CICLO
Double Bill


Um “Double Bill” com quatro programas muito diferentes. No primeiro sábado, apresentamos dois filmes atravessados pela teatralidade e que conduzem o trabalho com a voz off ao limite. O segundo, proporciona-nos momentos verdadeiramente sublimes, encarnados por duas das mais tocantes personagens femininas do cinema de Ghatak e de Mizoguchi. Separados por cerca de cinquenta anos, O VENTO LEVAR-NOS-Á e FRANCESCO GIULLARE DI DIO são dois títulos extremamente despojados e próximos do essencial, revelando heranças e influências no seio de universos de algum modo próximos, mas geograficamente muito distantes. A fechar o mês, duas comédias magistrais reveladoras da extrema ousadia de Lubitsch e de Chaplin em tempo de guerra.
 
03/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Le Roman d’un Tricheur | Eugénie de Franval
duração total da projeção: 185 min | M/12
10/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Oyu-Sama | Meghe Dhaka Tara
duração total da projeção: 229 min | M/12
 
17/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Bad Ma-ra Khahad Bord | Francesco Giullare di Dio
duração total da projeção: 193 min | M/12
 
24/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

To Be or Not to Be | The Great Dictator
duração total da projeção: 219 min | M/12
03/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Le Roman d’un Tricheur | Eugénie de Franval
duração total da projeção: 185 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos.
LE ROMAN D’UN TRICHEUR
de Sacha Guitry
com Sacha Guitry, Marguerite Moréno, Jacqueline Delubac
França, 1936 – 80 min / legendado eletronicamente em português
EUGÉNIE DE FRANVAL
de Louis Skorecki
com Françoise Grimaldi, Cécile Le Bailly, Elisabeth Boland, Louis Skorecki
França, 1974 – 105 min / legendado eletronicamente em português

Muitos consideram LE ROMAN D’UN TRICHEUR como a obra-prima de Guitry. O protagonista, que não é outro senão o próprio Guitry, conta a sua vida a uma senhora, numa série de flashbacks: tudo começou quando, em criança, ficou sem jantar, por castigo devido a uma pequena patifaria e toda a família morreu envenenada pelos cogumelos que estavam na ementa. Conclusão do rapaz: “o crime compensa”. E assim decorrerá a sua vida, com a moral às avessas, até ao inesperado final deste filme impagável. Louis Skorecki descreve EUGÉNIE DE FRANVAL (adaptação de Sade) como o seu filme “mais formalista, o único a ter circulado nas cooperativas de cinema experimental”, assente num conflito entre a banda de imagem e a banda de som. A apresentar em cópia digital.
 
10/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Oyu-Sama | Meghe Dhaka Tara
duração total da projeção: 229 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos.
OYU-SAMA
“A Senhora Oyu”
de Kenji Mizoguchi
com Kinuyo Tanaka, Nobuko Otowa, Yuji Hori
Japão, 1951 – 93 min / legendado em português
MEGHE DHAKA TARA
 “A Estrela Escondida”
de Ritwik Ghatak
com Supriya Choudhouri, Anil Chatterjee, Niranjan Ray
Índia, 1960 – 134 min / legendado eletronicamente em português

OYU-SAMA é uma adaptação de um romance de Jun’Ichiro Tanizaki ambientado na época Meiji, em cuja reconstituição, no plano estético, Mizoguchi apostou muito. A história narra mais um triângulo amoroso, mas desta vez com uma peculiaridade: ninguém odeia ninguém, e todos se amam uns aos outros. O principal vértice deste triângulo, a senhora Oyu, é descrita por Dario Tommasi como alguém que “representa a tradição, mas nem por isso renuncia à lógica do desejo”.  MEGHE DHAKA TARA é uma das obras máximas de Ritwik Ghatak, um dos grandes nomes do cinema indiano de autor. A personagem central foi comparada por alguns às heroínas de Mizoguchi: uma mulher que se sacrifica por aqueles que lhe são próximos e, quando já está à beira da morte, refugiada nas montanhas, grita a sua vontade de viver. Uma das grandes obras-primas do cinema indiano. A apresentar em cópias digitais.
 
17/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Bad Ma-ra Khahad Bord | Francesco Giullare di Dio
duração total da projeção: 193 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos.
BAD MA-RA KHAHAD BORD
O Vento Levar-nos-á
de Abbas Kiarostami
com Bezhad Durani, Farzhad Sohrabi, Masud Mansuri, Massumeh Salimi, Bahman Ghobadi, Noghreh Asadi
Irão, França, 1999 – 118 min / legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
FRANCESCO GIULLARE DI DIO
O Santo dos Pobrezinhos
de Roberto Rossellini
com Aldo Fabrizi, Arabella Lemaître, Frei Nazario Gerardi, Padre Roberto Sorrentino, Frade Nazareno, Peparuolo e os frades do convento de Maiori e Baronissi
Itália, 1950 – 75 min / legendado em português

Um grupo de pessoas a bordo dum jeep atravessa os campos do Curdistão Iraniano. Depois de terem seguido, em vão, o mapa geográfico com a ajuda de uma criança, chegam à aldeia de Siah Dareh. O responsável explica à criança que procuram um tesouro no cemitério no alto da colina. "O VENTO LEVAR-NOS-Á mostra quanto de mim existe nos filmes que realizo. Embora seja difícil e até inútil dar uma percentagem precisa, não posso negar que em cada um destas personagens existe um pouco de mim como pessoa que vive em Teerão, numa certa fase da vida, de mim como cineasta e com as perguntas que me faço" (Abbas Kiarostami). Grande Premio do Júri no Festival de Veneza em 1999. Em FRANCESCO GIULLARE DI DIO, contam-se episódios da vida de S. Francisco de Assis, numa das mais austeras obras de Roberto Rossellini, que aplica à época da ação as “técnicas” neorrealistas de ROMA, CITTÀ APERTA e PAISÀ. Totalmente filmado em exteriores e só com dois atores profissionais, é uma lição de humildade na forma e no tema, a propósito do patrono dos simples e dos humildes – “é o estilo que também é franciscano” (Rudolf Thome). Dividido em onze episódios, é um filme de uma limpidez despojada e essencial, que tanto parece antecipar algumas coisas da futura fase “televisiva” de Rossellini como abrir um caminho por onde enveredarão, anos mais tarde, certas obras de Straub e Huillet.
 
24/11/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
To Be or Not to Be | The Great Dictator
duração total da projeção: 219 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos.
TO BE OR NOT TO BE
Ser ou Não Ser
de Ernst Lubitsch
com Carole Lombard, Jack Benny, Robert Stack
Estados Unidos, 1942 – 95 min / legendado em espanhol e eletronicamente em português
THE GREAT DICTATOR
O Grande Ditador
de Charles Chaplin
com Charles Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie, Reginald Gardiner, Henry Daniell, Billy Gilbert
Estados Unidos, 1940 – 124 min / legendado em francês e eletronicamente em português

Em TO BE OR NOT TO BE o mundo real e o da representação, são confundidos nesta comédia genial em que um grupo de atores, para fugir de Varsóvia ocupada pelos nazis, é obrigado a encenar na realidade a peça que preparava para o palco. Foi o último filme de Carole Lombard. Dois anos antes, Charlot entra em guerra contra o fanatismo e a intolerância, e aparece pela última vez no ecrã no papel de um barbeiro judeu que tem um sósia. Nem mais nem menos do que o ditador do país, Adenoid Hynkel (e a referência não podia ser mais transparente). Um dia é confundido com ele e vai fazer um discurso às massas. Portugal esperou anos para ver este filme, de exibição então considerada pouco condicente com a “neutralidade” do nosso país.