exorcist | Casa de Lava
duração total da projeção: 134 minutos | M/12
 
30/04/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora (II)
Brûle la Mer
de Nathalie Chambot, Maki Berchache
França, 2014 - 75 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Correalizado por uma francesa e um tunisino, BRÛLE LA MER faz eco às “primaveras árabes”, que tiveram início na Tunísia, que foi um dos raros países onde estas revoltas tiveram um resultado concreto e positivo: a queda da ditadura de Zine El Abidine Ben Ali. O filme aborda a questão dos refugiados no presente: a revolta tunisina e as frustradas tentativas de alguns tunisinos de se estabelecerem em França, os dramas que ocorrem diariamente em Lampedusa, o espezinhamento da população palestiniana. Mas BRÛLE LA MER é também uma meditação poética sobre a própria ideia de liberdade e o que significa romper com um passado e um país em que ainda persistem fortes relações de solidariedade.
 
30/04/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora (II)
Sweet Exorcist | Casa de Lava
duração total da projeção: 134 minutos | M/12
SWEET EXORCIST
de Pedro Costa
Portugal, 2012 – 24 min
CASA DE LAVA
de Pedro Costa
com Inês de Medeiros, Isaach de Bankolé, Edith Scob, Pedro Hestnes
Portugal, França, Alemanha, 1994 – 110 min | legendado em português

Pedro Costa, revelado alguns anos antes com o fabuloso O SANGUE, confirmou com CASA DE LAVA todas as expectativas criadas por esse primeiro filme (no entanto, muito diferente). Na paisagem vulcânica de Cabo Verde, filmada como se toda a vida (animal, vegetal ou mineral) tivesse sido coberta por um lençol de cinzas, CASA DE LAVA é outra história de dor e de sangue, vivida por “zombies” e outros seres amaldiçoados que junta, mais uma vez, o par do filme anterior: Inês de Medeiros e Pedro Hestnes. Rodado numa terra de homens ausentes na diáspora, este é o ponto de partida da longa, até hoje não terminada, relação do autor com o universo da emigração cabo-verdiana. A fechar a sessão, a contribuição de Pedro Costa para o filme coletivo CENTRO HISTÓRICO, produzido por Guimarães Capital da Cultura, que pode ser visto hoje como antecâmara de CAVALO DINHEIRO, e que encapsula todo o drama do imigrante esquecido, na transição política portuguesa. SWEET EXORCIST é uma primeira exibição na Cinemateca.