CICLO
Double Bill


Os quatro emparelhamentos de setembro trazem Losey e Sternberg  em duas interpretações do “barroquismo” no cinema ; o PICNIC de Joshua Logan e o AGOSTO de Jorge Silva Melo (filme em que, como confessa em AINDA NÂO ACABÁMOS, o seu recente filme autobiográfico, “copiou” uma cena do de Logan); Borzage e Renoir, em dois sublimes retratos do sul dos EUA ; e Pietrangeli e Pialat, em histórias dos “nossos amores”, em tudo diferentes no estilo e no ponto de vista, e que justamente por isso faz bem aproximar.
 
08/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Eva | The Scarlet Empress
duração total da projeção: 220 min | M/12
15/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Picnic | Agosto
duração total da projeção: 212 min | M/12
22/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

Moonrise | The Southerner
duração total da projeção: 177 min | M/12
 
29/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

La Visita | À Nos Amours
duração total da projeção: 204 min | M/16
 
08/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Eva | The Scarlet Empress
duração total da projeção: 220 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
EVA
Eva
de Joseph Losey
com Jeanne Moreau, Stanley Baker, Virna Lisi, James Villiers
Reino Unido, Itália, 1962 – 116 min / legendado eletronicamente português
THE SCARLET EMPRESS
A Imperatriz Vermelha
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, John Lodge, Sam Jaffe, Louise Dresser
Estados Unidos, 1934 – 104 min / legendado em português

EVA assinala uma etapa importante na carreira de Losey, depois dos “anos de galera” consecutivos ao seu exílio e a um período de recuperação profissional em Inglaterra. Filmado em Veneza e em Roma, o filme tem semelhanças formais com o cinema europeu de autor do período (e doravante, Losey será um autor europeu) e conta a história da relação sadomasoquista entre um escritor britânico e uma cortesã francesa, que fará dele o seu joguete, recusando-se ao homem para melhor o dominar. Um dos grandes papéis de Jeanne Moreau. Em THE SCARLET EMPRESS, Josef von Sternberg conta a história da ascensão ao poder de Catarina a Grande numa das suas fabulosas colaborações com Marlene Dietrich, mais luminosa do que nunca. Trata-se também de um filme de inusitado barroquismo, magistralmente filmado. Mal-entendido quando estreou, foi recuperado nos anos sessenta, tornando-se entretanto um “cult movie”. É também (ou não fosse um Sternberg-Marlene) um grande filme erótico. Cenários de Hans Dreier.
 
15/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Picnic | Agosto
duração total da projeção: 212 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
PICNIC
Piquenique
de Joshua Logan
com William Holden, Kim Novak, Rosalind Russell, Arthur O'Connell, Cliff Robertson, Susan Strasberg
Estados Unidos, 1955 – 115 min / legendado eletronicamente em português
AGOSTO
de Jorge Silva Melo
com Christian Patey, Olivier Cruveiller, Marie Carré, Manuela de Freitas, Pedro Hestnes, Glicínia Quartin, Isabel Ruth
Portugal, 1988 – 97 min

PICNIC é um filme marcante da década de cinquenta, por todos os conflitos e transformações de ordem moral ou social que ecoa. Talvez seja também o melhor filme de Joshua Logan, particularmente eficaz na gestão da continuidade espácio-temporal da peça de William Inge (adaptada por Daniel Taradash) e na direção de atores. Destacam-se Holden e Kim Novak, impecáveis na sugestão de um desejo tão profundo quanto reprimido. Em AGOSTO, Jorge Silva Melo adaptou muito livremente para a paisagem portuguesa, o romance de Cesare Pavese A Praia. A paisagem física é a Arrábida e a praia, banhadas pela luz deslumbrante e dourada do verão dela. A paisagem humana é formada pelas pessoas singulares que aí habitam, vivendo um vazio "antonioniano" que Jorge Silva Melo transpôs para o cinema português. PICNIC é apresentado em cópia digital.
 
22/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
Moonrise | The Southerner
duração total da projeção: 177 min | M/12
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
MOONRISE
Consciência em Paz
de Frank Borzage
com Dane Clark, Gail Russell, Ethel Barrymore, Rex Ingramd
Estados Unidos, 1948 – 86 min / legendado em português
THE SOUTHERNER
Semente de Ódio
de Jean Renoir
com Zachary Scott, Betty Field, Nona Tucker, J. Carrol Naish, BEULAH BONDI
Estados Unidos, 1945 – 91 min / legendado em português

MOONRISE foi um dos últimos filmes de Borzage, mestre insuperável do melodrama. Em MOONRISE encontram-se todos os temas que acompanham a obra de Borzage, em especial o do amor e do sacrifício que redime todas as faltas. O filho de um enforcado por um crime de morte sofre na pele a marginalização dos vizinhos, acabando por repetir a situação do pai. THE SOUTHERNER  é um dos mais belos filmes de Renoir e um dos mais duros, história de uma família de agricultores do Sul dos EUA, a difícil luta pela sobrevivência nos anos trinta, a solidariedade de grupo e o combate contra os elementos, com uma famosa sequência, a do tornado. William Faulkner (não creditado no genérico) foi conselheiro de Renoir, que captou magnificamente a atmosfera do Sul dos Estados Unidos.
 
29/09/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
La Visita | À Nos Amours
duração total da projeção: 204 min | M/16
Entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos
LA VISITA
Anúncio de Casamento
de Antonio Pietrangeli
com Sandra Milo, François Périer, Catherine Spaak
Itália, 1963 – 107 min / legendado eletronicamente em português
À NOS AMOURS
Aos Nossos Amores
de Maurice Pialat
com Sandrine Bonnaire, Maurice Pialat, Evelyne Ker
França, 1983 / 97 min / legendado em português

Um delicadíssimo filme de Antonio Pietrangeli, nas margens da comédia à italiana mais agridoce. É a história do encontro entre duas personagens, que se conheceram por correspondência no seguimento de um anúncio de jornal, daqueles em que se procura “cavalheiro” ou “senhora” para “relacionamento sério”. Ela (Sandra Milo) vive sozinha na província e tem uma pequena fortuna, ele (François Périer) é um solitário romano empregado numa tipografia. Como habitualmente em Pietrangeli, o homem é mais fraco do que a mulher, mas é notável a forma como as deficiências de carácter da personagem de Périer (um oportunista, no fundo) são integradas num tocante retrato de solidão. E isto, para lá de todos os opostos que são cruciais no filme (masculino/feminino, cidade/campo, etc.), é o tema de LA VISITA:  o encontro de duas solidões. Uma pequena obra-prima, que ainda ado
ta (no princípio e no fim) uma fórmula epistolar que não seria disparatado aproximar de alguns filmes de Manoel de Oliveira. À NOS AMOURS é o filme que marca o apogeu de uma certa maneira de filmar de Pialat e que lançou uma grande atriz: Sandrine Bonnaire, então com 16 anos. História da descoberta do sexo e do amor por uma adolescente, no seio de uma família violenta, que termina com a fuga dela para os Estados Unidos. Neste filme, Pialat leva muito longe a sua técnica “brutalista”, com grandes elipses e uma certa dose de improvisação dos atores, que chega às raias do psicodrama. Cyril Collard, o futuro realizador de NOITES BRAVAS, foi assistente de realização e tem um breve papel