CICLO
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)


Em fevereiro, inaugurámos uma série de ciclos e conferências intitulada “As Cinematecas Hoje”, com uma homenagem à Cinemateca de Bolonha. Em março e abril, prestamos homenagem ao UCLA Film & Television Archive (Los Angeles), cujo Diretor, Jan-Christopher Horak, esteve connosco no primeiro destes dois meses. Nascido de uma primeira unidade de arquivo de televisão criada em 1965 (à qual se juntou o grande arquivo de cinema poucos anos depois), o UCLA Film & Television Archive é o segundo mais importante arquivo cinematográfico americano, depois da Biblioteca do Congresso, em Washington. Considerado ainda o maior dos arquivos de cinema associados a uma universidade, o UCLA Film & Television Archive, pelo facto de se situar na capital da indústria cinematográfica americana, pôde também estabelecer contactos privilegiados com as grandes produtoras de Hollywood e formar uma imensa coleção, baseada, em grande parte, em depósitos delas. Paralelamente, a instituição lançou-se numa política sistemática de restauro de grandes filmes clássicos de Hollywood e também de filmes mais obscuros, sempre que possível no suporte original em película.
Chegamos agora à segunda e última parte deste Ciclo, composto unicamente por cópias em 35 mm, restauradas, vindas da riquíssima coleção daquele arquivo. A lógica da programação, que se desdobrou em vinte e cinco programas, com um total de vinte e seis filmes, consistiu em cotejar dez grandes clássicos do cinema americano e quinze outros programas compostos por filmes relativamente raros ou obscuros, inéditos na Cinemateca. Para os grandes clássicos, foram escolhidos filmes que, com uma única exceção, não passavam na Cinemateca há pelo menos quatro anos. A restante programação foi dividida em duas partes: por um lado, filmes criminais ou “noirs” dos anos quarenta e cinquenta, que formam uma parte significativa da produção americana do período; por outro lado, uma seleção de filmes de diversos géneros realizados nos anos trinta, que foi um dos grandes períodos do cinema clássico, pois os códigos narrativos ainda não estavam definitivamente estabelecidos e, hoje, é sem dúvida o mais negligenciado. Em abril, além das segundas passagens de sete títulos que tinham sido apresentados uma só vez em março, podemos rever quatro grandes clássicos (dois dos anos trinta e dois dos anos cinquenta) e descobrir seis filmes raros e esplêndidos, três dos quais pertencem genericamente ao género criminal e três outros ilustram a variedade e a liberdade do cinema dos anos trinta.
 
05/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)

Cry Danger
Grito de Alarme
de Robert Parrish
Estados Unidos, 1951 - 80 min
06/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)

Now I’ll Tell
de Edwin Burke
Estados Unidos, 1934 - 82 min
 
06/04/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)

True Confession
São Assim as Mulheres
de Wesley Ruggles
Estados Unidos, 1937 - 85 min
 
09/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)

The Strange Affair of Uncle Harry
Veneno que Liberta
de Robert Siodmak
Estados Unidos, 1945 - 80 min
11/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)

The Barefoot Contessa
A Condessa Descalça
de Joseph L. Mankiewicz
Estados Unidos, 1954 - 128 min
05/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)
Cry Danger
Grito de Alarme
de Robert Parrish
com Dick Powell, Rhonda Fleming, Richard Erdman
Estados Unidos, 1951 - 80 min
legendado eletronicamente em português | M/12
“Noir”, thrillers, filmes criminais
CRY DANGER, que marca a estreia na realização de Robert Parrish, é um excelente filme negro sobre um tema clássico no género: a vingança, por parte de um homem que cumpriu uma sentença de prisão por um crime que não cometeu. Todos, inclusive a sua mulher, parecem estar contra ele, à medida que o homem tenta desvendar a teia de intrigas que o levara à cadeia. Os temas da traição e do perigo iminente, que estão no cerne do filme negro, estão presentes, assim como a iconografia urbana americana, neste caso de Los Angeles. Primeira exibição na Cinemateca em março.
 
06/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)
Now I’ll Tell
de Edwin Burke
com Spencer Tracy, Helen Twelvetrees, Alice Faye
Estados Unidos, 1934 - 82 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Joias dos Anos 30
Baseado nas memórias de um jogador inveterado, que foi famoso, Arnold Rothstein, NOW I’LL TELL leva-nos por um percurso pelo mundo do jogo e dos negócios escusos. O protagonista promete à mulher que vai deixar o jogo, mas depois de se meter em complicações com um bandido acaba por penhorar as joias dela. Spencer Tracy está perfeito no papel de um sedutor desonesto, enquanto Alice Faye encarna uma bomba sexual loira, à Jean Harlow. Um filme raro, recentemente restaurado pela UCLA. Primeira exibição na Cinemateca em março.
 
06/04/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)
True Confession
São Assim as Mulheres
de Wesley Ruggles
com Carole Lombard, Fred McMurray, John Barrymore
Estados Unidos, 1937 - 85 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Joias dos Anos 30
Uma mistura única de humor negro e “screwball comedy” (comédia maluca), tendo no papel principal Carole Lombard, uma das grandes figuras femininas de Hollywood da sua geração, que desapareceria apenas cinco anos depois num desastre aéreo. Aqui, Lombard faz o papel de uma escritora muito distraída, além de ser uma mentirosa patológica, que é casada com um advogado. Acusada de um crime que não cometeu, é persuadida pelo marido a declarar-se culpada, como tática jurídica. Mas um bêbedo surge na vida do casal e atrapalha tudo. Um excelente exemplo da comédia clássica americana, que atingiu nos anos trinta um grau de sofisticação visual e narrativa a que nunca mais chegaria. Primeira exibição na Cinemateca.
 
09/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)
The Strange Affair of Uncle Harry
Veneno que Liberta
de Robert Siodmak
com George Sanders, Ella Raines, Geraldine Fitzgerald
Estados Unidos, 1945 - 80 min
legendado eletronicamente em português | M/12
“Noir”, thrillers, filmes criminais
Misto de filme “negro” e melodrama sombrio, THE STRANGE AFFAIR OF UNCLE HARRY é uma obra relativamente pouco vista de Robert Siodmak, autor de clássicos do “noir”, como THE KILLERS e THE SPIRAL STAIRCASE. Aqui, estamos numa pequena cidade, onde um homem (George Sanders, num dos seus muitos magníficos desempenhos) vive com as duas irmãs, possessivas e ciumentas. Uma delas opõe-se ao namoro do homem com uma colega e ele pensa tomar medidas radicais. Magnífico filme de atmosfera, que foi vítima da censura, e forçado à mudança do desenlace e à inserção de um “happy end”. Não é apresentado na Cinemateca desde 2006. Primeira exibição na Cinemateca em março.
 
11/04/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
As Cinematecas Hoje: UCLA Film & Television Archive (II)
The Barefoot Contessa
A Condessa Descalça
de Joseph L. Mankiewicz
com Humphrey Bogart, Ava Gardner, Edmond O’Brien, Rossano Brazzi
Estados Unidos, 1954 - 128 min
legendado em português | M/12
Grandes Clássicos
Joseph Mankiewicz tem algo de “um intelectual” no contexto do cinema americano clássico e, num eco a CITIZEN KANE (cujo argumento foi coescrito pelo seu irmão Herman), tinha predileção pelas narrativas em flashback em que a história é contada a partir de vários pontos de vista diferentes. É o que se passa em THE BAREFOOT CONTESSA, história de uma dançarina espanhola que se transforma numa vedeta de Hollywood, mas é demasiado livre para aquele meio. Mankiewicz explicou que quis fazer um conto de fadas no qual o príncipe encantado fosse impotente ou homossexual e, embora este tema fosse impensável em Hollywood, o realizador conseguiu introduzir a ideia do anticlímax sexual. No papel titular, Ava Gardner está mais bela do que nunca, enquanto Humphrey Bogart tem um papel muito diferente dos “duros” que o celebrizaram. Magnífico Technicolor.