CICLO
Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy


A Cinemateca associa-se à Programação Artista na Cidade 2018, este ano dedicada ao trabalho da encenadora e realizadora brasileira Christiane Jatahy, através de uma carta branca que se materializa em duas jornadas intensas compostas por filmes projetados em sessões contínuas nos dias 22 e 23, que arrancam às três da tarde e decorrem até pouco depois da meia-noite. Ao longo de duas tardes e de duas noites sucedem-se oito filmes escolhidos por Jatahy, interrompidos por vários momentos de conversa com a artista, que acompanhará e contextualizará todo o Programa. A encerrar as projeções, A FALTA QUE NOS MOVE (2008-2011), a longa-metragem de Jatahy que resultou de filmagens do espetáculo teatral homónimo, levado à cena alguns anos antes, e que conduziria a uma transformação importante numa obra cada vez mais consciente do potencial do recurso à linguagem cinematográfica e da importância da confluência entre teatro e cinema. Em paralelo à autonomização de A FALTA QUE NOS MOVE enquanto filme, Jatahy começava a instalar pela primeira vez câmaras em palco, que passaram a fazer parte integrante do seu trabalho teatral, acrescentando-lhe novas dimensões, que se somam ao seu modo muito particular de trabalhar com os atores (e não atores) e às suas temáticas de eleição. E se, como afirmou a própria Christiane Jatahy, a sua obra apresenta hoje "toda uma série de projetos que partindo da cena, de alguma forma transformam o teatro em cinema", um projeto teatral mais recente, que desenvolveu com a Comédie-Française em 2017, La Règle du Jeu, permitiu-lhe "partir do cinema para o transformar em teatro, sem que deixe de ser cinema". Começamos este Programa precisamente com LA RÈGLE DU JEU, de Jean Renoir, o filme de que partiu, e encerramos com um encontro informal com Jatahy que decorrerá no espaço do Restaurante-Bar 39 Degraus ao fim da noite de dia 23, depois da projeção de A FALTA QUE NOS MOVE. Pelo meio todo um conjunto de filmes em que se abordam relações em momentos extremos, se experimentam formas narrativas ou se trabalha de modo invulgar com os atores.   
O Programa Artista na Cidade 2018 prossegue no dia 24 no Teatro São Luiz, que abre as portas das cinco e meia da tarde às seis e meia da manhã para acolher A FALTA QUE NOS MOVE em versão vídeo-instalação, composta pelas treze horas contínuas de brutos das filmagens, projetados em três ecrãs.
 
Informação sobre venda de bilhetes
Organizado em duas jornadas contínuas, o Programa estrutura-se em quatro partes, correspondendo cada uma delas a uma sessão com bilhete único.
 
 
22/11/2018, 15h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy

Jornada contínua - Parte 1: La Règle du Jeu | Festen
Duração aproximada da sessão: 240 min
 
22/11/2018, 19h15 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy

Jornada contínua - Parte 2: La Ciénaga | Inland Empire
Duração aproximada da sessão: 360 min
23/11/2018, 15h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy

Jornada contínua - Parte 3: Faces | Code Inconnu
Duração aproximada da sessão: 300 min
23/11/2018, 20h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy

Jornada contínua - Parte 4: In Film Nist | A Falta que Nos Move
Duração aproximada da sessão: 240 min
22/11/2018, 15h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy
Jornada contínua - Parte 1: La Règle du Jeu | Festen
Duração aproximada da sessão: 240 min
LA REGLE DU JEU
A Regra do Jogo
de Jean Renoir
com Marcel Dalio, Nora Grégor, Roland Toutain, Julien Carette, Gaston Modot, Mila Parély, Jean Renoir
França, 1939 – 110 min / legendado em português | M/12
O mais lendário filme de Jean Renoir. Sem personagem principal, com nada menos do que oito protagonistas, “sem história”, implacável e demencial, objeto de tanta ira como de admiração, LA RÈGLE DU JEU é, para muitos, a obra máxima de Renoir, mostrando-nos uma coreografia em que a câmara acompanha as fugas e jogos de amor das personagens, numa mansão senhorial. Enquanto dançam sobre o vulcão, a Europa e o mundo caminham para a guerra.
 
Conversa com Christiane Jatahy
 
FESTEN
A Festa
de Thomas Vinterberg
com Ulrich Thomsen, Henning Moritzen, Thomas Bo Larsen, Paprika Steen
Dinamarca, 1998 – 105 min / legendado em português | M/16
FESTEN foi um dos primeiros filmes do movimento Dogma 95, iniciado na Dinamarca no mesmo ano por cineastas como Thomas Vinterberg e Lars von Trier, cujo manifesto estabelece um conjunto de dez regras para a realização cinematográfica. FESTEN acompanha uma reunião de família para celebrar o 60º aniversário do respetivo patriarca em que um jantar bem regado é o pretexto para sórdidas revelações. Destacando uma ideia de realismo reforçada pela utilização de uma câmara digital portátil nas filmagens, associada a uma catarse de emoções, FESTEN foi distinguido com o Prémio do Júri no Festival de Cannes de 1999. Primeira exibição na Cinemateca.
 

 
22/11/2018, 19h15 | Sala M. Félix Ribeiro
Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy
Jornada contínua - Parte 2: La Ciénaga | Inland Empire
Duração aproximada da sessão: 360 min
LA CIÉNAGA
O Pântano
de Lucrécia Martel
com Mercedes Moran, Graciela Borges, Martin Adjemian, Leonora Balcarce
Argentina, 2002 – 103 min / legendado em português | M/12
Um dos melhores exemplos d
o moderno cinema argentino independente. LA CIÉNAGA conta a história de duas mulheres que vivem numa pequena cidade da Argentina, onde tudo parece estagnado, como as suas próprias vidas. Retrato sem complacências de uma sociedade, expondo as suas taras e compromissos.
 
Conversa com Christiane Jatahy
 
INLAND EMPIRE
Inland Empire
de David Lynch
com Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux, Karolina Gruszka, Jan Hencz
Estados Unidos, 2006 – 180 min / legendado em português | M/16
Uma atriz prepara-se para o seu maior papel de sempre. Mas quando dá conta que se está a apaixonar pelo ator com quem contracena, percebe que a sua vida real não é mais do que uma réplica da ficção que ambos estão a filmar. A sua confusão aumenta quando lhe é revelado que o filme em causa é um remake de uma velha produção polaca que nunca chegou a ser acabada devido a uma estranha tragédia. Mais um filme de Lynch que faz explodir as convenções narrativas.
 

 
23/11/2018, 15h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy
Jornada contínua - Parte 3: Faces | Code Inconnu
Duração aproximada da sessão: 300 min
FACES
Rostos
de John Cassavetes
com Gena Rowlands, John Marley, Lyn Carlin
Estados Unidos, 1968 – 130 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Um dos títulos maiores da obra de John Cassavetes. Um olhar sobre a frustração e o vazio na vida confortável das classes médias americanas. Gena Rowlands é soberba num filme duro, áspero, que fomentou comparações com Bergman e Warhol em simultâneo. Em qualquer caso, é muito possível que FACES seja o filme que melhor define o “método Cassavetes” em todo o seu excesso.
 
CODE INCONNU: RÉCIT INCOMPLET DE DIVERS VOYAGES
Código Desconhecido
de Michael Haneke
com Juliette Binoche, Thierry Neuvic, Josef Bierbichler
França, 2000 – 120 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Em CODE INCONNU Haneke prossegue as suas experimentações em torno das formas narrativas. Partindo de um acontecimento numa esquina de Paris, que desencadeará os encontros e desencontros das várias personagens, Haneke trabalha um cruzamento de histórias muito fragmentadas e em aberto que se relacionam com fenómenos como a imigração, o racismo e a intolerância que grassam pela Europa. Primeira exibição na Cinemateca.
 
Conversa com Christiane Jatahy
 

 
23/11/2018, 20h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Artista na Cidade: As Escolhas de Christiane Jatahy
Jornada contínua - Parte 4: In Film Nist | A Falta que Nos Move
Duração aproximada da sessão: 240 min
IN FILM NIST
Isto não é um Filme
de Jafar Panahi
com Jafar Panahi, Mojtaba Mirtahmasb
Irão, 2011 – 75 min / legendado em português | M/12
Em dezembro de 2010, Jafar Panahi foi condenado por um tribunal iraniano a seis anos de prisão e uma proibição de filmar durante dez anos. Enquanto esperava o resultado do recurso que apresentou, ficou em prisão domiciliária e decidiu fazer precisamente aquilo que o queriam proibir de fazer: um filme. Com uma pequena câmara digital e um telemóvel, além da colaboração de um comparsa, para evitar um puro autorretrato, o grande realizador iraniano fez um filme sobre o ato de não fazer um filme. “As suas brilhantes reflexões sobre a ontologia do ato de filmar, as vívidas descrições da sua vida quotidiana (que às vezes resultam em evanescentes metáforas), o risco que Panahi corria ao fazer este filme e a necessidade imperiosa que ele sentia de correr este risco” (Amy Taubin) resultam numa obra extraordinária.
 
A FALTA QUE NOS MOVE
de Christiane Jatahy
com Cristina Amadeo, Daniela Fortes, Marina Vianna, Kiko Mascarenhas, Pedro Brício
Brasil, 2008-2011 – 95 min | M/12
Começando por ser uma peça de teatro, que a encenadora Christiane Jatahy apresentou durante três anos nos palcos (2005-2009), A FALTA QUE NOS MOVE acabou por se desdobrar noutros formatos, entre os quais um filme, longa-metragem que circulou por inúmeros festivais de cinema e teve estreia comercial no Brasil, e uma vídeo-instalação/performance. A "versão-filme", que apresentamos pela primeira vez na Cinemateca, tal como a peça, aborda diretamente a questão da família e os seus sistemas relacionais no contexto das vivências da geração de que a realizadora faz parte, mas também as relações entre ator e personagem ou teatro e performance. Como escreveu Jatahy "O filme transformou-se numa experiência de linguagem ainda mais radical do que a peça. Misturando a linguagem do documentário com a ficção e rompendo as fronteiras entre a realidade e a criação.(...) Filmámos na véspera do natal – um natal de amigos íntimos, em que memórias e revelações vêm à tona. Foram 13 horas de filmagem que resultaram em 39 horas de material bruto. (...). A filmagem foi contínua e o filme parece um plano-sequência, mas na verdade é uma grande colcha de retalhos que recria uma ideia de realidade. Um exercício de dobras sobre si mesmo, onde nem tudo é realmente como parece."
 
Conversa final com Christiane Jatahy no espaço do Restaurante-Bar 39 Degraus