CICLO
Homenagem a Joana Pimentel


Nos 28 anos em que trabalhou na Cinemateca, Joana Pimentel (1953-2018) deixou duas marcas decisivas que transcendem em muito a vida do organismo e fazem dela um dos obreiros do esforço de salvaguarda do património cinematográfico entre nós. Na sua qualidade de responsável pela prospeção, depósitos e relação com depositantes no ANIM (o Departamento de Arquivo Nacional das Imagens em Movimento) deve-se ao seu esforço grande parte do sucesso que, logo nos primeiros anos deste serviço, teve a busca pró-ativa de material fílmico nessa altura ainda disperso, abandonado ou não-conservado, e o convencimento ao depósito do mesmo nos cofres climatizados da Cinemateca. Ato de persistência e, por vezes, de autêntica militância, este foi antes de mais o resultado de uma profunda compreensão, de uma genuína crença e de um saber-fazer, aos quais as gerações atuais e futuras, e toda a cultura portuguesa, muito terão a agradecer. A isso (e em certa medida já dentro do âmbito disso) a Joana acrescentou então uma outra frente de iniciativa pessoal cujo significado e alcance não param hoje de crescer. Referimo-nos à sua ação em prol da salvaguarda e do conhecimento das imagens em movimento de temática colonial, no mais amplo sentido do termo (da estrita propaganda colonial do Estado Novo aos filmes de resistência anticolonial, dos documentos científicos aos filmes turísticos ou recreativos, das produções institucionais às imagens amadoras). Nesse campo, por gosto e conhecimento, foi de facto, reiteradamente, para além de prospetora e conservadora, a primeira investigadora desses filmes, no sentido em que soube olhá-los e interrogá-los com uma primeiríssima visão moderna, distanciada dos contextos originais de produção. Nesta sessão prestamos-lhe o nosso tributo, evocando justamente o universo de imagens em que tantas vezes fez um trabalho seminal.   
 
 
06/09/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Homenagem a Joana Pimentel

Voyage en Angola
de Marcel Borle
Suíça, 1929 - 86 min
 
06/09/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Homenagem a Joana Pimentel
Voyage en Angola
de Marcel Borle
Suíça, 1929 - 86 min
mudo, intertítulos em francês, legendados eletronicamente em português | M/12
Acompanhamento ao piano por Filipe Raposo
VOYAGE EN ANGOLA foi o primeiro filme colonial a arrancar-nos exclamações de entusiasmo como quando Marcel Borle filma com graça o ‘bailado’ do naturalista da missão tentando caçar borboletas sob o olhar incrédulo do seu ajudante ganguela. (…) nada em VOYAGE EN ANGOLA, com a exceção da cena da travessia do rio em apoteose do caçador branco às costas de uns sorridentes carregadores negros, foi filmado de improviso. Todos os planos resultam de minuciosa preparação prévia” (Joana Pimentel). Cópia da Cinemateca produzida no seu laboratório, no âmbito do projeto de restauro fotoquímico do filme em parceira com a Cinemateca da Suíça, a partir do negativo original e de uma cópia de época em suporte de nitrato, materiais conservados no arquivo da Cinemateca da Suíça. Primeira exibição na Cinemateca.