10/12/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos de Cinemateca

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)
Lonesome
Solidão
de Paul Fejos
com Glen Tryon, Barbara Kent, Kay Holderness
Estados Unidos, 1928 - 90 min
mudo, legendado eletronicamente em português | M/12
70 Anos, 70 Filmes

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)

AVISO: Havíamos anunciado que a projeção de LONESOME teria música ao vivo por Daniel Schvez, ao piano. No entanto, a cópia que recebemos é da versão semi-sonora distribuída à época, com música e a inserção de algumas sequências dialogadas, além do uso de intertítulos em outras sequências. Por conseguinte, a sessão será apresentada sem música ao vivo.
O húngaro Paul Fejos (ou Pal Fejos) teve um curioso itinerário, que o levou do cinema comercial à vanguarda e daí ao documentário, antes de abandonar o cinema para se dedicar a pesquisas científicas. Toda a ação de LONESOME se concentra num só dia e conta a história de dois jovens que se encontram em Coney Island e encetam um namoro, mas são separados pela multidão. Frequentemente comparado a THE CROWD, de King Vidor, LONESOME mistura o realismo que marcou boa parte do cinema mudo no seu período final (com o seu interesse pelo "homem comum"), com uma narrativa poética, num jogo constante entre o par de protagonistas e a multidão. Foi um dos filmes apresentados numa das primeiras grandes retrospetivas de cinema americano mudo organizadas pela Cinemateca, ainda nos anos sessenta (em 1965, mais precisamente).
 
10/12/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
O Que Quero Ver

Por sugestão dos espectadores
Bloody Mama
O Dia da Violência
de Roger Corman
com Shelley Winters, Don Stroud, Pat Hingle, Robert De Niro, Clint Kimbrough, Diane Varsi, Bruce Dern
Estados Unidos, 1970 - 84 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Shelley Winters compõe um dos seus grandes papéis neste “biopic” da notória “Ma” Barker, que dirigia um bando de salteadores formado pelos seus filhos, na década de trinta do século XX, e que foi apontada como um dos “inimigos públicos” pelo FBI. Uma obra brutal, das mais cruas de Corman, por onde passam referências ao incesto. O filme tem um parentesco com BONNIE AND CLYDE, que Corman não recusa precisando o registo realista que o norteou em BLOODY MAMA: “A minha intenção não foi romantizar ou glorificar, mas permanecer próximo do que sentia ter sido a realidade. Tinha fotografias dos Barkers e sabia como eles eram – não eram bonitos.”
 
10/12/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos de Cinemateca

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)
Je Vous Salue, Marie
Eu Vos Saúdo, Maria
de Jean-Luc Godard
com Myriem Roussel, Thierry Rode
França, Suíça, Reino Unido, 1985 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/16
70 Anos, 70 Filmes

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)
Jean-Luc Godard adaptou a Anunciação de Nossa Senhora à França da década de oitenta e a polémica não deixou de estalar. Tal como não deixou de ribombar às portas — e dentro da sala — da Cinemateca quando, durante um Ciclo dedicado a Jean-Luc Godard, em junho de 1985, e depois das palavras públicas de Nuno Krus Abecasis, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, condenando o filme e quem planeasse exibi-lo, cerca de meia centena de manifestantes católicos se concentraram nas instalações da Barata Salgueiro para tentar impedir a apresentação do filme, estreado internacionalmente nesse ano perante uma enorme polémica internacional. Os espectadores da Cinemateca, no entanto, conseguiram mesmo ver o “milagre” de Jean-Luc Godard, num filme que, ao som de Johann Sebastian Bach, evocava tanto os mitos das nossas imagens como a sua política e as relações entre homens e mulheres na sociedade europeia contemporânea, buscando, em igual medida, o sagrado e protesto entre os elementos da realidade. Uma obra fundamental na carreira do realizador.
 
10/12/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos de Cinemateca

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)
Les Demoiselles de Rochefort
As Donzelas de Rochefort
de Jacques Demy
com Catherine Deneuve, Françoise Dorléac, Danielle Darrieux, Jacques Perrin, Michel Piccoli, Gene Kelly
França, 1966 - 120 min
legendado eletronicamente em português | M/6
70 Anos, 70 Filmes

1ª Parte: 35 Histórias da História da Cinemateca (II)
Ao evocá-lo como “história”, o que evocamos aqui, mais uma vez, é o sabor e a importância de um Ciclo que, sendo à partida fundamental (a mostra completa de um dos grandes autores do cinema francês, apresentada na Cinemateca em 1983), tornou-se histórico também pela presença do homenageado. Jacques Demy não era único e inimitável apenas pelo cinema que fez, mas igualmente pelo seu carácter. Outras presenças foram mais contundentes; nenhuma foi tão amável e disponível. Mais uma vez (era o tempo desse princípio absoluto, entendido como estruturante), o Ciclo era exaustivo, trazendo a Lisboa o conhecido e o desconhecido de Jacques Demy. Neste fabuloso cinema “en-cantado”, há muitas obras mágicas, que tocam o maravilhoso e uma justeza limite. Dentre elas, não haverá porém nenhuma que seja tão jubilatória como esta. Filmado em Cinemacope e a cores, LES DEMOISELLES DE ROCHEFORT é porventura a obra-prima do cinema musical de Demy, de novo com música de Michel Legrand. O filme presta uma grande homenagem ao musical americano (contando mesmo com a presença de Gene Kelly) e ilustra simultaneamente a mitologia e os temas centrais da obra do cineasta, a procura do amor sob diversas formas, do mais idealista ao mais violento. Todo o filme decorre num tom eufórico e todas as personagens encontram ou reencontram aquilo que procuravam. Duas horas de felicidade cinematográfica.