CICLO
In Memoriam Baptista-Bastos


Baptista-Bastos (1933-2017), jornalista, cronista e escritor sobejamente conhecido, cruzou-se cedo com o cinema quando assinou a coluna de crítica “Comentário de Cinema” n’ O Século Ilustrado, de que foi subchefe de redação aos 19 anos. A sua cumplicidade lisboeta com Fernando Lopes, com quem colaborou na RTP e de quem era amigo chegado, confunde-se no entanto com as suas incursões no cinema português. Sobre ela, escreveu o próprio em 1996 para o catálogo da Cinemateca Fernando Lopes por Cá, “Dissertação sobre o Ofício da Amizade”. Vale a pena lê-lo, sobre a amizade, o cinema, a experiência de BELARMINO, em que Lopes o filmou a entrevistar Belarmino Fragoso. “[…] O nosso ‘gentleman’s agreement’ não exigia total aceitação das ideias de cada qual; mas implicava, pelo menos, a sua compreensão e discussão. Deixando-se de compreender e de discutir, a validade da união tornava-se ambígua e inútil por insubstancial. Éramos quantos? Fomos todos. [….]” É com BELARMINO e AS PALAVRAS E OS FIOS que evocamos Baptista-Bastos.
 
 
12/07/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Baptista-Bastos

As Palavras e os Fios | Belarmino
duração total da projeção 84 min | M/12
 
12/07/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Baptista-Bastos
As Palavras e os Fios | Belarmino
duração total da projeção 84 min | M/12
Intervenções de Fernando Matos Silva, Manuel Jorge Veloso e José Manuel Costa
AS PALAVRAS E OS FIOS
de Fernando Lopes
Portugal, 1962 – 12 min
BELARMINO
de Fernando Lopes
com Belarmino Fragoso, Albano Martins, Júlia Buisel
Portugal, 1964 – 72 min

É um dos filmes chave do Cinema Novo Português, produzido por António da Cunha Telles com uma equipa pequena de jovens iniciados e baixo orçamento pouco depois de OS VERDES ANOS de Paulo Rocha. BELARMINO capta uma Lisboa noturna e marginal como até então ninguém a tinha filmado. Utilizando métodos semelhantes aos do cinema direto, Fernando Lopes segue Belarmino Fragoso, um pugilista, e através dele mostra os sinais de uma cidade (e de um país) à beira do sufoco. “BELARMINO é o nosso ‘filme negro’, o nosso filme de guerra, de gangsters ou de aventuras: fala da solidão e do medo. Fala de algo universal e por isso resiste” (José Manuel Costa). A abrir a sessão, a curta-metragem AS PALAVRAS E OS FIOS revela uma óbvia inspiração na exploração do movimento e da cor, com o jazz de Manuel Jorge Veloso na banda musical, como em BELARMINO, e o comentário de Baptista-Bastos, colaborador essencial de Lopes na sua primeira longa-metragem.