CICLO
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman


Cyril Neyrat é crítico, programador e professor de cinema. Estudou ciências políticas e cinema e ensinou estética e História do cinema em Paris VII, Paris III e na escola de arte e design de Genève. Foi editor e membro do comité de redação das revistas francesas Vertigo e Cahiers du Cinéma e dirigiu as edições Independencia. Como programador, trabalhou com festivais de cinema como o FID Marseille e a Viennale e, nos últimos anos, tem colaborado com a Cinemateca, tendo apresentado em 2015 uma edição das “Histórias do Cinema” dedicada a Jean-Luc Godard, e esteve ligado ao programa “O Cinema à Volta de Cinco Artes, Cinco Artes à Volta do Cinema”, no contexto do Festival Temps d’Images, acompanhando várias das suas edições. É autor de uma monografia sobre François Truffaut (ed. Cahiers du cinéma), de livros de entrevistas com Pedro Costa (publicado em português pela Orfeu Negro e a Midas Filmes), Miguel Gomes, Jean-Claude Rousseau, Albert Serra (ed. Capricci) ou Pierre Creton (ed. Independencia), para além de inúmeros textos publicados em obras coletivas e catálogos. Dirigiu, com Philippe Lafosse, a edição dos escritos de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet (ed. Independencia). Tem estudado particularmente as obras de Carmelo Bene, Jean-Daniel Pollet, Pier Paolo Pasolini e Jean-Luc Godard. Prepara atualmente um livro sobre Chantal Akerman.
Autora de uma singularíssima obra, cujo primeiro filme remonta a 1968 e o último a 2015, Chantal Akerman (1950-2015) apresenta um trabalho profundamente original, tanto ao nível da experimentação com as formas narrativas, como do rigor que colocou na observação da realidade, que combinou frequentemente com a ficção. Explorando os mais variados géneros cinematográficos e cruzando permanentemente fronteiras ao longo de mais de cinco décadas, a obra de Akerman atravessa múltiplos territórios para combinar uma reflexão sobre biografia da própria cineasta com uma interrogação sobre o mundo e a sua História (em particular a História do povo judaico e dos excluídos e dos exilados), mas também sobre a História do cinema. Os filmes de Akerman têm sido mostrados regularmente na Cinemateca que, recentemente, numa homenagem póstuma realizada em 2016, mostrou sete dos seus filmes em “Cinco Noites Chantal Akerman” e que em 2012, em colaboração com o Doclisboa, organizou uma retrospetiva integral da sua obra realizada até à data, que contou com a presença de Akerman.
Nas sessões-conferência das “Histórias do Cinema” Cyril Neyrat escolheu apresentar alguns filmes mais raros da cineasta que conjugou com outros e que foram distribuídos por cinco sessões (duas delas com dois filmes), apontando assim para um percurso denso pela obra de Akerman que, ao longo da semana de projeções e encontros, se traduzirá numa experiência cumulativa.
 
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Cyril Neyrat em inglês
 
 
INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 26 de junho e 1 de julho, apenas na bilheteira local. Os lugares que não tenham sido vendidos são depois disponibilizados através do sistema de venda tanto na bilheteira local como na Internet (cinemateca.bol.pt) e rede de pontos de venda associados e de acordo com o preço específico destas sessões (Geral: € 5; Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
 
 
03/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman

La Chambre | Chantal Akerman par Chantal Akerman
duração total da projeção: 74 min | M/12
 
04/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman

Les Rendez-Vous d’Anna
de Chantal Akerman
França, Bélgica, Alemanha, 1978 - 127 min
05/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman

Toute Une Nuit
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 1982 - 90 min
06/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman

Sud | Histoires d’Amérique: Food, Family and Philosophy
duração total da projeção: 162 min | M/12
07/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman

No Home Movie
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 2015 - 115 min
03/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman
La Chambre | Chantal Akerman par Chantal Akerman
duração total da projeção: 74 min | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Cyril Neyrat em inglês
LA CHAMBRE
de Chantal Akerman
com Chantal Akerman
Bélgica, 1972 – 11 min / mudo, sem diálogos
CHANTAL AKERMAN PAR CHANTAL AKERMAN
de Chantal Akerman
com Chantal Akerman
França, 1996 – 63 min / legendado eletronicamente em português

Em LA CHAMBRE, rodado em Nova Iorque “sob a influência” da descoberta de Michael Snow (LA RÉGION CENTRALE, 1971), Chantal Akerman filma-se num singular autorretrato no decurso de longa e lenta panorâmica que percorre repetidamente o espaço de uma divisão, descrevendo-a. Às influências do cinema estrutural soma-se ainda o encontro com Babette Mangolte, que assinará a fotografia de LA CHAMBRE e dos filmes seguintes realizados por Akerman nos anos setenta nos Estados Unidos, como HOTEL MONTEREY e NEWS FROM HOME. Produzido para a série Cinéma, de Notre Temps, CHANTAL AKERMAN PAR CHANTAL AKERMAN é um autorretrato assumido, com a cineasta dos dois lados da câmara a usar excertos dos filmes precedentes para documentar o seu próprio trabalho, resguardando uma dimensão de ficção. Um filme que assim nos permite uma viagem guiada por quem através das imagens sempre refletiu sobre a sua relação com as imagens.
 
04/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman
Les Rendez-Vous d’Anna
de Chantal Akerman
com Aurore Clément, Helmut Griem, Magali Nöel, Hans Zieschler, Lea Massari
França, Bélgica, Alemanha, 1978 - 127 min
legendado em espanhol | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Cyril Neyrat em inglês
Um filme errante e melancólico que trata da dificuldade de integração num lugar e numa época. Na Europa de finais da década de setenta, Anna viaja de cidade em cidade para apresentar um filme seu. A viagem é marcada por diversos encontros. A protagonista, Aurore Clément, é uma espécie de “alter-ego” de Chantal e uma das presenças mais recorrentes no seu cinema.
 
05/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman
Toute Une Nuit
de Chantal Akerman
com Aurore Clément, Samy Szlingerbaum, Natalia Akerman, Simon Zalewski
Bélgica, França, 1982 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Cyril Neyrat em inglês
TOUTE UNE NUIT segue um conjunto de indivíduos e de casais no desenrolar dos seus encontros e desencontros no calor de uma sufocante noite de verão pelas ruas, bares e quartos da cidade de Bruxelas. Como numa dança, os corpos aproximam-se e afastam-se numa verdadeira coreografia de gestos motivada pelo desejo. Através de uma narrativa ficcional fragmentada e de diálogos minimais, Akerman aborda assim alguns dos mais importantes aspetos das relações humanas: a paixão, o humor, a rejeição. Um filme pouco visto da cineasta.
 
06/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman
Sud | Histoires d’Amérique: Food, Family and Philosophy
duração total da projeção: 162 min | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Cyril Neyrat em inglês
SUD
de Chantal Akerman
França, Bélgica, 1999 – 70 min / legendado eletronicamente em português
HISTOIRES D’AMÉRIQUE: FOOD, FAMILY AND PHILOSOPHY
de Chantal Akerman
com Maurice Brenner, Carl Doztern, David Buntzman, Judith Malina, Eszter Balint
França, Bélgica 1988 – 92 min / legendado eletronicamente em português

Inspirada pelos escritos de William Faulkner, Akerman propôs-se realizar um documentário sobre a beleza do Sul dos Estados Unidos, mas a sua viagem é assombrada pelo violento homicídio de James Byrd Jr., que ocorreu em Jasper, uma pequena cidade do Texas. Não se tratando da autópsia de um linchamento racista, o filme procura sobretudo inquirir como o acontecimento se inscreve numa determinada paisagem mental e física. HISTOIRES D’AMÉRIQUE é um filme raro e uma narrativa informal da vida judaica no último século. Ligando identidade cultural ao contar de histórias, Akerman explora motivos recorrentes na sua obra como a imigração, o exílio, a família, a filosofia e o holocausto. Um filme exemplar no modo como revela como a obra de Akerman atravessa fronteiras, cruzando a sua história pessoal com do mundo. Sendo esta sessão composta por duas longas-metragens, cada um dos filmes terá a sua própria introdução e discussão antes e depois da respetiva projeção.
 
07/07/2017, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Cyril Neyrat / Chantal Akerman
No Home Movie
de Chantal Akerman
Bélgica, França, 2015 - 115 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Cyril Neyrat em inglês
De uma profunda delicadeza e generosidade, NO HOME MOVIE é simultaneamente um diário, um aceno, uma despedida, uma visita repleta de entrelinhas confessionais. “Este filme é acima de tudo sobre a minha mãe, a minha mãe que já não se encontra entre nós. Sobre essa mulher que chegou à Bélgica em 1938, em fuga da Polónia, dos pogroms e da violência. Essa mulher que é sempre apenas vista dentro do seu apartamento. Um apartamento em Bruxelas. Um filme acerca de um mundo em movimento que a minha mãe não vê.” Belíssimo, NO HOME MOVIE seria o último filme de Chantal Akerman, que afirmou que a mãe, Natalia, era o centro da sua obra.